Vieira renuncia ao mandato. Candidatos a ir a votos com Rui Costa não faltam

Benfica Vieira deixou as funções que exercia através de carta enviada à mesa da Assembleia Geral. Rui Costa confirmado como presidente, Jaime Antunes será promovido a vice-presidente.

Luís Filipe Vieira apresentou ao final da tarde de quinta-feira a renúncia à presidência do Benfica e à administração da SAD encarnada, em cartas enviadas à Assembleia Geral do clube e à sociedade anónima. Depois de ter suspendido funções na passada sexta-feira, na sequência da prisão domiciliária (até apresentar uma caução de 3 milhões de euros) decretada pelo juiz Carlos Alexandre, no âmbito da Operação Cartão Vermelho, o agora ex-presidente avançou para o pedido de demissão oficial. É o fim da mais longa presidência encarnada: quase 18 anos. E tudo por via das suspeitas de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

A demissão "com efeitos imediatos", pela carta a que o DN teve acesso, foi oficializada por volta das 19.00 e confirma a continuidade de Rui Costa como presidente e a promoção de Jaime Antunes, que passa de suplente e vice-presidente do clube, algo que será anunciado esta sexta-feira, após a reunião de direção. Só depois serão oficializadas as mudanças na Benfica SAD. A renúncia de Vieira, que curiosamente surgiu quase ao mesmo tempo que José António dos Santos, outro dos arguidos neste processo, renunciou à presidência da Caixa Agrícola da Lourinhã.

A decisão surge um dia depois do Conselho Fiscal da SAD do Benfica ter informado a CMVM que iria proceder à cessação de funções de Luís Filipe Vieira no prazo de 30 dias, após ter declarado a autossuspensão. Isto tendo em conta as medidas de coação que foram aplicadas ao agora ex-presidente, "em especial a proibição de contactar com os demais" administradores, o que "resulta na impossibilidade de exercer funções como membro do órgão de administração".

Rui Costa com concorrência

Reunidos na passada terça-feira, os órgãos sociais do clube decidiram avançar para eleições antecipadas até ao final do ano, mas ainda não avançaram com uma data, alegando que está um empréstimo obrigacionista a decorrer, além de estar em preparação a nova época desportiva, na qual é fundamental o apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões no futebol. Nesse sentido, o mais provável é que o ato eleitoral decorra depois em outubro ou novembro.

Apesar de ser um símbolo do clube, Rui Costa, o presidente em funções não reúne consenso, mas é, para já, o que está melhor posicionado para ir às urnas. Tem o senão de ter estado ao lado de Vieira nos últimos 13 anos, mas ninguém acredita que abdicará de ir a votos em nome próprio e com uma lista sua, mesmo convidando alguns dos atuais dirigentes.

Ainda assim terá de ter em conta o homem que reuniu 34,71% de votos nas eleições de outubro: João Noronha Lopes. Fonte próxima do gestor disse ao DN que não há um timing definido para anunciar se o ex-candidato vai ou não a votos, até porque não se sabe quando será o ato eleitoral. Sobre a renuncia de Vieira nada a dizer "pelo menos esta semana". Com um percurso profissional foi iniciado na advocacia e com passagens pela multinacional McDonald"s, Noronha Lopes quererá aproveitar-se desse balanço eleitoral para voltar a servir o Benfica, depois de ter feito parte da direção do presidente Manuel Vilarinho.

Quem o acompanhou nas anteriores eleições foi Francisco Benitez, líder o movimento Servir o Benfica, enquanto candidato à mesa da Assembleia Geral Agora, congratula-se com a decisão de eleições antecipadas, mas quer que sejam marcada até ao final do mês de julho. Além disso exige a marcação da Assembleia Geral Extraordinária que foi pedida com uma base de mais de 11 mil votos de 334 sócios: "É fundamental para garantir a aprovação de um regulamento eleitoral, inexistente no Sport Lisboa e Benfica, que garanta a transparência do processo e equidade no acesso aos meios de comunicação do clube, a todos os candidatos nos futuros actos eleitorais, nomeadamente no próximo,".

Também o movimento Benfica Bem Maior tem ganho projeção pela voz de João Braz Frade. "Vamos apresentar candidatura própria. Não temos uma data para o fazer, mas a intenção é esperar para que seja marcado o ato eleitoral... a não ser que demorem muito fazê-lo", disse ao DN Braz Frade, ainda antes de saber da renúncia de Vieira, garantindo que "nomes não faltam": e um deles é Diogo Silveira, atual presidente da GALP.

E Rui Gomes da Silva, vice-presidente de Vieira entre 2009 e 2016, irá novamente às urnas depois do resultado aquém das expectativas de outubro? O advogado reuniu apenas 1,64% num processo eleitoral que reelegeu Luís Filipe Vieira com 62,59%. Gomes da Silva tinha exigido eleições, mas ainda não avançou qualquer candidatura.

O processo eleitoral ainda está muito no início, sendo certo que o desfile de nomes será natural.

isaura.almeida@dn.pt

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