'Speed dating' com escritores: cooperativa acusa Bertrand de plágio da ideia

Bertrand Livreiros promove encontros rápidos de 5 minutos dos leitores com escritores. Cooperativa acusa editora de o fazer "sem a sua autorização". Bertrand reconhece que ideia não é original e dá exemplos estrangeiros.
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O speed dating com escritores que a Bertrand vai promover a 22 de abril será afinal uma ideia com sete anos do Bairro dos Livros, que esta cooperativa de eventos culturais e de comunicação garante ter partilhado "há uns anos com a Bertrand, numa proposta confidencial" que a editora rejeitou.

Numa publicação na sua página do Facebook, esta terça-feira, o Bairro dos Livros recordou que, "em 2012", realizaram "um "speed dating literário com autores". E os responsáveis desta empresa explicaram que "o dispositivo era simples: encontros entre escritores e leitores que durassem 5 minutos".

O Bairro dos Livros dizem-se espantados com o que viram na noite de segunda-feira: "Deparámo-nos ontem à noite com esta publicação no Facebook da Bertrand Livreiros: um 'speed dating literário' de 'encontro com escritores' 'por amor aos livros' - sem a nossa participação nem autorização."

No post do Facebook da Bertrand, que anunciava a iniciativa, uma das responsáveis da equipa do Bairro dos Livros, Minês Castanheira, denunciava o plágio: "É excelente [a iniciativa]. Podia era ser original. O Bairro dos Livros fez isto em 2012 e até sugeriu à Bertrand, recentemente, recuperá-la. Por amor aos livros e tudo."

O gestor das redes sociais da Bertrand Livreiros admitiu que, "de facto, [a ideia] não é original - nem era nossa pretensão". E depois ironizam com a paternidade da ideia: "Também seguimos de perto o que se passa no mercado literário, em Portugal e noutros países. Acreditamos que as boas ideias devem ser celebradas."

A acompanhar este comentário, a Bertrand deixou dois links para duas notícias sobre iniciativas idênticas: uma no Canadá, datada de 2 de fevereiro de 2012 e atualizada em 3 de maio de 2018; outra de 12 de março de 2012, em Londres (Reino Unido).

A iniciativa do Bairro dos Livros aconteceu também em 2012, em 9 de junho. Esta empresa de comunicação, edição de livros e eventos reivindica a sua autoria. "Esta ideia foi partilhada há uns anos com a Bertrand, numa proposta confidencial. Queríamos muito voltar a fazê-la, mas, rejeitada a proposta, seguimos em frente."

O DN questionou a Bertrand Livreiros, esta terça-feira à noite, sobre a proposta confidencial que o Bairro dos Livros diz ter feito, mas não foi possível obter uma resposta até à hora de publicação deste texto.

O Bairro dos Livros - que "só existe porque connosco as ideias mais mirabolantes ganham vida" - aponta o dedo ao facto de as ideias não serem protegidas. "Pelo menos, não nos tiram o direito à indignação. E achamos que todos os que contribuem para a cultura e verdadeiramente amam os livros não têm como não se sentir indignados. Afinal de contas, mesmo sem estas coisas, a vida de uma pequena cooperativa já é difícil o suficiente, com tantos anos de trabalho e estudo pouco reconhecidos."

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