O novo sistema digital de contratação e faturação de eletricidade e gás da Galp está a falhar a emissão de várias dezenas de faturas desde que entrou em operação, em outubro. As reclamações sucedem-se no Portal da Queixa, mas também numa página do Facebook de clientes domésticos do grupo português. Há queixas de não-recebimento de faturas desde aquele mês e também da impossibilidade de fornecer as contagens na área do cliente do site da petrolífera. Há ainda consumidores confrontados com pedidos de pagamento do consumo acumulado nestes últimos dois meses. A Galp admite que a regularização do sistema informático poderá demorar mais algumas semanas. “A última fatura que recebi foi em setembro. Já apresentei reclamação junto da Galp por e-mail, telefone e no livro de reclamações eletrónico. Disseram que é um problema informático”, conta ao DN um cliente que pediu anonimato. Segundo este consumidor, que também apresentou queixa na Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), “todas as áreas de faturação e registo desapareceram” do sistema informático. “Não estão a enviar as faturas mensais, nem por estimativa, e não consigo submeter contagens”, frisa. E lembra que a Galp tem obrigação de assegurar a faturação periódica.A Lei n.º 5/2019, de 11 de janeiro, que estabelece o regime de cumprimento do dever de informação do comercializador de energia ao consumidor, diz que esse dever “é cumprido através da fatura detalhada” e que “os comercializadores devem emitir as faturas com uma periodicidade mensal, salvo acordo em contrário no interesse do consumidor”. Neste quadro legal, o referido cliente defende que a Galp “não está a respeitar a legislação”. A Galp tem de “assegurar faturação periódica, que no meu caso é mensal, e não o está a fazer”, diz.Em outubro, o grupo energético português efetuou a migração das suas plataformas de contratação e faturação para um sistema único, que integra a gestão das várias energias contratadas (eletricidade e gás natural). Um processo que considerou “um sucesso”. No entanto, passados dois meses, o sistema ainda não está totalmente operacional. “O projeto de transformação dos sistemas de faturação e de gestão do relacionamento de Cliente, pela sua dimensão e complexidade, exige um período de estabilização, normal para este tipo de operações, esperando-se a regularização do processo até ao final do ano”, justifica a Galp ao DN.Já há cerca de três semanas, o grupo, que tem como presidente do conselho de administração Paula Amorim (o rosto mais visível da família com a maior fortuna de Portugal), reconheceu que, na fase de estabilização do novo sistema digital, “ocorreram ajustes no envio de algumas faturas”, justificado pelo garante de “um processo rigoroso de qualidade e verificação”. Na ocasião, informou que “para maior comodidade, e para assegurar que qualquer alteração no ciclo de faturação não impacta o orçamento familiar, disponibilizámos também a possibilidade de fasear o pagamento sempre que necessário, sem qualquer prejuízo para os clientes”. Mas o problema na atualização dos dados dos clientes persiste. Ontem, uma cliente deu nota, no Portal da Queixa, de que a última fatura emitida pela Galp relativa a eletricidade e gás “foi no dia 21/09/2025; desde essa altura não faço ideia de quanto gastei, nem de quanto irei pagar”.Nos últimos dias, foram apresentadas várias reclamações neste canal. Outro consumidor escreve, com data de 30 de novembro (último domingo), que ainda não recebeu “as faturas de outubro e novembro correspondente ao serviço contratado de eletricidade”. E adianta: “A área de cliente não disponibiliza qualquer informação atualizada ou relevante, impossibilitando o acompanhamento e resolução bem como qualquer controlo ou validação dos consumos.” A mesma fonte diz que “o não envio de faturas pode ser considerado um incumprimento contratual”. Noutra reclamação, lê-se que a Galp fatura “dois meses de cada vez, o que torna a gestão financeira mais complicada”. Na página Galp Energia no Facebook somam-se também as mensagens de insatisfação com a atuação do grupo. .Potencial da Costa de Caparica atrai investimento francês de 10 milhões .Zalando usa inteligência artificial em português para atrair clientes