"As portas do inferno abrir-se-ão". Ministro israelita da Defesa ameaça destruir cidade de Gaza
EPA/MOHAMMED SABER

"As portas do inferno abrir-se-ão". Ministro israelita da Defesa ameaça destruir cidade de Gaza

Declarações surgem no mesmo dia em que a ONU declara fome em Gaza na primeira situação do género na região. Uma situação rejeitada por Israel.
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O ministro israelita da Defesa advertiu esta sexta-feira, 22 de agosto, que a cidade de Gaza poderá ser destruída, a menos que o Hamas aceite os termos de Israel, enquanto o país se prepara para uma ofensiva ampliada na área.

Um dia depois de o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ter dito que autorizaria as forças armadas a tomar a cidade de Gaza, o ministro da Defesa Israel Katz advertiu que a maior cidade do enclave poderá “transformar-se em Rafah e Beit Hanoun”, áreas reduzidas a escombros no início da guerra.

“As portas do inferno abrir-se-ão sobre as cabeças dos assassinos e violadores do Hamas em Gaza — até que concordem com as condições de Israel para acabar a guerra”, escreveu Katz numa publicação na rede social X.

O ministro reafirmou ainda as exigências de cessar-fogo impostas por Israel: libertação de todos os reféns e desarmamento completo do Hamas.

O Hamas disse que libertaria os reféns em troca do fim da guerra, mas rejeitou o desarmamento sem a criação de um Estado palestino.

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Fome em Gaza

Entretanto, a ONU declarou fome na cidade de Gaza, estimando que 500 mil pessoas enfrentam a situação “catastrófica”, caracterizadas por fome extrema, miséria e risco elevado de morte.

O Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC, sigla em inglês), um organismo da ONU com sede em Roma, confirmou que uma situação de fome estava em curso em Gaza e que deverá estender-se a Deir el-Balah e Khan Yunis até ao final de setembro.

Uma situação rejeitada por Israel, que considera que a ONU se baseou “nas mentiras do Hamas”, o grupo extremista palestiniano que controla a Faixa de Gaza.

“Não há fome em Gaza”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita num comunicado.

Ataques israelita fizeram 37 mortos em Gaza nas últimas horas

Também esta sexta-feira, o exército israelita matou, pelo menos, 37 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria na cidade de Gaza, onde continuam os bombardeamentos e as demolições, de acordo com fontes médicas palestinianas.

Segundo as mesmas fontes, citadas pela agência de notícias espanhola EFE, pelo menos 19 pessoas foram mortas na cidade de Gaza, norte do enclave, durante a madrugada de hoje.

Doze dessas mortes ocorreram durante um ataque de artilharia contra ao edifício da escola Amr Ibn Al As e arredores.

Entre as vítimas na cidade de Gaza estava uma família, com três filhos, que foi morta quando a tenda em que se abrigava foi bombardeada.

Outras 12 pessoas foram mortas durante a noite em ataques que atingiram o campo de refugiados de Al Shati.

No Sul, em Khan Younis, cinco pessoas foram mortas no Hospital Nasser quando as forças israelitas dispararam contra civis que aguardavam a distribuição de ajuda humanitária.

Israel mantém o bombardeamento contra zonas do leste e do sul da cidade de Gaza, particularmente no bairro de Zeitun, causando vítimas civis.

A nova operação terrestre de Israel pode começar dentro de alguns dias.

Desde o dia 8 de agosto, mais de 50 estruturas residenciais foram atacadas na capital do enclave, provocando a morte de 87 palestinianos, segundo dados da Agência das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

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