Polícia Judiciária fez buscas na Federação Portuguesa de Judo
A Polícia Judiciária fez esta quinta-feira buscas sede da Federação Portuguesa de Judo, em Odivelas.
De acordo com um comunicado publicado no Facebook, aquela federação garante que em causa está "a gestão por parte do anterior presidente no período em que exerceu essa função". A entidade é agora gerida por Sérgio Pina, pelo que em causa estão o mandato do antecessor Jorge Fernandes, entre 2017 e 2022.
"A Federação Portuguesa de Judo e os seus atuais órgãos sociais estão a colaborar ativamente com as entidades competentes com o intuito de ver esclarecidas todas as questão suscitadas e, consequentemente, ser apurada a verdade", pode ler-se ainda no comunicado da Federação Portuguesa de Judo, que acrescenta que a federação, atualmente liderada por Sérgio Pina, está "a colaborar ativamente com as entidades competentes com o intuito de ver esclarecidas todas as questões suscitadas e, consequentemente, ser apurada toda a verdade".
Em causa, segundo o mandato emitido pelo DIAP de Loures a que a agência Lusa teve acesso, estarão crimes de tráfico de influência, abuso de poder e peculato, durante o período em que Jorge Fernandes foi presidente.
Sérgio Pina, que foi vice-presidente da anterior direção, órgão que não completou o seu mandato, devido a processo disciplinar do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e subsequente destituição em Assembleia Geral, em dezembro de 2022, disse à Lusa que da sede da FPJ, em Odivelas, foi levada pela PJ "documentação de contabilidade entre 2017 e 2023".
Segundo o despacho do Ministério Público, o mandado de busca e apreensão de tudo o que seja relacionado com os factos da investigação foi emitido para a sede da FPJ, mas também para mais três outros locais.
Presidente a partir de 2017, Jorge Fernandes esteve à frente de um dos períodos de maior sucesso do judo português, nomeadamente com os dois títulos mundiais e um bronze olímpico de Jorge Fonseca, bem como o 'vice-título' mundial de Bárbara Timo.
O dirigente conimbricense não resistiu, porém, a um litígio com vários judocas de topo, entre os quais Telma Monteiro, e acabou alvo de um processo disciplinar do IPDJ, por alegado favorecimento do filho, à época integrado como funcionário da federação.
Nas conclusões do inquérito, o IPDJ determinou a perda de mandato de Jorge Fernandes, por entender que a direção da FPJ infringiu o artigo 51.º do Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD), que configura a perda de mandato de titulares de órgãos federativos, por inelegibilidade, incompatibilidade ou por terem intervenção em contrato no qual tenham interesse.
Após a queda de Jorge Fernandes, Sérgio Pina foi eleito em abril de 2023 para o remanescente do mandato, até ao final do ciclo olímpico Paris2024, e, em outubro de 2024 foi reeleito, num sufrágio em que Jorge Fernandes se candidatou, sem sucesso.
Com Lusa