Árbitros querem mexer no regulamento disciplinar para endurecer multas em 2026/27
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Árbitros querem mexer no regulamento disciplinar para endurecer multas em 2026/27

No mesmo dia em que Luciano Gonçalves e Duarte Gomes fizeram o balanço dos casos registados nas primeiras 10 jornadas da I Liga, a APAF reuniu com a Liga Portugal para pedir aumento dos castigos.
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A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) quer endurecer os castigos e aumentar as multas para quem passar o limite da critica aceitável aos árbitros, segundo soube o DN. A posição surge após incidentes a envolver jogos de FC Porto, Sporting e Benfica, que reacenderam o debate sobre coação e respeito pela arbitragem.

No mesmo dia em que o presidente do Conselho de Arbitragem (CA), Luciano Gonçalves, e o diretor técnico para arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Duarte Gomes, fizeram o balanço dos casos registados nas primeiras 10 jornadas da I Liga, o líder da APAF, José Borges, reuniu com a Liga Portugal para entregar uma proposta de alteração ao regulamento disciplinar para a época 2026/27.

Em comunicado, Reinaldo Teixeira manifestou disponibilidade para, em conjunto com a APAF e o Conselho de Arbitragem da FPF, garantir a estabilidade necessária aos árbitros e salvaguardar a qualidade do serviço prestado às competições profissionais. O que, no entender do organismo, que representa os árbitros, pode passa por ter mão pesada contra dirigentes, treinadores e jogadores que critiquem os árbitros.

Horas antes dessa reunião, Luciano Gonçalves, assumiu que foram cometidos “erros” nas 10 primeiras jornadas da I Liga de futebol, sem especificar ou analisar que erros foram esses, garantindo que “não irão existir jarras” para castigar seja quem for. E se alguém ficar sem apitar será para ser protegido e não como punição. “Enquanto presidente do CA, jarras é para meter flores”, assegurou, recusando ceder a pressões e criticando o “ambiente criado” à volta da arbitragem tão precocemente.

Na Cidade do Futebol, em Oeiras, o presidente garantiu que “o CA será sempre, parte da solução do futebol e nunca parte do problema”, mas não admitirá ver árbitros a servir de “bodes expiatórios” para insucessos desportivos. “Imune a pressões”, Luciano Gonçalves revelou que, em janeiro, será apresentado o Plano Nacional de Arbitragem, um projeto a 12 anos que pretende “triplicar o número de árbitros” em Portugal.

Hoje há cerca de 1400 árbitros no ativo, sendo que só 24 integram o grupo de elite e apitam na I Liga.

“Ninguém rebenta com ninguém”

Luciano Gonçalves garantiu que “ninguém rebenta ninguém” no Conselho de Arbitragem, numa alusão à frase com que o diretor-desportivo do Benfica, Mário Branco, terá ameaçado o árbitro Gustavo Correia no final do jogo com o Casa Pia, segundo o relatório do juiz divulgado pelo Record.

O líder do CA defendeu ainda a postura de Gustavo Correia, que apitou o Benfica - Casa Pia (2-2), bem como a de Fábio Veríssimo, que denunciou pressões do FC Porto ao intervalo do jogo dos dragões com o Sp. Braga (2-1), da 9.º jornada do campeonato.

Sobre o polémico lance do Santa Clara-Sporting, da 10.ª jornada - árbitro assinalou erradamente um pontapé de canto e, na sequência, os leões fizeram o golo da vitória (2-1) -, nada a revelar.

Já Duarte Gomes mostrou “orgulho” pela abordagem de ambos os árbitros e garantiu que os árbitros são “responsabilizados” e “muito penalizados” por maus desempenhos, mas recusou dizer quem ou quando, não só porque há processos a decorrer, mas também porque não quer contribuir para o “ruído exterior”.

Após a 20.ª jornada da I Liga, o Conselho de Arbitragem irá dar nova conferência de Imprensa... sem revelar casos, detalhes ou erros em específico, e sempre na defesa dos árbitros. E porque considera que falar publicamente, mesmo sem especificar, é melhor do que o “cinzentismo da lei da rolha”.

VAR: 1308 clips analisados, com taxa de acerto de 97% na I Liga

Os números provam que o vídeo-árbitro (VAR) é uma “peça fundamental no apuramento da verdade desportiva”, segundo Duarte Gomes. “Em 90 jogos da I Liga, tivemos 40 intervenções. Dessas, 19 foram sobre penáltis, 16 em relação à legalidade dos golos e cinco para cartões vermelhos. Das 40, 24 foram fatuais - o árbitro não vai foi ao ecrã e acatou de imediato a decisão - e das 16 revisões em campo feitas pelo árbitro, 13 foram acatadas. Em três, o árbitro entendeu que a decisão inicial estava correta. Analisámos 1308 clips da I Liga e a taxa de acerto registada foi de 97%”, explicou o diretor técnico.

O antigo árbitro lembrou que 67% dos VAR têm menos de 50 jogos no desempenho dessa função e 30% iniciaram este ano a sua carreira VAR, mas “a partir do momento em que estão no futebol profissional, estão aptos”.

Duarte Gomes defendeu ainda que o VAR não é responsável pelo menor tempo útil de jogo registado no campeonato: “O tempo de revisão médio foi de 1,35 minutos por lance. Isto alinha com os registados no ano passado. Temos um tempo útil de jogo, à 10.ª jornada, de 53,9 minutos, mais 1 minuto em relação ao ano passado. Em contraponto, os árbitros estão a dar mais 1,3 minutos de tempo de compensação.”

isaura.almeida@dn.pt

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