Costa e Marcelo a uma só voz: maio será o mês da abertura

Governo vai aprovar hoje regulamentação do novo estado de emergência - que Marcelo e Costa querem que seja o último.
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Está em curso a "operação maio". O próximo mês será aquele em que o país, de quarentena desde meados de março, poderá começar a ver serem reabertos alguns serviços: creches, pequeno comércio de bairro, escolas secundárias (para os alunos do 11.º e 12.º anos), teatros e cinemas - e agora já sem as imposições de emergência. As centrais sindicais vão poder celebrar o 1.º de Maio - mas têm de assegurar distância social.

O anúncio foi esta quinta-feira feito pelo primeiro-ministro no final do debate no Parlamento sobre mais uma (a segunda) prorrogação por duas semanas (até 2 de maio) do estado de emergência.

O decreto presidencial foi aprovado mas os votos contra aumentaram: o PCP e a deputada não inscrita Joacine Katar Moreira juntaram-se agora à Iniciativa Liberal. PEV e Chega abstiveram-se e todos os restantes votaram a favor.

E, antes de o primeiro-ministro dizer que queria que esta fosse a última prorrogação - o mesmo diria Marcelo à noite -, já o Bloco de Esquerda tinha dito que se houvesse próxima vez não votaria a favor.

"Maio será o mês para recomeçar de forma gradual a capacidade de viver em maior normalidade" mas, para já, "é fundamental dar confiança aos portugueses para saírem de casa", pelo que se procederá à massificação da oferta de máscaras e gel de proteção, disse António Costa no Parlamento. O governo prepara também normas para a higienização dos espaços públicos que poderão reabrir - também deverão abrir os serviços do Estado que servem a população.

Ou, por outras palavras, há agora um novo desafio: "Conter a pandemia com maior grau de liberdade de circulação" e "aprender a viver com o vírus", porque só dentro de um ano ou ano e meio é que poderá haver uma vacina.

António Costa detalhou no Parlamento o que desde quarta-feira já se prenunciava. Ontem de manhã foi revelado o decreto com que o PR renovou o estado de emergência e a ideia de abertura lá vinha.

No preâmbulo do decreto, o Presidente escreveu que, "em função da evolução dos dados e considerada a experiência noutros países europeus, prevê-se agora a possibilidade de futura reativação gradual, faseada, alternada e diferenciada de serviços, empresas e estabelecimentos, com eventuais aberturas com horários de funcionamento adaptados, por setores de atividade, por dimensão da empresa em termos de emprego, da área do estabelecimento comercial ou da sua localização geográfica, com a adequada monitorização".

À noite, aprovado o decreto do estado de emergência III, o Presidente fez uma comunicação ao país em que explicou as suas razões. Foram três: primeira, haver mais tempo para controlar a situação nos lares, porque "consolidar essa tarefa, em clima de contenção, ainda é imperativo; depois, "assegurar que o nosso Serviço Nacional de Saúde se encontrará em condições de responder à evolução do surto em caso de aumento progressivo de contactos sociais"; e, por último - e, "porventura, a mais relevante" -, para dar "tempo e espaço ao governo para definir critérios" para a "abertura, gradual, da sociedade e da economia, atendendo a tempo, a modo, a territórios, a áreas e a setores".

Em determinados momentos, a sua mensagem e a de Costa, à tarde, no Parlamento, quase pareceram escritas a quatro mãos. Por exemplo, quando reafirmou a "preocupação essencial" que é "criar segurança e confiança nos portugueses, para que eles possam sair de casa, ir reatando, paulatinamente, a sua vida, sem se correr o risco de passos precipitados ou contraproducentes".

Marcelo não deixou no entanto de prevenir uma espécie de euforia por antecipação que agora pode assaltar os portugueses, sabendo-se na perspetiva do começo de uma abertura.

"O cansaço e a sensação de que o pior já passou, e que a esperança desponta, tudo isso convida a facilidades tentadoras", alertou. A isso importa "resistir" para "evitar a desilusão de, por precipitações em abril, deitarmos a perder maio". Ou seja: "É verdade que bastante está a ser ganho, mas ainda nos falta porventura o mais difícil - como diz o povo, nós não queremos morrer na praia."

Hoje, sexta-feira, o Conselho de Ministros prosseguirá a reunião iniciada ontem para aprovar as medidas de regulamentação do novo estado de emergência.

Em Portugal, morreram 629 pessoas num total de 18 841 confirmadas como infetadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde. A nível global, a pandemia de covid-19 atingiu 193 países e territórios, registando-se mais de 137 mil mortos e mais de dois milhões de pessoas infetadas.

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