"Temos de ser vigilantes". Von der Leyen quer mais disciplina no confinamento

A presidente da Comissão Europeia chega esta sexta-feira a Lisboa, apesar da evolução da pandemia no país.
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A presidente da Comissão Europeia viaja esta sexta-feira para Lisboa, para um encontro de trabalho com o governo, no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia.

Com o país a entrar num novo confinamento, Von der Leyen admite que se trata de um momento que requer disciplina de todos. Na véspera da deslocação a Lisboa, no âmbito da presidência Portuguesa da União Europeia, a Ursula von der Leyen conversou com o correspondentes portugueses em Bruxelas, tendo assinalado a importância de os planos de vacinação serem acelerados em toda a Europa.

Quanto à viagem a Lisboa com Portugal a entrar num novo confinamento, responde que a deslocação é "considerada essencial" e garante que vai adotar "todas as precauções".

Para a Comissão considera que a pandemia evolui de forma grave em Portugal e na Europa. É por essa razão que Von der Leyen defende mais rapidez que os planos de imunização.

"Temos de trabalhar de muito perto com os Estados Membros, para garantirmos que há uma aceleração da vacinação", afirmou, considerando que esta é a melhor forma de avançar no combate a esta pandemia e para superar e erradicar o vírus".

Questionada pelo DN sobre se apoiaria uma suspensão temporária das patentes das vacinas, como tem sido solicitado por países emergentes, para que o processo pudesse acelerar em todo o mundo, afirma que "o importante é que a União Europeia tenha tomado medidas para que não tenhamos vacinas apenas para a população europeia, mas também para os países da nossa vizinhança".

"Garantimos 2300 milhões de doses de vacina, o que é suficiente para a população europeia e para a vizinhança. Considero muito importante apoiarmos os países de rendimento médio e baixo", defendeu, acrescentando que "além das doações em géneros, - a Comissão Europeia e os Estados-Membros - estamos a financiar a Covax, juntamente com a Team Europe. Somos dos maiores doadores, com 800 milhões de euros doados à Covax para que no momento em que a Covax tenha acesso às vacinas, possa adquirir essas doses".

A presidente da Comissão Europeia não esconde a preocupação perante o aumento de casos, afirmando que "o que se vê neste momento é um aumento das infeções a seguir às férias de Natal, e o possível impacto de novas variantes".

"Isto é grave. Temos que estar vigilantes. Temos que fazer um bom rastreio e temos que ser muito disciplinados", alertou a presidente do executivo comunitário, que está de malas feitas para Lisboa, para onde viaja nesta sexta-feira, para um encontro com António Costa, no âmbito da presidência portuguesa.

"A nossa deslocação a Lisboa é essencial e necessária. Vamos com uma comitiva pequena. Tomamos todas as precauções e medidas necessárias, para evitarmos infeções", garantiu a presidente da Comissão Europeia, questionada a propósito do risco que a viagem envolve, tendo em conta o agravamento das infeções, a seguir ao Natal.

"É da maior importância iniciarmos esta presidência portuguesa com um diálogo muito próximo com a Comissão", respondeu a presidente, que da última vez que esteve em Lisboa, para participar na reunião do Conselho de Estado, viu-se forçada a uma quarentena, por um dos membros presentes (o conselheiro António Lobo Xavier) ter testado positivo para a covid-19.

Von der Leyen espera poder trabalhar com Portugal para melhorar a coordenação a nível europeu, no combate à pandemia, assegurando "bom rastreio e ser muito disciplinados".

"Nas próximas semanas e meses, precisamos ser muito disciplinados. O que veremos é, por um lado, o número de infeções a aumentar, mas, por outro lado, vemos luz ao fundo do túnel, com a vacinação. E quanto mais aumentarem os números da vacinação, melhor será a nossa situação. Por isso, muita disciplina agora, muito trabalho duro. A vacinação tem que ser impulsionada. Isso trará a luz no fim do túnel".

"No que diz respeito ao processo de vacinação, aliás, estamos nisto juntos. E, foi muito bom que como a União Europeia, tivéssemos negociado os contratos. O resultado é que temos duas vacinas autorizadas no mercado. A da BioNTech e a da Moderna", lembrou.

A presidente adiantou que "até o final da semana, terão sido entregues 10 milhões de doses", e com a duas vacinas autorizadas, "há doses suficientes para vacinar 80% da população europeia".

"A AstraZeneca tornou-se a terceira empresa a solicitar autorização condicional de mercado. Esperamos que esteja concluído até o final do mês. Como podem ver, implementamos agora de forma massiva e rápida o programa de vacinação", afirmou.

A presidente da Comissão Europeia saúda a medida proposta pelo chefe do governo grego sobre o chamado passaporte para a vacinação. Mas, por agora saúda a medida

Von der Leyen saúda a ideia da criação de um passaporte para as vacinas,
proposta pelo chefe do governo grego, e que sugere a obrigação de uma certificado de vacina para os viajantes. Mas, por agora, considera que é precisa mais discussão.

"Com a vacinação, é uma absoluta necessidade médica ter um certificado de que se foi vacinado. Portanto, saúdo a iniciativa do primeiro-ministro grego para que haja um certificado de vacinação mutuamente reconhecido. O que quer que venha a ser decidido, [por exemplo] se dá prioridade ou acesso a certos bens, é uma decisão política e jurídica, que deve ser discutida a nível europeu. Mas eu acho que é importante e é uma necessidade médica que exista um certificado para quem foi vacinado", afirmou.

Von der Leyen espera agora poder trabalhar com o governo português, no âmbito da presidência portuguesa, sobre a qual diz ter "uma expectativa muito positiva".

"Em primeiro lugar, é claro, temos que trabalhar muito para superar esta pandemia. Há muito trabalho pela frente. Mas também temos que apresentar juntos o grande pacote da NextGenerationEU, o nosso pacote de recuperação de 750 mil milhões de euros, e garantir que ele não ajuda apenas a recuperação da economia europeia, mas também a modernização", afirmou, dando os exemplos do "Green Deal europeu, da digitalização e o aumento da resiliência".

Von der Leyen deixa também um "agradecimento à presidência portuguesa", por "ter deixado claro que o ângulo social é tão importante, porque, no fim das contas, as pessoas vão questionar-se, se tudo isto faz uma diferença positiva na minha vida".

Nesta entrevista coletiva, Von der Leyen pronunciou-se pela primeira vez sobre o caso da nomeação do procurador europeu, dizendo apenas que da parte da Comissão espera que a Procuradoria Europeia esteja operacional "o mais rapidamente possível".

Questionada sobre se o erro sobre os dados na carta de apresentação para a nomeação do magistrado José Guerra para a Procuradoria Europeia, não pode ensombrar a presidência portuguesa da UE, a presidente prefere não acrescentar comentários à polémica.

"A Comissão Europeia não está envolvida no processo de seleção dos procuradores europeus. Obviamente, a Comissão Europeia tem um grande interesse em que a Procuradoria Europeia esteja operacional o mais rapidamente possível. Esperamos, que isso aconteça no primeiro trimestre deste ano. Mas o processo de seleção de procuradores europeus é da responsabilidade do Conselho, e o Conselho está a tratar disso", afirmou.

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