Os antigos primeiros-ministros da Finlândia, Esko Aho, Itrália, Matteo Renzi, e Áustria, Christian Kern, renunciaram a cargos em conselhos de administração de empresas russas, na sequência da ofensiva militar lançada esta madrugada em território da Ucrânia..Esko Aho, primeiro-ministro da Finlândia entre 1991 e 1995, que fez parte do conselho de administração de um dos principais bancos russos, o Sberbank, afirmou ao jornal Ilta-Sanomat: "Não preciso protestar contra o banco. Mas trabalhar depois do ataque tornou-se impossível para mim"..Em declarações a outro jornal diário, o Helsingin Sanomat, Esko Aho disse que, nas últimas semanas, perdeu "completamente a confiança" na sua "capacidade de entender a lógica do que a Rússia está a fazer neste momento", referindo-se à ofensiva militar lançada esta madrugada com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades ucranianas..O ex-chefe do governo italiano Matteo Renzi (2014-2016) fez parte do conselho de administração da Delimobil, uma das maiores empresas russas de partilha de carros, criada em Moscovo por um empresário italiano, mas "renunciou esta manhã", disse o porta-voz à AFP, confirmando as notícias da imprensa..A Áustria, país neutro e tradicional amigo do Kremlin, tem três ex-chanceleres e dois ex-ministros que tiveram ou ainda têm interesses financeiros em empresas russas..O ex-chefe de governo de esquerda Christian Kern (2016-2017) confirmou quinta-feira à AFP que estava a deixar o conselho de supervisão das ferrovias estatais russas, explicando que os últimos desenvolvimentos na Ucrânia tornaram essa decisão inevitável..Mas nem todos renunciaram, pelo menos imediatamente, nomeadamente o ex-chanceler alemão Gerhard Schröder, próximo do presidente russo Vladimir Putin e do complexo energético russo..Schröder, à frente do governo alemão entre 1998 a 2005, é o presidente do conselho de administração da Rosneft, o primeiro grupo petrolífero russo, e do comité de acionistas da Nord Stream 2, empresa do gasoduto de gás russo-alemão, suspenso segunda-feira pela Alemanha, e em junho prevê-se que se junte ao conselho de supervisão da gigante russa Gazprom..Também não é conhecida nenhuma renúncia do ex-primeiro-ministro francês François Fillon, que em dezembro integrou o conselho de administração da gigante petroquímica russa Sibur, controlada entre outros por Leonid Mikhelson, um dos homens mais ricos da Rússia, e Gennady Timchenko, um associado próximo do presidente Putin e alvo de recentes sanções do Reino Unido..O ex-chanceler austríaco Wolfgang Schüssel, que integra o conselho de administração do grupo petrolífero russo Lukoil, informou à TV pública ORF que a Lukoil estava listada na Bolsa de Valores de Londres e que não se tratava de uma empresa não pública, justificando que não seria necessário, segundo ele, renunciar..A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, em várias cidades, argumentando Vladimir Putin que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho.