A nota relativa à qualidade da dívida soberana de Portugal, e que ajuda muito a definir os níveis de taxas de juro cobrados ao país, continua a ser boa e "equilibrada" (nível A3, o sétimo mais elevado numa escala de 20 patamares) e as perspetivas futuras de curto/médio prazo (outlook) são "estáveis", revelou a agência de ratings Moody's, esta sexta-feira à noite.No comunicado enviado aos jornais, os analistas da República referem que esta "reafirmação do rating A3 de Portugal reflete a economia competitiva e diversificada do país, bem como os níveis de vida relativamente elevados"."A forte solidez institucional e de governação também sustenta o perfil de crédito. No entanto, o rating A3 também tem em conta o endividamento elevado e a capacidade robusta de pagamento da dívida, embora ambos sejam mais fracos comparativamente a outros países com ratings semelhantes", isto apesar "das melhorias orçamentais e da dívida nos últimos anos", refere a Moody's.Este rating de A3 equivale a 14 valores na escala de 20 níveis de ratings da Moody's, que vai do máximo Aaa ao mínino C. É, portanto, o sétimo mais elevado. Desde novembro de 2023 que está estacionado neste patamar com perspetiva estável.A agência de ratings sublinha ainda que "a suscetibilidade do país a riscos de eventos é moderada", estando esta essencialmente "relacionada com riscos geopolíticos".Ainda assim, "a perspetiva estável reflete a nossa avaliação de que os riscos para o perfil de crédito de Portugal, ao nível do rating A3, estão equilibrados", explicam os avaliadores."Embora a incerteza política tenha aumentado nos últimos anos, com eleições antecipadas repetidas e fragmentação parlamentar, tornando a formulação de políticas mais complexa, esperamos que estas mudanças políticas internas não alterem significativamente a nossa perspectiva de crescimento económico robusto em torno de 2% e uma redução adicional do endividamento público ao longo do período analisado".O estudo da agência indica que "a solidez das instituições e da governação é um importante suporte ao crédito" e que esperam "que a economia portuguesa mantenha um crescimento robusto na ordem dos 2% ao ano até 2027, impulsionado pela procura interna e apoiado por fundos da União Europeia (UE)".No entanto, o ritmo de crescimento económico deve "abrandar de cerca de 2% no final da década de 2020 para cerca de 1% no final da década de 2030, uma vez que a imigração, o aumento da participação na força de trabalho e a qualificação profissional provavelmente compensarão apenas parcialmente o impacto negativo das tendências demográficas adversas".Entre os maiores riscos para o outlook estão "as tensões geopolíticas e potenciais efeitos negativos da política comercial dos Estados Unidos da América (EUA, Aa1 estável), embora a maior absorção de fundos da UE ou um aumento das despesas europeias com defesa" possam compensar pois são "um potencial positivo".A solidez orçamental de Portugal "reflete uma dívida pública relativamente elevada, mas em queda, que prevemos que desça para 89% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026 face a 94% em 2024"."Os indicadores de capacidade de pagamento da dívida apresentarão provavelmente um ligeiro agravamento, com os pagamentos de juros face à receita a subirem para uma média de 5% em 2025-2026, face a 4,8% em 2024, superando a mediana de 3,4% para os países com classificação A3", observam os analistas.Assim, no médio e longo prazo, as pressões sobre as despesas "aumentarão devido ao aumento dos custos relacionados com a idade, às exigências de aumento dos salários do setor público e à necessidade de impulsionar significativamente as despesas com defesa, para atingir a meta de 5% do PIB estabelecida pela NATO".A Moody's vinca bem que os riscos geopolíticos são "um fator determinante da nossa avaliação de suscetibilidade ao risco de eventos", mas diz que "o nosso cenário base não pressupõe um confronto militar entre a NATO e a Rússia"..Agências de ratings prevêem regresso aos défices, mas mantêm todos os elogios a Portugal