O assalto relâmpago que chocou Paris e resultou no roubo de joias históricas avaliadas em cerca de 88 milhões de euros no Museu do Louvre não foi obra de um grupo de crime organizado, mas sim de delinquentes locais, revelou este domingo, 2 de novembro, a procuradora de Paris, Laure Beccuau.O golpe, que decorreu em plena luz do dia há duas semanas, pareceu uma cena sofisticada digna de um thriller de Hollywood, mas, segundo as autoridades francesas, a forma como foi executado e os erros deixados para trás contam outra história.Dois homens estacionaram um camião com plataforma elevatória junto ao museu, subiram até ao segundo andar, partiram uma janela e abriram as vitrinas com rebarbadoras. Em menos de sete minutos, fugiram de mota com dois cúmplices.Três dos quatro suspeitos estão agora detidos, mas as joias, incluindo a coroa da imperatriz Eugénia, feita de ouro, esmeraldas e diamantes, continuam desaparecidas.“Isto não é delinquência comum, mas também não tem o perfil do crime organizado de alto nível”, explicou Beccuau à rádio Franceinfo, citada pela agência Reuters. “São claramente pessoas locais. Todos vivem, mais ou menos, em Seine-Saint-Denis”, acrescentou, referindo-se ao subúrbio pobre a norte de Paris. .Segundo explica a Reuters, as pistas deixadas no cenário reforçam essa tese: além de terem deixado ferramentas e objetos no local, os assaltantes terão deixado cair a joia mais valiosa durante a fuga e não conseguiram incendiar o camião usado no crime, um erro básico para quem tenta apagar rastos.. Entre os detidos estão um homem de 34 anos, de origem argelina, e outro de 39, ambos residentes em Aubervilliers. O primeiro foi apanhado no aeroporto enquanto tentava embarcar para a Argélia; o segundo já estava sob vigilância judicial por furto agravado. Ambos admitiram parcialmente o envolvimento.Na passada quarta-feira, foram ainda detidos um homem de 37 anos e uma mulher de 38, um casal com filhos, segundo a procuradoria. O homem, com 11 condenações anteriores, é suspeito de ter estado no local do crime e o seu ADN foi encontrado no camião. O ADN da mulher também foi detetado, embora os peritos acreditem que possa ter sido transferido indiretamente, pelo que foi acusada de ser cúmplice. Ambos negam qualquer participação.Um suspeito ainda em fugaAs autoridades acreditam que pelo menos um dos membros do grupo continua em fuga e não excluem a possibilidade de existirem outros cúmplices. Outras três pessoas que tinham sido detidas na quarta-feira, 29, foram entretanto libertadas sem acusação.O caso mantém França em suspense: o golpe foi ousado, a recuperação das joias continua incerta e o mistério sobre o paradeiro do último suspeito ainda não tem resposta..Assalto ao Louvre: mais dois suspeitos formalmente acusados, três libertados e as joias ainda por recuperar.Novas imagens mostram fuga dos assaltantes do Museu do Louvre (veja o vídeo)