UE recomenda reforço dos serviços de saúde e cautelas com "fadiga pandémica"
Os 27 países da União Europeia (UE) devem assegurar o reforço dos serviços de saúde, antecipando a possibilidade de aumentarem os internamentos em hospitais e nos cuidados intensivos e alertando para a "fadiga pandémica", recomenda esta quarta-feira a Comissão Europeia.
Na estratégia "Ficar a salvo da covid-19 durante o inverno", hoje apresentada, a Comissão Europeia recomenda aos Estados-membros que assegurem que os serviços de saúde são reforçados, preparando-se para o aumento das admissões nos hospitais e unidades de cuidados intensivos, nomeadamente "tendo em vista a próxima época festiva".
O executivo comunitário sugere que seja assegurada a manutenção da capacidade do pessoal de saúde e a adoção de medidas para maximizar a acessibilidade do serviço de cuidados primários, nomeadamente a utilização dos serviços de tele-saúde para doentes não covid-19, aliviando a pressão nos hospitais.
Bruxelas alerta também para o perigo da "fadiga pandémica", que salienta ser uma resposta esperada e natural a uma prolongada crise de saúde pública à escala da covid-19. "É importante que os Estados-membros abordem e reconheçam este problema", seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde para a manutenção do apoio público a comportamentos preventivos.
Os 27 devem ainda "assegurar a disponibilidade e fácil acesso a serviços de saúde mental e de apoio psicossocial para pessoas necessitadas, incluindo trabalhadores de primeira linha e trabalhadores ou prestadores de serviços essenciais (por exemplo, linhas diretas de apoio gratuitas).
A estratégia estabelece uma série de medidas a serem consideradas pelos Estados-membros, respeitando plenamente as suas competências, em particular na área da saúde, ao conceberem as suas abordagens nacionais para uma forma mais sustentável de gerir a pandemia durante os próximos meses, incluindo o período festivo de fim de ano.
Embora as taxas de infeção covid-19 estejam lentamente a começar a estabilizar em alguns países da UE, apesar de a níveis absolutos elevados, qualquer potencial flexibilização das restrições acuais tem de ser feita com muito cuidado para assegurar que novos surtos sejam mantidos a um nível mínimo e sob controlo.
Uma publicação recente do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças mostra que, com base na modelização matemática e na situação epidemiológica atual, se os Estados-membros levantassem todas as suas medidas de confinamento em 7 de dezembro, isto poderia resultar num aumento das taxas de hospitalização por volta de dia 24.
Por outro lado, se os países levantassem todas as suas medidas a 21 de dezembro, haveria um aumento subsequente das admissões hospitalares por covid-19 já na primeira semana de janeiro de 2021.
Assim, as medidas devem ser comunicadas claramente aos cidadãos, bem como as razões pelas quais estas estão a ser aplicadas e quando e como podem ser levantadas.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1 468 873 mortos resultantes de mais de 63,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 4577 pessoas dos 300 462 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.