A Rússia mostrou esta segunda-feira, 13 de outubro, “extrema preocupação” face à possibilidade da Casa Branca fornecer Tomahawks para ajudar a Ucrânia, depois de Donald Trump ter dito no domingo que pode oferecer estes mísseis de cruzeiro de longo alcance a Kiev se o presidente russo, Vladimir Putin, não acabar com a guerra. “Este é realmente um momento muito dramático em termos do facto de as tensões estarem a aumentar de todos os lados”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Mais radical, o antigo presidente russo Dmitry Medvedev disse esta segunda-feira também que o fornecimento de Tomahawks dos Estados Unidos à Ucrânia pode acabar mal para todos, especialmente para o líder norte-americano. “Como é que a Rússia deveria responder? Exatamente!”, escreveu no Telegram, insinuando a possibilidade de uma resposta nuclear da parte de Moscovo. “Só podemos esperar que esta seja mais uma ameaça vazia... Como enviar submarinos nucleares para mais perto da Rússia”, prosseguiu Medvedev, referindo-se a uma declaração feita por Trump em agosto.No início do mês, Vladimir Putin já havia dito que seria impossível o uso de Tomahawks por Kiev sem a participação direta de militares norte-americanos e, por isso, qualquer fornecimento destes mísseis à Ucrânia desencadearia um “estágio qualitativamente novo de escalada”. “Vemos e ouvimos que a Rússia teme que os americanos nos forneçam Tomahawks, que este tipo de pressão possa resultar em paz”, disse o presidente ucraniano no domingo à noite em entrevista à Fox News.Volodymyr Zelensky anunciou esta segunda-feira que se irá encontrar na Casa Branca na sexta-feira com Donald Trump, depois de os dois presidentes terem falado ao telefone por duas vezes durante o fim de semana para discutir as defesas aéreas ucranianas e as suas capacidades de longo alcance após a escalada dos ataques russos. Ou seja, entre outras coisas, o envio de Tomahawks para Kiev. De acordo com o presidente ucraniano, estes mísseis de longo alcance poderão ser financiados através do próximo “Mega Negócio” com os EUA, por ativos russos congelados ou pelo esquema da Lista de Requisitos Prioritários para a Ucrânia (PURL) liderado pela NATO. Ao mesmo tempo, uma delegação ucraniana, liderada pela primeira-ministra Yulia Svyrydenko, está também a caminho de Washington para conversações sobre o reforço da defesa e da resiliência energética de Kiev, mas também a imposição de sanções a Moscovo.Donald Trump explicou esta segunda-feira, na sua viagem para Israel, que os EUA não venderiam mísseis diretamente à Ucrânia, mas sim à NATO, que depois os ofereceria aos ucranianos, o que indica que o presidente norte-americano prefere a opção do PURL. “Sim, poderia dizer-lhe a ele [Putin] que, se a guerra não for resolvida, podemos muito bem fazê-lo”, afirmou ainda. “Podemos não o fazer, mas podemos fazê-lo. ... Será que querem que os Tomahawks avancem na sua direção? Acho que não.”Uma coisa parece certa, agora que Trump parece ter conseguido um acordo entre Israel e o Hamas, a atenção do presidente dos EUA irá voltar-se para o conflito na Ucrânia. “Seria ótimo se pudéssemos fechar um acordo de paz com [o Irão]... Primeiro, precisamos de resolver a questão da Rússia”, disse ontem Trump no seu discurso no Parlamento israelita. “Vamos concentrar-nos primeiro na Rússia”..UE em Kiev para apoiar Ucrânia com empréstimo baseado em ativos russos congelados