Nena: “Neste disco explorei mais o lado pessoal”
Como surgiu a ideia para este novo álbum?
Eu nunca consigo começar pelo título do disco e começo sempre pelas canções. Tinha estas canções todas reunidas e pensei que tinha ali qualquer coisa positiva. Este disco festeja os momentos bons e os momentos menos bons. No fim do dia, o que interessa é estarmos sempre rodeados das pessoas de que nós gostamos, que gostam de nós e sermos capazes de brindar às coisas simples da vida.
Relativamente ao nome do álbum, Um Brinde ao Agora, porquê a escolha deste nome?
Faz muito parte da nossa cultura a ideia do brinde. Acho que há sempre aquela tendência de nos sentarmos à mesa com amigos ou família, pegamos num copo e damos um brinde. Gosto muito desta ideia de nós festejarmos as pequenas coisas da vida e as pessoas que estão à nossa volta. Simplesmente às vezes dizemos um brinde quase como se fosse uma mensagem oculta, como um “Gosto muito que estejas aqui comigo”, ou “Estou aqui para ti”. Este disco acaba por trazer também esta ideia.
Descreveste este álbum como sendo também sobre a tua jornada, o que é que isto significa?
Este disco foca-se nos meus últimos três anos. O meu primeiro disco falava de histórias que ia ouvindo à minha volta. Este disco também fala sobre a minha vida privada, e foi um disco em que eu, sem dúvida alguma, explorei um bocadinho mais este lado pessoal. Por exemplo, tenho uma canção que se chama O Pior Inimigo Sou Eu, que fala sobre, de vez em quando, eu ser a minha pior inimiga e acho que todos nós nos relacionamos com isto. Acho que as pessoas vão poder encontrar canções como estas que exploram histórias que eu vou ouvindo dos meus amigos, mas também canções que falam muito sobre mim.
Tens duas colaborações no teu álbum: em À Espera do Fim, com Luís Trigacheiro; e em Lembras-te de Mim, com Carolina de Deus. Como é que aconteceram?
A Carolina foi uma das minhas primeiras amigas no mundo da música e fazia todo o sentido convidá-la, porque é uma canção que fala sobre amizade. Já o Luís Trigacheiro assistiu a um concerto em que eu participei com o João Só e ele gostou da minha voz. Mandou-me uma mensagem e nós acabámos por combinar. Tinha a canção na gaveta há muito tempo, escrita em conjunto com o João Só, mostrámos-lhe a canção e ele deu também assim um jeitinho dele. Não podia estar mais feliz, especialmente também porque o Luís, sendo alentejano, e a minha família é praticamente toda do Alentejo, acabou por me trazer aquela sensação de casa que eu precisava no disco.
Relativamente à música Os Croquetes Acabam, de onde é que surgiu?
Os Croquetes foi uma daquelas canções que eu simplesmente comecei a escrever a história sobre uma festa de Natal de uma empresa - e eu gosto muito de croquetes. Então, pensei: “Vou escrever uma música sobre croquetes que envolve estes dois tópicos.” E na altura até pensei: “Será que eu mudo o nome da música? Vou mesmo pôr o título na canção Os Croquetes Acabam?” Mas percebi que chamava a atenção das pessoas. Eu não podia estar mais feliz, porque agora, de repente, recebo croquetes em todo o lado a que vou e o meu sonho concretizou-se.
Como é que foi feita a seleção das músicas para o álbum?
A ordem não foi pensada. Não há bem uma história. Simplesmente quis um espalhar as músicas mais mexidas e as mais calmas e tentar misturá-las. Foi assim que decidi a tracklist. Eu escrevo constantemente canções e foi difícil escolher as músicas, mas se calhar ainda vamos ter algumas surpresas para o futuro. Portanto, vamos ver o que é que aí vem mais, e o que é que ficou de fora.
Como é que foi o processo criativo do disco?
Nas minhas canções escrevo tudo ao mesmo tempo, letra e música, não há muito a explicar. É que simplesmente vou para onde estiver a sentir e pronto. Acho que é um bocadinho essa a resposta: às vezes não consigo dar uma justificação, porque realmente a música, para mim, às vezes não se explica e acontece tudo em simultâneo.
E sobre o estilo musical…
O disco tem as baladas, mas também tem muitas canções mais pop rock. A música dos croquetes ajudou-me a abrir portas nesse sentido, de explorar mais essa sonoridade de pop rock. Acho que é um álbum para toda a gente. E é nisso que eu gosto de acreditar, é que existe um bocadinho de tudo, com músicas mais calmas e mais animadas. Fico feliz que as pessoas levem este disco para casa e o queiram ouvir.
Sobre os concertos que vais ter, em Lisboa, no dia 4 de outubro, e no Porto, a 22 de janeiro de 2026, o que é que nos podes dizer?
Em Lisboa, vai ser no dia 4 de outubro de 2025 e vamos poder mostrar este segundo álbum Brinde ao Agora. Nós já vamos estar a tocar este disco durante o verão todo, mas sem dúvida que este concerto será especial, porque vamos poder mostrar ainda mais o que é que é o significado deste disco. É no Campo Pequeno e estou muito feliz por finalmente me estrear lá. O segundo concerto no Porto, e é um projeto que eu tenho em conjunto com a cantora Joana Almeirante chamado Dois Pares de Botas. Estes são dois projetos completamente diferentes, mas que fazem parte da minha vida.
Recentemente foste também mentora do programa The Voice Kids, como é que foi esta experiência?
Foi uma experiência mesmo boa e surpreendeu-me. Já sabia que ia ser bom, porque eu adoro o The Voice e costumo ver, desde pequena, com o meu pai. Surpreendeu-me ainda mais, porque acabou por ser ainda melhor do que eu achava que iria ser. A Catarina Furtado acolheu-me tão bem, todos os mentores e a equipa também. Consegui cruzar-me com tantos talentos e tive a sorte de poder testemunhar o início do caminho musical destas crianças.