Exclusivo Ivo Canelas continua a fazer a sua lista de coisas maravilhosas
Agora de máscara e com algum distanciamento, o ator regressa ao monólogo Todas as Coisas Maravilhosas, de Duncan MacMillan. Um espetáculo sobre a depressão e o suicídio que ganha novas leituras depois do confinamento.

Elis, a cadelinha de 3 meses, vai com Ivo Canelas para todo o lado. "Tem sido mesmo uma coisa maravilhosa".
© Leonardo Negrão / Global Imagens
Gelado. Guerras de água. Rir com tanta força que se espirra pelo nariz. Bolachinhas no leite. Encontrar um cabeleireiro que ouve mesmo aquilo que queremos. A sensação de calma que se segue à constatação de se estar metido em sarilhos mas que já não há nada a fazer em relação a isso. Quantas coisas maravilhosas temos na nossa vida, se nos dermos ao trabalho de pararmos e desfrutarmos? E não serão essas pequenas coisas que dão sentido a isto tudo?, pergunta, entre risos e lágrimas, o protagonista do espetáculo Todas as Coisas Maravilhosas.
A poucos dias da estreia, em janeiro do ano passado, havia apenas três bilhetes vendidos. Ivo Canelas sentiu alguma ansiedade. Era a primeira vez que o ator fazia um monólogo. Além disso, fazia-o por sua conta: foi ele que adaptou o texto do britânico Duncan MacMillan, em parceria com a poetisa e tradutora Margarida Vale de Gato; foi ele que criou todo o espetáculo, apenas com assistência na encenação de Dora Bernardo; foi ele que escolheu a música de Elis Regina e as outras músicas que são essenciais para contar aquela história. E apresentava-o no Estúdio Time Out, no Mercado da Ribeira, longe das salas de teatro convencionais e dos habituais circuitos de público. Sim, a ansiedade era muita. "Então, decidimos oferecer tudo, convites para todos no primeiro dia e vamos ver o que é que acontece. E foi incrível. A partir desse dia esgotámos em non stop. O boca-a-boca foi muito forte", recorda.