Tom Hanks recorda a covid-19. "Tive dores no corpo, muito cansaço e não me conseguia concentrar"

O ator norte-americano Tom Hanks contou ao The Guardian como foi a experiência de estar infetado com a covid-19, em conjunto com a mulher. Do confinamento e das incertezas da pandemia para a industria do cinema. Ainda houve tempo para falar do seu novo filme, Greyhound que estreia dia 10 de julha na plataforma de streaming Apple TV+.
Publicado a
Atualizado a

"Bem-vindo ao futuro!". Foi assim, meio a brincar que o ator Tom Hanks começou a sua recente entrevista ao jornal britânico The Guardian através de videochamada. "Ainda se lembra da última vez que se sentiu confortável a correr ao lado de alguém", perguntou o ator à jornalista britânica Hadley Freeman.

A conversa teve como propósito o novo filme de Hanks, "Greyhound" que, ao invés de se estrear nas salas de cinema, estará disponível a partir de 10 de julho na plataforma de streaming Apple TV+ (disponível em Portugal).. Dos cinemas para as televisões, uma das consequências que a pandemia da covid-19 trouxe à indústria do cinema.

No filme, Tom Hanks protagoniza a personagem de Ernie Krause, um capitão da marinha que vive a sua primeira batalha no Atlântico Norte em plena II Guerra Mundial, uma historia baseada em factos reais.

Mais um papel de capitão na vida do ator. Como o foi a protagonizar Jim Lovell, no filme Apollo 13 (de 1995), ou Capitão Miller, em O Resgate do Soldado Ryan (1998), ou ainda no papel de Richard Phillips, em Capitão Phillips (2013), entre outros. Em Greyhound, Tom Hanks não é só o protagonista mas assumiu igualmente o papel produtor e responsável pelo argumento, adaptado do livro de C.S Forester "The God Shepperd".

Mas a conversa com o The Guardian rapidamente se centrou para o tema da atualidade: a covid-19. Hanks e a mulher, Rita Wilson foram das primeiras figuras globalmente conhecidas a serem infetadas pelo novo coronavírus. O casal estava na Austrália quando, a 10 de março, foi diagnosticado com a doença.

Questionado sobre eventuais mazelas provocada pelo vírus, Hanks garante estar bem e recorda que o desconforto dos sintomas da covid-19 passaram ao fim de duas semanas. "Tivemos reações muito diferentes. A minha mulher perdeu o olfato e o paladar, teve náuseas intensas e febres altas. Eu tive dores no corpo, muito cansaço e não me conseguia concentrar em nada por mais de 12 minutos. Bem, esta última parte é o meu estado normal...", conta a sorrir.

Afirma que não se assustou, mas quando esteve internado no hospital não deixou de pensar que, com 63 anos, diabetes de tipo 2 e um stent no coração "podia ter a vida em risco". "Pensei muitas vezes nisso, mas como os médicos não ficaram preocupados com os nossos sintomas, eu também não fiquei. Não sou propriamente o tipo de pessoa que acorda a pensar se vai ver ou não o fim do dia. Estive calmo", garante.

"Não tenho nada mais do que muitas dúvidas sobre a posição oficial" [sobre a pandemia]

No dia em que o Guardian entrevistou Tom Hanks, o virologista norte-americano Anthony Fauci avisava que caso os surtos de covid-19 não fossem contidos nos EUA, o número de infetados por dia podia chegar aos 100 mil infetados por dia.

Hanks, que muitas vezes é chamado de "pai da América", pelo peso que tem na opinião pública norte-americana, explica que "não tem mais do que muitas dúvida sobre a posição oficial. Na verdade, existem apenas três coisas que todos precisamos de fazer: usar uma máscara, distância social e lavar as mãos. Sei que a questão tem sido muito politizada, mas não entendo como alguém pode afirmar que não quer fazer a sua parte.... E não ajuda nada quando é o homem encarregue da nação a dizer essas coisas", afirma, numa crítica ao presidente norte-americano, Donald Trump.

Sobre a vida em confinamento Hanks diz ter assumido o "modo pai" e até ter gostado de alguns dos benefícios trazidos pela situação. "Posso estar com as crianças e ver alguns amigos, nada se passa de especial a não ser a grande questão sobre o qual vai ser o futuro da industria do cinema".

No filme Greyhound, Hanks protagoniza o Capitão Krause, na história a personagem que tem um pequeno cartão onde tem escrito "Ontem, hoje e sempre". O ator diz que é isso que temos que pensar, como seres humanos, no meio das várias crises que agora enfrentamos. Entre a covid-19, a crise económica mundial e o que aconteceu a George Floyd, como mantemos a esperança? Responde, com base na mais recente personagem: "Bem, podemos ter a compreensão de ontem, do passado, ter um plano para hoje e ter esperança para sempre. É isso. Essa é a minha sabedoria, não é muito. Mas haverá mais alguma coisa?"

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt