Rajoy diz que moção de censura acentua instabilidade em Espanha

Rajoy reagiu de forma dura contra a moção de censura que o líder do PSOE pretende promover contra o governo do PP
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Rajoy disse esta sexta-feira, na Moncloa, aos jornalistas, que a moção de censura do PSOE foi anunciada depois de aprovado o orçamento do Estado, prejudicando a economia espanhola, acentuando a instabilidade em Espanha, onde se teve que aplicar o artigo 155.º da Constituição espanhola por causa da deriva independentista vivida na Catalunha. "Debilita claramente Espanha", disse o primeiro-ministro, questionado sobre o impacto da mesma.

A decisão de Sánchez foi conhecida um dia depois de o tribunal ter dado a conhecer a sentença do caso Gürtel, com penas pesadas para 29 dos acusados, como o ex-tesoureiro do PP, Luis Bárcenas, que foi condenado a 33 anos de prisão e a uma multa de 44 milhões de euros. O PP foi condenado a uma multa de 245 mil euros.

"Esta moção assenta numa falsidade. A sentença vai ser alvo de recurso. Não é definitiva. Nenhum membro deste governo que agora se pretende censurar esteve a ser julgado neste caso. Nenhum membro deste governo teve nada que ver com o que se passou à altura dos acontecimentos", afirmou Rajoy, sublinhando que "a responsabilidade imputada ao PP é civil e não penal".

A moção de censura é assinada pelos 84 deputados do grupo parlamentar do PSOE, sendo Pedro Sánchez o candidato à liderança do governo. O líder socialista, desafiado na véspera pelo líder do Podemos, Pablo Iglesias, a tomar esta medida, diz que a moção de censura é para governar e não indica quando poderá convocar eleições. O Ciudadanos de Albert Rivera defende que a moção de censura devia servir para convocar eleições antecipadas. Mas Rajoy garantiu aos jornalistas que o seu objetivo é ficar até ao fim desta legislatura.

"A moção de censura interessa apenas ao senhor Sánchez, que perdeu as últimas eleições e, desde então, procura o seu lugar na política espanhola. Esta moção não é consequência de nada", disparou Rajoy, acusando Sánchez de querer unir-se a qualquer um para chegar ao poder, admitindo que, "qualquer dia o veremos aliado ao senhor [Carles] Puigdemont", referindo-se ao ex-presidente da Generalitat da Catalunha atualmente exilado em Berlim.

"Sánchez carece de legitimidade moral, pois é preciso perguntar-lhe então se vai demitir-se se o PSOE for condenado nos casos em que estão a ser investigados políticos do partido", sublinhou ainda o chefe do governo espanhol, referindo-se a casos como o dos ERE, na Andaluzia.

Recorde-se que, perante o impasse político em Espanha, após as últimas legislativas de 2016, em que nenhum partido obteve maioria absoluta, o PSOE viabilizou pela abstenção a continuação de Rajoy e do PP no poder. Sánchez demitiu-se de líder do partido e voltou, mais tarde, a ser reeleito secretário-geral do partido.

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