Ajuda militar à Ucrânia cai a pique apesar do novo plano da NATO
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Ajuda militar à Ucrânia cai a pique apesar do novo plano da NATO

Apoio dos países europeus caiu 57% em julho e agosto quando comparado com o período entre janeiro e junho, segundo dados do Instituto Kiel.
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A ajuda militar à Ucrânia sofreu um declínio acentuado em julho e agosto, apesar da introdução da iniciativa Lista de Requisitos Priorizados para a Ucrânia (PURL) da NATO. Em contrapartida, a ajuda financeira e humanitária tem-se mantido estável e é prestada principalmente por instituições da União Europeia, de acordo com os números mais recentes do Ukraine Support Tracker do Instituto Kiel para a Economia Mundial, conhecidos esta terça-feira, 14 de outubro. 

A maior parte da ajuda militar nestes dois meses veio da nova iniciativa PURL da NATO, acordada em julho entre o secretário-geral da Aliança, Mark Rutte, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e que permite à NATO adquirir armas "prontas a usar" dos stocks americanos para a Ucrânia, financiadas por outros Estados-membros. De referir que, até agosto, esta iniciativa contou com a participação de oito países - Bélgica, Canadá, Dinamarca, Alemanha, Letónia, Países Baixos, Noruega e Suécia – que investiram um total de 1,9 mil milhões de euros.

Mesmo assim, a ajuda militar à Ucrânia diminuiu significativamente nos meses de julho e agosto, após um aumento no início do ano graças à intervenção dos países europeus (que além dos 27, inclui Reino Unido, Noruega, Islândia e Suíça), depois dos Estados Unidos, com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, terem deixado de anunciar novos pacotes de ajuda - como resultado, a média mensal de alocações de ajuda militar no primeiro semestre de 2025 superou a de 2022 a 2024, apesar da ausência de contribuições americanas. 

No entanto, este impulso colapsou no verão, referem os dados do Instituto Kiel, com as alocações militares dos países europeus a caírem 57% em comparação com o período entre janeiro e junho, mesmo incluindo as suas contribuições para a iniciativa PURL da NATO. A média mensal de toda a ajuda militar durante este período ficou, portanto, 43% abaixo do nível do primeiro semestre de 2025, nota ainda o think tank alemão. 

“Uma vez que o apoio militar à Ucrânia depende cada vez mais da aquisição de novas armas, o que muitas vezes leva meses ou mesmo anos a ser implementado, a iniciativa PURL da NATO é um veículo importante para fornecer à Ucrânia armas prontas a usar a partir dos stocks dos EUA”, afirma Christoph Trebesch, chefe do Ukraine Support Tracker e diretor de investigação do Instituto de Kiel. “Ao mesmo tempo, o declínio da ajuda militar em julho e agosto é surpreendente. Apesar da iniciativa PURL da NATO, a Europa está a reduzir o seu apoio militar geral. O que será crucial agora é a evolução dos números no outono.”

Este declínio não se verifica no capítulo da ajuda civil. Entre julho e agosto foram atribuídos 7,5 mil milhões de euros em ajuda financeira e humanitária, em linha com os anos anteriores e o primeiro semestre deste ano. Dos novos fundos atribuídos, 86% são provenientes de instituições da União Europeia, incluindo novas tranches do Mecanismo para a Ucrânia (5,4 mil milhões de euros) e do Mecanismo de Empréstimos ERA (Empréstimos de Utilização Acelerada de Receitas Extraordinárias), no valor de mil  milhões de euros.

“O nível geral de apoio financeiro e humanitário manteve-se relativamente estável, mesmo na ausência de contribuições dos EUA”, observou o mesmo responsável do Kiel, acrescentando que “é agora crucial que esta estabilidade se estenda também ao apoio militar, uma vez que a Ucrânia depende dele para sustentar os seus esforços de defesa em terra.”

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