A Fundação Dr. António Cupertino de Miranda tem sede no Porto.
A Fundação Dr. António Cupertino de Miranda tem sede no Porto. D.R.

Maria Amélia Cupertino de Miranda. “Longevidade sem equidade não é progresso”

A Fundação Dr. António Cupertino de Miranda decidiu criar um programa de literacia financeira para ajudar os mais velhos a gerir o seu dinheiro, mas também a entender a linguagem do século XXI.
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A Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, com sede no Porto, está a desenvolver um programa de educação financeira direcionado a idosos e adultos em idade ativa com baixos rendimentos e qualificações. A coesão social é o determinante da iniciativa “Eu e a minha reforma”, que já capacitou mais de seis mil pessoas nas 1050 sessões realizadas nos últimos cinco anos. “Quem vive mais tempo é quem tem saúde e conhecimento. Na fundação, qualificamos pessoas para viver mais e melhor”, sublinha Maria Amélia Cupertino de Miranda, presidente da instituição. Como defende, “a longevidade sem equidade não é progresso”. Para que haja justiça social, “é necessário formação financeira e digital”.

Como afirma, há cada vez mais pessoas idosas e esta tendência demográfica irá marcar os tempos futuros. “É uma realidade instalada em Portugal e no mundo” e “está a redefinir a estrutura da sociedade”, diz. “As empresas vão ter de integrar equipas multigeracionais, valorizar a experiência dos mais velhos” e “criar carreiras não lineares, como o trabalho a meio tempo”. O Estado também vai ter que “repensar as reformas, que têm de ir ao encontro do maior número de anos que vamos viver”, considera. Já os mais velhos têm de estar sensibilizados que “são um ativo se souberem atualizar os conhecimentos”.

O programa “Eu e a minha reforma” surge “para dar resposta ao défice de literacia”, um problema reconhecido em vários inquéritos a esta população, diz. Portugal é o terceiro país mais envelhecido da Europa e o 4.º do mundo. Cerca de 20% dos reformados são muito pobres, contextualiza. Estas dificuldades são acompanhadas por iliteracias financeiras e digitais. “Só 26% usam a internet e 44% acederam à internet em algum momento, mas desconhece-se em que contexto”. É neste quadro que a fundação decide investir na capacidade desta população mais frágil.

No “Eu a minha reforma”, são abordadas temáticas ligadas ao dia a dia dos cidadãos: planeamento e gestão do orçamento, poupança, crédito e endividamento, seguros, impostos. São explicados os direitos e deveres dos consumidores, assim como os cuidados a ter para prevenir fraudes. Também há lugar para esclarecer os produtos financeiros e, em sintonia com a atual era tecnológica, são dadas ferramentas de capacitação digital.

Nas sessões são abordadas as novas linguagens financeiras. O que significa homebanking, contactless, o que é uma conta de serviços mínimos bancários e quem a pode requerer, são alguns exemplos. Questões como as fraudes via SMS e investimentos em criptomoedas são também abordadas. Para Maria Amélia Cupertino de Miranda, estas ações evitam a exclusão dos mais velhos da sociedade, que chegam a estas formações por indicação das câmaras municipais e juntas de freguesia, e ainda pelas campanhas que a instituição promove nas redes sociais.

“Não conheço melhor elevador social do que  a educação”, diz a presidente da fundação.
“Não conheço melhor elevador social do que a educação”, diz a presidente da fundação. D.R.

Neste caminho de educação financeira, a fundação ganhou parceiros de relevo. Como aponta a sobrinha-neta do banqueiro António Cupertino de Miranda (esteve na origem da criação do extinto Banco Português do Atlântico), o Banco de Portugal, a Associação Portuguesa de Seguradores, a Faculdade de Economia da Universidade do Porto, entre outras entidades, aderiram à iniciativa. Maria Amélia Cupertino de Miranda lembra que a literacia financeira é uma competência fundamental e que está reconhecida como tal no país e no mundo.

Em Portugal, o Plano Nacional de Formação Financeira e o Referencial de Educação Financeira são documentos orientadores da educação nesta matéria e tiveram o contributo da fundação. Como sublinha a responsável, a literacia financeira e o empreendedorismo estão agora consagrados na disciplina de Educação para a Cidadania.

A Fundação Dr. António Cupertino de Miranda antecipou esta necessidade do século XXI. Em 2010, lançou o programa educacional “No poupar está o ganho”, destinado a alunos do pré-escolar ao ensino secundário. Desde essa data, já apoiou a formação de mais de 115 mil crianças e jovens. Neste caminho, também lançou a ação “Por tua conta”, destinada a alunos do ensino profissional. E ainda apostou na criação do programa “Uma necessidade especial”, para pessoas com deficiência e/ou incapacidades.

Todo este plano procura ir de encontro ao pensamento de António Cupertino de Miranda e que norteou a constituição da fundação: A educação é o motor do progresso. E a sobrinha-neta também não tem dúvidas nesta matéria: “Não conheço melhor elevador social do que a educação”.

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