Sanitária, climática, no Benfica ou na TAP... As crises não dão tréguas

A Europa festejou no domingo um novo campeão europeu de futebol mas terminou a semana em choque com os resultados catastróficos das cheias na Alemanha e Bélgica.
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Sábado, 10 de julho

Três milhões de euros. Foi este o valor da caução fixada pelo juiz Carlos Alexandre para Luís Filipe Vieira poder sair de prisão domiciliária. É a segunda maior de sempre em Portugal. Certo é que as medidas de coação em nada vieram mudar o que já se tinha percebido logo no dia da detenção: o tempo de Vieira à frente do Benfica tinha terminado. O rol de suspeitas é extenso, o processo será longo e a autossuspensão de funções no clube (seguida da posse de Rui Costa) acabou por dar lugar, dias depois, à renúncia formal de LFV de todos os cargos no clube e na SAD. Agora, só novas eleições poderão legitimar quem está no poder, como é óbvio. O Benfica mantém que estas se vão realizar até final do ano, mas prolongar o reinado de uma direção ferida de morte pode revelar-se um tiro no pé do clube - e nas aspirações de Rui Costa em tornar-se presidente, eleito pelos sócios.

Domingo, 11 de julho

Em 1996, Football"s Coming Home, dos Three Lions, tornou-se o hino dos adeptos ingleses que, como a letra da canção dizia, ansiavam pelo fim de "trinta anos de sofrimento" - tantos como os que separavam Inglaterra da conquista caseira do Mundial em 1966 - e levantar de novo um troféu: o do Euro 96 disputado no Reino Unido (que seria ganho pela Alemanha). Em 2021, a música ganhou nova força graças à campanha da seleção inglesa rumo à final de Wembley com a Itália. Um jogo que a equipa de Mancini fez mais por ganhar, mas que só seria decidido nos penáltis. Aí brilhou o guarda-redes Donnarumma e o "It"s coming home" da canção foi logo adaptado nas redes sociais para "It"s coming Rome", destino final do troféu que estava nas mãos de Portugal. Agora é só substituir os "trinta anos de sofrimento" inglês por 55 para a atualização ficar completa...

Segunda-feira, 12 de julho

No período de 24 horas, o número de pessoas internadas em Portugal com covid-19 passou de 672 para 729 - um aumento de 57 doentes, o maior registado desde 8 de fevereiro. Apesar de a pressão sobre os hospitais ainda estar a anos-luz do que aconteceu em fevereiro, quando estavam hospitalizadas 6869 pessoas (1 de fevereiro) e 904 a precisar de cuidados intensivos (5 de fevereiro), várias unidades já começaram a preparar a resposta ao aumento dos casos, o que fará, mais uma vez, que a prestação de cuidados aos doentes não covid seja condicionada. O que só não aconteceu mais cedo graças ao bom ritmo da vacinação.

Terça-feira, 13 de julho

Mal os ministros das Finanças da UE aprovaram formalmente o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português, chegou o aviso de Marcelo e dirigido em particular a PS e PSD: é para cumprir. O Presidente da República exige o "máximo aproveitamento, eficiência e transparência" na execução do plano até 2026 (é também o ano em que termina o seu segundo mandato), independentemente "de quem exerça em cada momento funções governativas". Ou seja, o apelo é a um pacto de regime entre os dois maiores partidos nacionais, que resista às possíveis trocas de liderança - as autárquicas deste ano serão um teste de fogo à força de Rio e está ainda por saber se Costa tem vontade de se candidatar a formar novo governo em 2023.

Quarta-feira, 14 de julho

"A infeção é sempre um fator determinante, mas tem de ser adaptada ao risco e, neste momento, um maior número de infeções não se traduz no risco de aumento de mortes." A frase do virologista Pedro Simas é clara e surge em reação a um novo modelo para avaliar o impacto da covid-19 apresentado pela Ordem dos Médicos e o Instituto Superior Técnico. Estes juntaram à incidência e à transmissibilidade - o R(t) - mais três indicadores básicos: letalidade, internamentos em enfermaria e em UCI. Uma proposta que não olha apenas para a atividade do vírus mas também para a gravidade dos casos (traduzida em mortes e internamentos), traçando assim um retrato mais completo da doença no país. Marta Temido diz que todos estes indicadores já são considerados nas decisões do governo. Mas a matriz oficial que é mostrada aos portugueses continua sem os refletir, o que causa, no mínimo, um problema de comunicação desnecessário.

Quinta-feira, 15 de julho

Portugal sente por estes dias os efeitos de uma vaga de calor, em claro contraste com vários países da Europa onde a chuva intensa provocou centenas de vítimas mortais e danos em várias cidades, principalmente na Alemanha e na Bélgica. "Vivemos inundações de dimensões catastróficas. Somos uma região habituada a inundações, mas o que vivemos é uma catástrofe", descreveu Malu Dreyer, líder regional da Renânia-Palatinado, uma das zonas mais afetadas. Estão ainda por localizar centenas de pessoas. As inundações são as mais mortíferas no continente europeu nos últimos 20 anos e seguem-se às registadas no outono de 2018, quando Itália foi particularmente atingida por grandes chuvadas e vento forte, tendo morrido mais de 30 pessoas.

Sexta-feira, 16 de julho

A Comissão Europeia voltou esta sexta-feira a dar luz verde ao empréstimo de emergência de 1200 milhões euros de euros à TAP (que já aprovara em 2020, mas tinha sido contestado pela Ryanair e anulado pelo Tribunal Geral da UE, embora sem efeitos suspensivos). Mas, por outro lado, anunciou que vai investigar "se o plano de reestruturação dado à transportadora portuguesa [no valor de 3200 milhões] está em linha com as regras da UE sobre ajudas de Estado atribuídas a companhias em dificuldade". No fundo, Bruxelas quer saber se a TAP e os operadores de mercado estão a dar o devido contributo para os custos de reestruturação ou se esta despesa não depende "em excesso do financiamento público", distorcendo assim as regras de mercado e de concorrência face a outras companhias aéreas.

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