FPF instaura processo disciplinar ao FC Porto por alegada pressão a Fábio Veríssimo
Miguel Pereira/Global Imagens

FPF instaura processo disciplinar ao FC Porto por alegada pressão a Fábio Veríssimo

Instauração de "processo disciplinar à FC Porto–Futebol SAD" acontece "no seguimento das informações constantes no relatório de árbitro e no relatório de delegado da Liga", informa a FPF.
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O Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) instaurou esta terça-feira, 4 de novembro, um processo disciplinar ao FC Porto pela alegada pressão exercida sobre o árbitro Fábio Veríssimo, na receção dos 'dragões' ao Sporting de Braga, no domingo.

Em comunicado, o CD da FPF deu conta da "instauração de processo disciplinar à FC Porto–Futebol SAD, por deliberação da secção profissional (...) no seguimento das informações constantes no relatório de árbitro e no relatório de delegado da Liga", dando conta do envio do processo para a Comissão de Instrutores da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

Em causa está uma alegada tentativa de pressão, descrita no relatório do árbitro do jogo entre FC Porto e Sporting de Braga, ao ‘juiz’ da Associação de Futebol de Leiria, durante o intervalo do encontro da 10.ª jornada da I Liga, que terminou com a vitória dos ‘dragões’ (2-1), no domingo.

Na segunda-feira, o Benfica exigiu “que a Liga, o Conselho de Arbitragem e o Conselho de Disciplina atuem com urgência em face das informações tornadas públicas sobre uma grave coação ao árbitro da partida FC Porto–Sporting de Braga”.

Face à “gravidade dos acontecimentos reportados”, os ‘encarnados’ pedem “uma reação rápida das autoridades competentes e uma clarificação quanto aos desenvolvimentos deste episódio que em nada dignifica e credibiliza o futebol português, pelo que é imperativo que haja consequências exemplares”.

FPF instaura processo disciplinar ao FC Porto por alegada pressão a Fábio Veríssimo
Fábio Veríssimo denuncia tentativa de pressão por parte do FC Porto ao intervalo do jogo com o Sp. Braga

Já hoje, o Sporting anunciou a apresentação de uma queixa ao CD da FPF, para “apuramento da verdade”, depois de Veríssimo se ter sentido pressionado no referido jogo.

“O Sporting considera absolutamente inaceitável qualquer tentativa, direta ou indireta, de condicionar, influenciar ou pressionar árbitros ou outros agentes desportivos. Situações desta natureza mancham a credibilidade das competições e são um claro retrocesso no futebol português”, pode ler-se no comunicado divulgado pelo bicampeão nacional.

Perante esta situação, em que Fábio Veríssimo se deparou com um televisor a passar repetidamente, sem que o dispositivo pudesse ser desligado, alguns lances do primeiro tempo, o Sporting quer que sejam “apuradas todas as responsabilidades e aplicadas sanções”.

“O Sporting exige que as entidades competentes atuem de forma implacável, apurando todas as responsabilidades e aplicando as sanções que se impõem, sem exceções nem complacência, desde já anunciando que irá igualmente apresentar uma participação disciplinar ao Conselho de Disciplina com vista ao apuramento da verdade e de todos os responsáveis”, apontou.

O emblema ‘leonino’ acrescenta ainda que “não aceitará o regresso a um futebol de bastidores e pressões, nem que se maquilhem velhas práticas com uma nova aparência institucional”.

O Sp. Braga, adversário do FC Porto, por seu lado, exige "respostas firmes e imediatas" por parte das várias entidades, nomeadamente FPF e Liga."O Presidente do Sp. Braga endereçou missivas formais aos Presidentes da Federação Portuguesa de Futebol, do Conselho de Arbitragem e da Liga Portugal, solicitando respostas sobre os factos reportados e sobre as tomadas de ação requeridas para defesa do sector da arbitragem e da integridade das competições", informaram os minhotos esta terça-feira, revelando que foi "dado a estes responsáveis um timing de resposta".

FC Porto denuncia ameaças de Veríssimo em Arouca e critica "aparente divulgação prévia" de relatório

O FC Porto reagiu ao início da tarde desta terça-feira ao processo disciplinar que lhe foi instaurado pela Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol devido à alegada pressão exercida sobre o árbitro Fábio Veríssimo, na receção dos dragões ao Sporting de Braga, no domingo.

Os portistas começam por reafirmar o "seu respeito pela autonomia dos órgãos disciplinares e a sua total disponibilidade para colaborar nas diligências necessárias", tendo logo a seguir criticado a "aparente divulgação prévia de documentação oficial em canais privados antes de as partes diretamente envolvidas a receberem", em alusão à informação que consta no relatório do árbitro e que foi amplamente divulgada esta segunda-feira pela comunicação social.

Após Veríssimo ter alegado que se deparou com um televisor a passar repetidamente, sem que o dispositivo pudesse ser desligado, alguns lances da primeira parte do FC Porto-Sp. Braga, os azuis e brancos denunciaram supostas ameaças do árbitro aos responsáveis do clube num Arouca-FC Porto.

"Relativamente ao árbitro Fábio Veríssimo, o FC Porto considera importante dar nota que, após o término do último FC Arouca-FC Porto, e perante várias testemunhas, o árbitro em questão ameaçou dirigentes do Clube com expulsões e outras formas de intimidação, ameaças essas que, no entendimento do FC Porto, vieram a concretizar-se no jogo do passado domingo. O sucedido será objeto de participação ao Conselho de Disciplina, para que o referido árbitro possa explicar as motivações desta conduta que, no entender do FC Porto, não apenas infringe deveres a que aquele está adstrito, como consubstancia um comportamento persecutório", frisam os portistas.

Na perspetiva do FC Porto, "persistem graves problemas na arbitragem em Portugal, como a dualidade de critérios, a falta de uniformização nas decisões e o condicionamento permanente das arbitragens antes e depois dos jogos por intervenientes diretos e indiretos (alguns alegadamente ligados a sociedades desportivas)". "Adicionalmente, continuam a registar‑se, época após época, tentativas de branqueamento de lances capitais com impacto direto nos resultados através do comportamento coordenado de comentadores com relações privilegiadas no seio dos organismos decisores", pode ler-se na nota divulgada no site oficial dos dragões.

O emblema nortenho elencou "exemplos concretos" da presente temporada que beneficiaram os rivais Benfica e Sporting: "o lance envolvendo Sudakov em Guimarães; as expulsões perdoadas a Richard Ríos na Amadora e em Alverca; o penálti assinalado no jogo SL Benfica-CD Tondela; a expulsão perdoada a Gonçalo Inácio em Famalicão; o penálti por assinalar a favor do SC Braga em Alvalade; e a expulsão perdoada a Diomande na última sexta‑feira, contra o FC Alverca."

FPF instaura processo disciplinar ao FC Porto por alegada pressão a Fábio Veríssimo
FC Porto responde a processo disciplinar com denúncia de ameaças de Fábio Veríssimo a dirigentes em Arouca

O FC Porto lidera a I Liga com 28 pontos, com mais três pontos do que o bicampeão Sporting, segundo classificado, e mais quatro do que o Benfica, terceiro.

Os 'azuis e brancos' venceram na receção aos bracarenses, por 2-1, após reviravolta, com golos de Rodrigo Mora, aos 44, e Borja Sainz, aos 79, depois de Victor Gómez ter dado vantagem aos minhotos.

FPF instaura processo disciplinar ao FC Porto por alegada pressão a Fábio Veríssimo
Sporting apresenta queixa por alegada pressão de FC Porto a Fábio Veríssimo. Sp. Braga exige respostas

APAF denuncia "pressão" e quer reunir com FPF, Liga e Governo

A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) quer acabar com a "pressão e intimidação" sobre os ‘juízes’ e informou esta terça-feira que vai pedir reuniões "urgentes" à federação, Liga de clubes e Governo, na sequência do FC Porto-Sporting de Braga.

"Chegou a hora de dizer basta. O futebol português tem de pôr fim à pressão e à intimidação sobre os árbitros, não pode continuar a viver mergulhado num clima de medo e suspeição. Desde há muito que registamos uma escalada no número de episódios de pressão sobre os árbitros, com o mais recente a registar-se no jogo FC Porto–SC Braga", lê-se no comunicado de imprensa da APAF.

"O atual clima no futebol português é insustentável e exige investigações céleres e decisões verdadeiramente efetivas, bem como o envolvimento do setor da arbitragem nas inevitáveis alterações regulamentares que se exigem já para a próxima época. Dia após dia, assistimos a ataques públicos, campanhas de difamação e discursos inflamados contra a arbitragem, na maior parte das vezes promovidos por quem deveria dar o exemplo", acrescentou a APAF.

"Perante esta cultura de intimidação, a arbitragem não pode ficar em silêncio e está preparada para pugnar, por todos os meios, por medidas concretas que garantam a proteção do setor contra as sucessivas faltas de respeito de quem deveria ter a missão de proteger o jogo e todos os seus protagonistas", vincou a associação.

A APAF revelou ainda que vai solicitar reuniões, com "carácter urgente", junto da Federação Portuguesa de Futebol, da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e do Governo para "exigir ter parte ativa" nas alterações regulamentares necessárias.

"Perante a gravidade dos factos ocorridos, exigimos que as entidades competentes atuem de imediato, com transparência total, e que sejam aplicadas medidas exemplares a todos os envolvidos", assinalou, garantindo que não vai aceitar "investigações morosas, silêncios cúmplices nem decisões meramente políticas", e reforçando que "o atual clima no futebol português é tóxico e insustentável".

De acordo com a entidade liderada por José Borges, não é possível "continuar a querer resolver os problemas do futebol português com regulamentos que, aprovados pelos clubes, são incapazes de punir com eficácia, e de forma exemplar, comportamentos inadmissíveis no futebol moderno".

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