Porto à frente de Lisboa na recuperação do turismo
Quebra nas reservas chega a 51% em Lisboa, em comparação com 2019. Dados mostram que os preços por noite caíram mais no Norte.

São dados animadores para os proprietários de alojamento local (AL). As reservas já estão a aumentar desde junho, apesar de ainda ficarem longe dos valores do ano passado e também antes da crise pandémica. Mas não está a ser igual para todo o país.
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As estatísticas disponibilizadas ao DN/Dinheiro Vivo pela AirDNA para os AL registados nas plataformas da AirBNB e da Vrbo para as duas principais cidades mostram uma recuperação a duas velocidades: o Porto está à frente de Lisboa, tanto em termos mensais como homólogos. Tal poderá estar relacionado com o facto de algumas freguesias da Área Metropolitana de Lisboa (AML) terem ficado mais tempo em estado de calamidade, quando o resto do país já estava em situação de alerta.
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Na cidade do Porto, as quedas mensais e homólogas foram mais suaves do que em Lisboa e a recuperação está a ser mais rápida. Em julho, por exemplo, as reservas subiram 30% em relação a junho (a queda homóloga foi de 39%). Já em Lisboa, as reservas aumentaram apenas 19% em cadeia, mas continuavam 51% abaixo de julho de 2019.
E comparando com os piores dias da pandemia, a recuperação do Porto é ainda mais visível. Por exemplo, comparando a semana iniciada a 13 de abril deste ano (577 novas reservas) com a de 17 de agosto (4061 reservas), o aumento é de 600%, quando em Lisboa a variação se fica pelos 342% (para o mesmo período considerado). Um valor muito próximo ao do conjunto do país, que registou uma subida de 334% para o mesmo período.
Preços ainda em baixa
Analisando os preços por noite, também há recuperação, mas a um ritmo muito lento. E neste caso Lisboa passa à frente. Na capital, a variação mensal em julho já foi positiva, com aumentos de 1,5% em relação a junho, mas, comparando com o mesmo mês do ano passado, ainda estão 9% abaixo.
Em julho, o preço médio por noite era de 93,32 euros, uma subida de 1,5% face ao mês anterior, mas ainda abaixo dos 102,63 euros de 2019. Já para os hotéis regista-se uma recuperação mensal de 2,4%, mas ainda uma quebra de 13,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
No Porto, a evolução mensal em julho ainda foi negativa. Registou-se uma quebra de 0,4% e ainda estão 12% abaixo em comparação com 2019.
Fuga de quartos partilhados
A pandemia parece ter mudado algumas das preferências dos clientes dos alojamentos locais em Lisboa e no Porto.
Os turistas elegem casas inteiras em vez dos quartos partilhados. Em julho, a quebra homóloga foi de 63% para este tipo de oferta tanto em Lisboa como no Porto, mas na cidade portuense a diminuição mensal ainda era de 9%.
Na capital já houve alojamentos com reservas para quartos partilhados em junho, uma subida de 13% em relação a julho.
Paulo Ribeiro Pinto é jornalista do Dinheiro Vivo