No atelier do Largo de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa, veem-se telas de grandes dimensões encostadas às paredes, ainda por pintar. Graça Morais ocupar-se-á delas ao longo do próximo ano, até porque em 2027, revela ao DN, terá duas grandes exposições do seu trabalho: uma mostra em Évora no âmbito da Capital Europeia da Cultura, e outra no MAAT, com curadoria de João Pinharanda. Ainda antes, no próximo dia 20 de dezembro, inaugura a mostra Anjos do Apocalipse, no Centro de Arte Contemporânea que leva o seu nome, em Bragança. E em junho de 2026, no mesmo espaço, vai expor obras que fez da sua mãe, Alda Pinto, uma homenagem no âmbito do centenário do seu nascimento. Tem um vasto conjunto de obras na exposição Húmus, em diálogo com Júlio Pomar e a dupla de artistas Daniel Moreira e Rita Castro Neves. Como surgiu esta mostra?Quem me convidou foi a diretora do Atelier-Museu Júlio Pomar, a Sara Antónia Matos, e a curadora, a Ana Rito. Não a conhecia pessoalmente, e tive uma reunião com ela, mostrei-lhe livros, porque eu tenho muitos livros sobre a minha obra e catálogos, e depois mostrei-lhe pequenos desenhos que eu tinha feito durante o verão. E ela ficou fascinada com esses desenhos e estão lá na exposição. E, ao mesmo tempo, ela fez um percurso com aquela obra de 1982 [Vieiro II, óleo e pastel sobre tela], que ela não tinha visto porque estava no meu ateliê em Trás-os-Montes, mas viu no livro. É da sua coleção, manteve sempre essa pintura?Essa pintura continua minha. Às vezes exponho-a em Bragança. Mas em Lisboa é a primeira vez que a obra é exposta. Daquelas obras que estão em exposição, algumas são mesmo inéditas. Outras nunca tinham sido expostas em Lisboa. São à volta de 60, cinco pinturas e o resto são muitos desenhos.E esses desenhos que fez no verão, o que retratam?Desde maio que me fechei no meu ateliê em Trás-os-Montes, a trabalhar. Eu aqui estava a trabalhar mal, porque havia muito barulho na cidade, precisei de me recolher. E o mês de maio é mesmo ótimo para ir para Trás-os-Montes. Então, comecei a trabalhar, porque tive um desafio muito importante do presidente da câmara de Oeiras, Isaltino Morais, para fazer uma obra pública para Oeiras. É um desafio que ele me faz há anos, e que eu nunca aceitei. Por dificuldades ou de tempo, ou porque não gostava do lugar que ele escolhia. Entretanto, numa reunião, ele disse-me que gostava de fazer um mural de homenagem ao 25 de Abril e aos presos políticos de Caxias, e eu aceitei esse desafio, que está em andamento. Mas, primeiro, eu fiz imensos desenhos, à volta de 100, para preparar o painel. Em vez de ter feito um estudo para o painel, fiz um desenho grande, cinco metros por metro e meio. Porque deu-me prazer fazer um desenho grande que vai ser exposto em permanência no próximo edifício da Câmara Municipal de Oeiras. Entretanto, vai ser mostrado ao público no Palácio dos Anjos, em Algés, ainda em janeiro. O que nos pode dizer sobre esse painel em Oeiras?Não tem a cara dos presos políticos, porque foram dez mil presos políticos. Nem sequer tem uma certa simbologia ligada ao 25 de Abril. Escolhi rostos de pessoas e rostos que representam muito o sofrimento humano ao longo dos séculos. Porque, infelizmente, a história da humanidade é feita de grandes alegrias, mas de muito sofrimento. E eu preferi esses rostos, são rostos que nos comunicam essa dimensão de um sofrimento, de luta e, ao mesmo tempo, muitas vezes, de resignação. E então nasceram esses desenhos. Alguns vão ser agora expostos também em Bragança, no Centro de Arte Contemporânea, que vai inaugurar a exposição Anjos do Apocalipse no próximo dia 20. São esses anjos que vivem, que viveram ao longo dos tempos, mas também vivem hoje junto de nós, neste mundo tão estranho que nós estamos a viver.São rostos de pessoas reais?Alguns rostos vêm de pessoas com quem eu me cruzo na rua - faço muitas fotografias, que não são boas fotografias, não são para expor, são documentos. E alguns rostos guardo na minha cabeça. É a minha memória que me ajuda. Depois, ao longo da história da arte, eu percebo que há um constante sofrimento que muitos artistas colocaram nas suas pinturas. O Goya, por exemplo. Até o Picasso, que tem figuras impressionantes. E comecei a rever e percebi que há um fio condutor em muitos artistas que olham para o ser humano e nos revelam rostos de pessoas que lutam, que sofrem. .Tem aqui muitas telas em branco encostadas às paredes. Já sabe o que vai pintar? Estão à minha espera. Preciso de desenhar quase todos os dias, e de escrevinhar. Tenho sempre uns diários onde vou escrevendo uns apontamentos de sentimentos, de impressões, e às vezes até de coisas que leio que são importantes que alguns escritores escrevem, historiadores, e que me ajudam a entender melhor. Sou uma grande leitora de jornais. Continuo a ler jornais em papel. Além de poder recortar certas imagens que me interessam, gosto imenso de ir a uma papelaria e ver capas. Acho que se sente o imaginário de um país através das capas dos jornais e das revistas. A gente sente o que é que se está a passar.Dentro da atualidade, o que é que está a chamar mais a sua atenção neste momento?Neste momento, o que me chama mais a atenção é este drama da Ucrânia. É um drama que se pode estender a toda a Europa. Nós estamos à beira de um precipício e com dois homens loucos a governar o mundo. Com o Trump, que é realmente um homem perturbadíssimo. E com o Putin que, no segredo dos deuses, é um criminoso. E, ao mesmo tempo, sentimos que a Europa está, de novo, à beira de uma guerra. E hoje a guerra é muito perigosa. Não é uma guerra só com homens na fronteira, com corpos. Sabe o que é que eu admiro mais na Ucrânia? É a coragem daquelas pessoas que têm aqueles meninos a estudar em caves, em abrigos subterrâneos, porque eu que sofro de claustrofobia, não sei como é que aguentaria estar metida ali durante dias e dias sem ver a luz do dia. Eu acho isto extraordinário. Eles continuam a lutar, porque é pela educação, pela cultura, que eles têm consciência que podem ganhar uma guerra. Aqueles jovens não ficam deprimidos, com um telemóvel a jogar durante horas. Eles continuam a estudar. Admiro imenso os ucranianos.E depois, quando está perante uma tela, o que é que acontece?Não sou uma ilustradora, nem retrato as pessoas. São sobretudo emoções, são situações que me fazem sentir ao lado dessas pessoas. Não sou política, sou uma mulher comprometida com o que se passa no mundo, mas não sou política. E como não tenho o poder de ajudar essas pessoas, a única forma de o fazer é pintar. Pintar uma situação, pintar as pessoas e chamar a atenção que isto existe. Temos a obrigação de ajudar, de sermos solidários.Escreveu recentemente que a sua pintura resulta de uma reflexão profunda sobre o mundo onde mulheres e homens enfrentam os medos e o caos que nos rodeia...Sim, sempre foi. O medo, o caos. Por exemplo, aquela obra que está agora no Atelier-Museu Júlio Pomar [ Vieiro II, 1982, óleo e pastel sobre tela], que é muito violenta, em que só se vê as calças de um homem e uma mão com uma faca... Aquele homem matava os porcos, matava os animais. Matava, de uma forma agressiva, para as pessoas comerem. Tinha uma função importante na sociedade. Mas também era muito violento com a mulher. E a maior parte desses homens eram violentos com as mulheres. O que é curioso é que, na minha adolescência, e neste regresso ao lugar onde eu nasci, que é uma aldeia pequenina, o Vieiro, nunca nenhuma mulher foi assassinada. E hoje são, o que é um flagelo. Não só em Portugal, mas na Europa, já não falo de outros países onde elas realmente têm que obedecer cegamente aos seus homens. .A sua pintura também reflete os seus medos? Há uns anos dizia numa entrevista que tinha medo de ficar pobre e da morte. O que receia hoje?Hoje o maior medo que eu tenho é de não ter saúde. Custa-me aceitar que, com a idade, o nosso corpo começa a tornar-se mais frágil. Eu ainda quero pintar muito, ainda quero fazer muita coisa. E tenho medo de uma extrema-direita que começa a ganhar muita força na Europa. E com uma extrema-direita feroz, as mulheres perdem os direitos novamente, os direitos adquiridos. E as pessoas, em nome de uma democracia - porque se fala sempre na democracia -, podem sofrer novamente. Isso já se está a sentir no nosso país. Temos de estar todos muito atentos.O sofrimento vai continuar a dominar a sua pintura?A minha pintura reflete sobretudo esse lado humano. Nós temos muitas revistas cor-de-rosa que só mostram as pessoas a sorrir, parece que são todas felizes. E também temos canais de televisão e alguns jornais que desenvolvem notícias muito dramáticas, muito trágicas, mostram também aquele lado mais soturno, das mortes, dos crimes. A minha pintura não está nesse espaço. Está num espaço mais profundo, do entendimento do que é a vida, o que somos nós como seres humanos, o que é que estamos cá a fazer, qual é o nosso papel. Infelizmente, eu, com 77 anos, começo a saber que não vou durar muitos mais anos e, então, vou fazer aquilo que sempre achei que devia fazer. É a minha obra, mas não é uma obra para decorar paredes.Essas telas grandes vão ser pintadas especificamente para uma nova exposição?Não faço nada de propósito para uma exposição. Há artistas que fazem, eu faço por necessidade. Eu tenho necessidade de fazer essas obras, vou fazê-las. Ou pequeninas ou grandes. Eu tenho que as fazer. E depois de elas estarem prontas, quando tenho vários convites para as pôr aqui e ali, eu vejo quais são as obras que me interessa expor nessa altura. Gostava muito de fazer um trabalho com a Lídia Jorge, somos amigas e admiro-a muito. E com o Gonçalo M. Tavares.Já trabalhou com grandes escritores no passado...Esses grandes escritores, tenho livros com eles, como a Sophia de Mello Breyner Andresen, o José Saramago, o Miguel Torga, o Nuno Júdice. São muitos, tenho medo de me esquecer de alguns. Mas aqueles que eram mais famosos, nunca fui eu que lhes pedi nada. Foram eles que me pediram para fazer. Eles é que vinham ter comigo. E eu devo aos grandes escritores portugueses o reconhecimento da minha obra. Porque houve uma altura que a minha obra, ainda hoje, é muito censurada por certos grupos de pessoas com poder, sobretudo em Lisboa e no Porto. Porque é uma obra que não está na moda. Não está afiliada em movimentos fortes, que têm poder. Porque ela nasce de mim, nasce da minha história. E a minha história, às vezes, não interessa nada a essas pessoas. Mas, ao mesmo tempo, eu sou uma felizarda. Porque tenho um centro de arte que me foi oferecido sem eu pedir nada [Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança], onde eu posso expor obras. Aqui de Lisboa vai imensa gente a Bragança. Eu vou ali à rua e tenho sempre pessoas que falam comigo e me perguntam, quando é que faz uma grande exposição em Lisboa? Isso não depende de mim, uma grande exposição na Gulbenkian, em Serralves...Gostava de ter maior presença nos museus?Eu tenho, mas nem sempre sou exposta. Faço parte das coleções, mas nem sempre as pessoas que organizam as exposições escolhem as minhas obras. Porque elas são um bocadinho fora da caixa em relação a outras que estão mais na moda. Mas eu não me preocupo com isso. Porque tenho um público tão vasto e que se emociona tanto com a minha pintura que eu sinto que estou certa. Sentiu-se excluída ao longo da sua carreira? Estou sempre a sentir, ainda agora. É normal, com a minha carreira, eu nunca ter tido uma exposição no CCB, em Serralves, ou na Gulbenkian? Acho que se pode fazer essa pergunta. É normal, quando artistas mais novos com uma obra muito superficial, que não é matriz de nada, são expostos? Mas o que me acontece aconteceu toda a vida a grandes artistas. Eu ainda tenho sorte de viver da minha pintura, porque houve artistas, grandes artistas, que morreram pobres, que morreram realmente sem serem reconhecidos. Eu sou reconhecida, tenho um público enorme, senão não me estava a entrevistar. Não sei porquê, mas ainda não tive essa grande exposição nas ‘catedrais da arte’, nem na Gulbenkian, nem em Serralves, nem no CCB.Ainda vai a tempo?Às vezes digo a brincar que me vai acontecer o que aconteceu à Louise Bourgeois, que é uma artista que eu admiro imenso, que só a partir dos 80 anos é começou a ter uma carreira e a ser exposta nos maiores museus da América e do mundo. Digo isso a rir, mas intimamente a desejar que isso me aconteça e que viva muitos anos. . E a nível internacional?A nível internacional tenho feito exposições, sobretudo em Paris. E sempre que as minhas obras aparecem, são muito admiradas. As pessoas acham que é diferente e que é de muita qualidade. Depois falta um apoio forte, porque não há inocências na arte. Nós só conseguimos ter uma carreira internacional se tivermos por trás de nós um poder económico muito forte. E às vezes esse poder vem de uma grande galeria. Uma galeria poderosa pode impor o artista a grandes museus. Nenhum grande artista é exposto nos grandes museus se não tiver por trás dele um país que o apoia, e isso acontece muito com artistas japoneses e de outros países. E infelizmente o nosso Ministério da Cultura, durante todos estes anos...Eu nunca pedi um subsídio ao Estado. O Estado tem-lhe comprado obras? Estou na coleção de arte, mas há anos que não me compram nada. Há muitos anos. E às vezes até estão ministros que dizem que têm uma grande admiração por mim. Recebi a medalha de mérito cultural da ministra Graça Fonseca, por exemplo. Eu disse-lhe, gosto de receber a medalha, mas também gostava muito que o Estado atualizasse a coleção com obras, porque eu tenho obras consideradas de muita qualidade. Foi muito difícil fazê-las, e depois vão para a casa de colecionadores privados. Que têm dinheiro e que não perdem tempo. Não têm que ter uma comissão a aconselhá-los. Acho que os ministros, ao não quererem escolher artistas - e fazem bem -, criam comissões. E as comissões dependem das pessoas que as integram, para se fazer realmente boas coleções, sem haver compadrios. Eu comecei a ser muito reconhecida, e a ser muito admirada. E o nosso país é muito pequenino. E, às vezes, quando o artista começa a sobressair muito, cria-se uma vontade de o apagar. Chama-se a isso a inveja nacional. Já o Camões se queixava, isso acontece. Mas não sofro com isso, costumo alimentar-me das pessoas que realmente eu sei que são minhas amigas e que me admiram. . Está com duas encomendas públicas, a da Câmara Municipal de Oeiras de que já falou, e da Provedoria de Justiça. Como encara as críticas sobre o gasto de dinheiro público e a forma de escolha do artista?As pessoas devem ter o direito de escolher os artistas, como antes tinham os Papas. Nós só temos aquela riqueza em Itália, porque houve mecenas e Papas cultíssimos. Porque quando as pessoas se rodeiam de grupos que vão escolher artistas, não julguem que isso dá mais justiça à escolha. Muitas vezes criam-se compadrios e também falham, esses grupos. Nem sempre é por mal, mas também falham. E essa senhora [Maria Lúcia Amaral, Provedora de Justiça até junho deste ano] convidou-me e eu disse que sim, que tinha muito gosto em fazer a obra, porque o Palácio [Palácio Vilalva, na Rua Marquês de Fronteira] é lindíssimo. E ela disse que precisavam de um grande artista e que me admirava muito. Fiz metade do preço que eu costumo levar e claro que foi por ajuste direto, tinha que ser. Porque quando se escolhe um artista, não se pode fazer um concurso público. As pessoas têm que reconhecer que há pessoas diferentes de outras e há pessoas que se valorizaram porque têm talento e trabalharam muito, e têm o direito de ser escolhidas. Eu também trabalho estes anos todos e é preciso reconhecer que há artistas que vendem por dez mil, outros por 100 mil e outros por um milhão. E como são dinheiros públicos tive o cuidado de levar menos do que levaria a um privado. E o ajuste direto foi correto, com o recibo todo oficializado e, sobretudo, está dentro da lei, a pessoa fazer esse ajuste direto. Não se pode fazer um concurso público quando se escolhe um nome. Ninguém podia pintar a minha pintura. Está tudo dentro da lei. Ao mesmo tempo, metade do valor vai para o Estado, em impostos.Em que fase está essa obra?Está quase pronta. Por razões de saúde eu tive que abrandar. São duas pinturas grandes que vão ser expostas em março. Vão estar abertas ao público e qualquer pessoa pode ver. As obras ficam no hall de entrada do Palácio que fica virado para o CAM. Por isso, as pessoas que vão ver as exposições ao Centro de Arte Moderna podem ver essas obras. Não ficam guardadas, ficam expostas. Eu escolhi esse sítio, a provedora concordou, para poder haver esse diálogo com a arte do Centro de Arte Moderna. E tem outras encomendas em vista? Agora não aceito mais nada. Porque vou andar meses a orientar o painel de azulejos para o mural em Oeiras na fábrica Viúva Lamego. Vou fazer para o ano duas exposições importantes em Bragança. Uma de homenagem à minha mãe, que fazia este ano 100 anos, tenho muita pintura, retratos dela e pequenos apontamentos. E devo homenagear uma mulher extraordinária, que foi uma matriarca. Simboliza muito a força das mulheres, não só em Trás-os-Montes, mas no país. E, ao mesmo tempo, também já fui escolhida para expor na Évora_27 Capital Europeia da Cultura. E, por isso, já vamos começar a trabalhar nessa exposição. E também fui escolhida pelo MAAT ( Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia), pelo João Pinharanda, para fazer uma grande exposição em 2027. E para isso preciso de um ano e tal para trabalhar.E o que é que gostaria de fazer com a escritora Lídia Jorge? Vamos combinar as duas. A Lídia Jorge tem um percurso que eu admiro imenso. É uma mulher muito séria. É uma grande, grande escritora. Ainda bem que lhe deram o Prémio Pessoa, que ela merece. É uma mulher corajosa também. Ela diz que não, que não tem coragem, porque pode falar. Mas tem coragem. Porque há pessoas muito cobardolas que vivem de grandes benesses porque não falam, porque ficam caladas. E quando uma mulher fala e diz coisas que nem sempre agradam às pessoas, sobretudo uma mulher...Ela é corajosa. Eu também fiz um desafio ao Gonçalo M. Tavares. É um escritor que me interessa muito. Agora sou eu também a querer colaborar com eles. Nessas colaborações com escritores, faz capas de livros, ilustrações?Não são ilustrações. É uma coisa mais profunda. Com a Sophia, com o Saramago, por acaso, com o Saramago, ilustrei-lhe o livro. Mas custou muito a ilustrar. Mas são sobretudo encontros. Lembro-me do Torga me dizer ‘eu não quero que a Graça ilustre o meu Reino Maravilhoso, quero a sua pintura com o meu Reino Maravilhoso”. Isso, dito por um homem que tinha fama de ser difícil, é extraordinário. Mas estes encontros com escritores, com historiadores, com poetas - e sou casada com um grande músico, o Pedro Caldeira Cabral - só me enriquecem, como artista e como mulher. .Cuca Roseta lança ‘Douce France’, um novo disco totalmente cantado em francês.Luís de Matos tem quatro novos truques na manga e perigo não falta