Quando a FIFA anunciou os finalistas do Golden Boy 2022 — prémio que distingue o melhor jovem jogador de futebol de cada ano — o Barcelona viu-se bem representado. Nada menos que cinco atletas formados em La Masia — Ansu Fati, Baldé, Pedri, Gavi e Nico González (hoje no Manchester City) — figuravam entre os 20 nomes apontados pela entidade máxima do futebol mundial. Três anos depois daquela eleição, Ansu Fati, então um dos mais promissores atletas do planeta, viu a sua carreira ser travada por uma sequência de lesões. Hoje, é no Principado que o extremo, ainda com 22 anos mas com a maturidade de quem já passou por muito, tenta recuperar o prestígio que um dia deteve.Outrora apontado como sucessor de Lionel Messi no Barcelona — herdeiro, inclusive, da camisola 10 azul-grená quando o argentino se mudou para o Paris Saint-Germain —, Fati recebeu cedo a responsabilidade de ser o novo príncipe da Catalunha. Com apenas 16 anos, o espanhol nascido na Guiné-Bissau já jogava e marcava golos pela equipa principal do Barça. Em 2019, com apenas 17 anos e 40 dias, tornou-se o mais jovem a balançar as redes na Liga dos Campeões, marca que nem Lamine Yamal — que anos depois surgiria com estatuto semelhante de promessa no Barça — conseguiu superar.Nos anos seguintes, Fati passou a lidar com as maiores inimigas da breve carreira: as lesões. Menisco, coxa, gémeos... os problemas físicos sucederam-se e o extremo, aos poucos, perdeu espaço no Barça. Com novas contratações e promessas como Yamal a despontar, foi emprestado ao Brighton, onde voltou a conviver com lesões e ainda recebeu críticas públicas do treinador Roberto De Zerbi pelo desempenho quando estava apto fisicamente.Sem se adaptar à Premier League e igualmente sem espaço no Barcelona de Hansi Flick na última época, Fati viu na mais recente janela de transferências uma nova oportunidade: foi emprestado ao Mónaco, onde tem mostrado que ainda há tempo para recuperar o brilho que parecia perdido.Em três partidas pelo clube monegasco na Ligue 1, somou cinco golos, quebrando um recorde que não era alcançado na principal liga francesa desde 1948. Naquele ano, Johan Audel, então no Valenciennes, marcou cinco vezes em 137 minutos de jogo; Fati, atual goleador do campeonato, precisou de apenas 126 para atingir a mesma marca. Soma-se ainda um tento na Liga dos Campeões, na derrota do Mónaco frente ao Club Brugge (4-1).O primeiro grande momento do extremo com a camisola alvirrubra aconteceu logo na sua estreia no campeonato francês. Em 21 de setembro, quando o Mónaco empatava com o Metz por 1-1 dentro de casa, Fati entrou na segunda parte — lançado pelo já despedido treinador Adi Hütter — e mudou o rumo do jogo. Marcou no primeiro minuto para fazer o 2-1 e voltou a marcar aos 83, quando o placard indicava nova igualdade. O encontro terminou com vitória do Mónaco por 5-2.Desde então, Fati tornou-se titular na equipa monegasca e voltou a chamar a atenção de Luis de la Fuente, atual seleccionador espanhol. “Ansu Fati está na lista de atletas que estamos a observar, nós monitorizamos todos os jogadores que podem estar na seleção nacional. Já marcou seis golos nesta época e está no nosso radar. Só não posso confirmar que, caso alguém se lesione, seja ele o substituto, mas é claro que Ansu em boa forma é uma ótima notícia para a seleção”, disse o treinador em conferência de imprensa nas vésperas da partida da Espanha contra a Geórgia, no último sábado (11).Não só a seleção, mas também outras equipas europeias acompanham atentamente o promissor início de Fati no Principado. Uma delas é o próprio Barcelona que, antes de ceder o extremo por empréstimo com opção de compra, fez questão de renovar o contrato com o jovem até 2028.Três anos depois de figurar entre os candidatos ao Golden Boy, Ansu Fati vê no Mónaco a oportunidade de provar que ainda pertence à elite das grandes promessas do futebol europeu. A depender do que mostrar nesta temporada, o espanhol pode até voltar a cruzar caminhos com os amigos Baldé, Pedri e Gavi — e, quem sabe, reencontrar o lugar que outrora parecia inevitável: o de uma estrela do futebol..Campeão europeu Adrien Silva anuncia o final da carreira.André Carrillo: “Sair do Sporting para o Benfica foi difícil. Mas fiz a escolha certa”