Aeurodeputada Carla Tavares, eleita pela primeira vez para o Parlamento Europeu neste ano, vai ser a candidata de consenso à presidência da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, apurou o DN junto de várias fontes socialistas..As eleições intercalares, marcadas para 10 de janeiro de 2025, devem-se à demissão de Ricardo Leão, presidente da Câmara de Loures, que surgiu após a publicação de um artigo (coassinado pelo antigo primeiro-ministro e secretário-geral socialista António Costa) em que o autarca foi acusado de ofender “gravemente os valores, a identidade e a cultura do PS” ao defender despejos, “sem dó, nem piedade”, de titulares de habitação social envolvidos em tumultos..Com o afastamento de Ricardo Leão (liderava a estrutura interna do PS desde o final de setembro), um dos maiores críticos das suas declarações - e da aprovação pelo PS de uma proposta do vereador do Chega nesse sentido -, o professor universitário e comentador televisivo Miguel Prata Roque, que foi secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros no primeiro Governo de António Costa, lançou a sua candidatura à presidência da FAUL. E está desde então a fazer campanha, perfilando-se contra alternativas vistas como sendo de continuidade, como o ex-presidente da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, Filipe Santos Costa, e Pedro Pinto de Jesus, que voltou a assumir interinamente a condução da federação lisboeta, após ter completado o mandato de Duarte Cordeiro, que se afastou da vida partidária..A candidatura de Pedro Pinto de Jesus, quadro da EPAL que é um dirigente próximo do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, era tida como iminente, embora o prazo para apresentar o seu nome - em eleições intercalares marcadas apenas para eleger quem ocupará o lugar de Ricardo Leão - só termine a 27 de dezembro..No entanto, ao que o DN apurou, vários fatores contribuíram para a candidatura de consenso de Carla Tavares, que cumpre os primeiros meses de cinco anos no Parlamento Europeu. Em primeiro lugar, ter estado à frente de uma das principais autarquias da FAUL, pois foi presidente da Câmara da Amadora de 2013 a 2024, não chegando a levar ao fim o terceiro mandato. Mas também ter mais notoriedade do que Pedro Pinto de Jesus ou até o facto de a sua provável eleição - tem forte apoio em várias das principais concelhias na parte da Área Metropolitana de Lisboa a norte do Tejo - permitir que os socialistas deixem de ter apenas homens à frente das federações distritais. Assim passou a acontecer em setembro, com a saída de Berta Nunes, que liderava em Bragança..No entanto, fontes socialistas ouvidas pelo DN apontam motivos mais pragmáticos para Carla Tavares avançar. Desde logo, a preocupação de altos dirigentes com “confusões internas”, e choques entre a atual e a anterior liderança do PS - como o artigo, de José Leitão, Pedro Silva Pereira e António Costa, que apontou “calcu- lismo taticista” a Pedro Nuno Santos, por “desvalorizar” as palavras de Ricardo Leão -, vendo a aposta numa figura mais consensual como “uma tentativa de não dar trunfos à oposição” e “numa lógica de unidade”..Outros dirigentes socialistas, no entanto, questionam o recuo de Pedro Pinto de Jesus, por “vontade de poucos, mas influentes”, que impuseram o nome de Carla Tavares. Sobretudo quando, sob a liderança interina do dirigente, o PS foi o mais votado no distrito de Lisboa, tanto nas Legislativas, elegendo mais um deputado do que a Aliança Democrática (AD), como nas Europeias. E colocou duas figuras da FAUL (Marta Temido e a própria Carla Tavares) entre os oito eleitos do PS para o Parlamento Europeu, onde a antiga autarca deverá manter-se mesmo que seja eleita pelos militantes das 11 concelhias da federação (Lisboa, Cascais, Oeiras, Sintra, Amadora, Odivelas, Loures, Mafra, Arruda dos Vinhos, Azambuja e Vila Franca de Xira)..Seja como for, o próximo presidente da FAUL terá entre os seus maiores desafios as próximas Eleições Autárquicas, que se irão disputar em setembro ou outubro. Os principais objetivos do PS são a reconquista da Câmara de Lisboa, onde se recandidata o social-democrata Carlos Moedas - com a coligação provavelmente reforçada pela Iniciativa Liberal -, perfilando-se Mariana Vieira da Silva e Pedro Siza Vieira como hipóteses, e a manutenção da Câmara de Sintra (Basílio Horta está de saída e a AD tem expectativas de aproveitar essa ocasião)..Apesar dos contactos do DN, Carla Tavares não respondeu, até ao fecho desta edição, se confirma a apresentação da sua candidatura à FAUL.