O facto de a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro não ter gerado inssurreições e grandes protestos no Brasil mostra que "as pessoas entenderam que as condenações por tentativa de golpe foram legítimas". A declaração é Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que está em Lisboa para participar do fórum Futuro da Tributação, promovida pelo Fórum de Integração Brasil Europa (FIBE).O ministro conversou com jornalistas após a abertura do evento. Na visão de Gilmar Mendes, o resultado do julgamento "se lastreou em dados muito consistentes da Polícia Federal da Procuradoria Geral da República". Sobre o apoio da sociedade, citou que existem sondagens que mostram o apoio dos brasileiros e brasileiras na decisão. "É claro que o julgamento não se baseou nisso, mas, se vamos falar de apoio popular, também tem seu valor", pontuou. Outras sondagens citadas pelo ministro são a de repúdio à amnistia dos condenados.Na avaliação do ministro, o Brasil vive um ano de "eleição antecipada", com discussões dos nomes que vão estar na corrida eleitoral de 2026 à presidência. "Quando um candidato que eventualmente poderia estar com seu nome nas urnas também é afetado por medidas, seja restritivas, seja de inelegibilidade, também isso provoca discussões. Então, é preciso que a gente olhe nesse contexto. Mas não houve repercussão que levasse as pessoas às ruas", exemplifica, em referência a Jair Bolsonaro, que já estava inelegível por outro processo.Sobre o fórum, que decorre até esta sexta-feira, 02 de outubro, em Lisboa, citou que as discussões são relevantes. O ministro destacou o impacto da Inteligência Artificial (IA) nas relações laborais e nas contribuições para a Segurança Social. "Acho que vai ser extremamente proveitoso esse debate, inclusive como subsídios para eventuais decisões que venhamos a adotar também no Brasil", disse.No Brasil, o STF começou esta semana a discutir a relação laboral entre motoristas TVDEs e as empresas, como a Uber. Em Portugal, já existem decisões de reconhecimento entre trabalhadores e as empresas.amanda.lima@dn.pt.Romeu Zema: “O Governo Lula usa a estrutura de poder para perseguir inimigos”.Caetano, Chico e Gil juntos 57 anos depois contra amnistia a Bolsonaro.Gilmar Mendes: "O Chega deve estar contaminado pela luta política do Brasil"