Têxteis querem Estado a pagar a 100% salário das mães em casa

Esmagadora maioria do setor são mulheres. Associação queixa-se de injustiça de ficarem só com dois terços do salário. Fileira têxtil quer acesso ao Apoiar.
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A indústria têxtil e do vestuário não vê com bons olhos ter de pagar metade do salário a trabalhadores com filhos menores de 12 anos que têm de ficar em casa a acompanhá-los. Em causa está a decisão do governo de decretar o encerramento das escolas, no âmbito das medidas de contenção da pandemia, estabelecendo que os trabalhadores com filhos menores de 12 anos que não estejam em teletrabalho irão receber dois terços da sua remuneração base, sendo este valor suportado, em partes iguais, pelo empregador e pela Segurança Social.

Para uma indústria que emprega maioritariamente mulheres, a medida está a ser vista como "uma enorme injustiça" e as associações empresariais já fizeram chegar o seu desagrado ao executivo. "O Estado pode mandar quem quiser para casa, tem é de assumir os custos da medida que, ainda, por cima, introduziu de um dia para o outro, desestruturando as empresas", denuncia o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário (ANIVEC).

Para César Araújo, a medida vem prejudicar uma indústria que já vive "dias muito difíceis". "Se não tiverem rendimentos, as empresas não podem pagar."

Mas esta não é a única queixa do setor, que vem reclamando que o governo tome medidas acrescidas para evitar "muitos encerramentos". "Com a Europa confinada e as lojas encerradas, temos a atividade bloqueada. O lay-off simplificado deveria ser alargado, de forma automática, a todas as empresas que tenham quebras superiores a 25%", defende o empresário, sublinhando: "Claro que o governo não mandou fechar as fábricas, mas se encerrou as lojas para quem vão as fábricas trabalhar?"

E é por isso que a fileira têxtil que ser incluída no programa Apoiar. "A seguir ao turismo e viagens, o nosso setor é o que mais sofre. Com os restaurantes fechados, os hotéis sem clientes, as companhias áreas sem viajantes, não se vendem uniformes. Não se vendem fatos de cerimónia porque não há casamentos nem batizados, nem nada que se pareça. E com as famílias em teletrabalho, ninguém compra roupa. As fábricas estão sem trabalho e este confinamento vai ter efeitos ainda mais gravosos do que teve o de 2020", garante o responsável.

Por fim, e no que ao apoio extraordinário à retoma progressiva diz respeito, as associações reclamam que a isenção das contribuições das empresas para a Segurança Social, relativamente aos trabalhadores com redução do período de trabalho, se aplique a todas as situações de crise empresarial, sem distinção do seu tamanho.

As grandes empresas, com 250 trabalhadores ou mais, foram deixadas de fora, o que a indústria considera "inaceitável" .

ilidia.pinto@dinheirovivo.pt

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