Surto na região de Lisboa preocupa. Há mais mulheres e cada vez mais jovens infetados
Mais 14 mortes e 152 infetados (131 na região de Lisboa) nas últimas 24 horas em Portugal. Destaque ainda para os recuperados, que, após um acerto de números, são agora mais do dobro dos infetados. Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), deste domingo (24 de maio), há agora no país 30 623 casos de covid-19 e 17 549 recuperados, que já são mais do que os casos ativos, por exemplo (13 074).
Os surtos em Lisboa e Setúbal preocupam as autoridades de saúde. Os números falam por si: Dos 152 novos casos, 131 são na região da capital, que totaliza agora 9423 casos e 316 mortes. Sintra estagnou depois de entrou para a lista dos sete concelhos com mais de mil casos. A saber: Lisboa (2177), Vila Nova de Gaia (1552), Porto (1347), Matosinhos (1269), Braga (1209), Gondomar (1077) e Sintra (1006).
O norte registou um abrandamento considerável (apenas mais 11 casos, nas últimas 24 horas), mas continua a ser a região que totaliza mais infetados e onde mais se morre, com 16 678 positivos e 738 mortes. Já no centro houve apenas a registar mais 10 casos do que no sábado, num total de 3683 e 231 mortes.
E são agora quatro as regiões sem novos casos a registar. O Alentejo (253 casos e uma morte) e o Algarve (361 casos e 15 mortes) juntaram-se à Madeira (90 casos e zero mortes) e os Açores (135 casos e 15 mortes).
A zona da Azambuja e o interposto comercial está na origem no maior surto recente. Só a Sonae tem 109 trabalhadores infetados. E desses apenas um está hospitalizado, "em enfermaria e com uma situação estável", segundo a diretora-geral da Saúde. Os restantes apresentam sintomas leves, outros estão assintomáticos.
Quanto a outros focos naquela zona, as autoridades de saúde, autarquias e empresas estão a acompanhar a situação, segundo Graça Freitas: "Relativamente às entidades empregadoras, há reuniões no sentido de estas organizarem as pausas dos trabalhadores, os circuitos de entradas e saídas e dentro das empresas e a utilização dos espaços comuns."
Entre as explicações para o aumento de infetados em Lisboa e Vale do Tejo, Marta Temido avançou que os novos casos devem estar ligados "a períodos de relaxamento", como pausas para descanso ou almoço. Uma declaração que levou o PCP a sair em defesa dos trabalhadores já este domingo e que levou a ministra a clarificar que os intervalos enquanto momentos de relaxamento fazem parte do "período normal de trabalho". E por isso não desresponsabilizam as empresas.
No balanço semanal percebe-se que 55% dos novos casos eram residentes no distrito de Lisboa, sendo agora o segundo distrito mais representado o de Setúbal, com 13% dos novos casos. O distrito do Porto passa a ser o terceiro mais representado, com apenas 11% dos novos casos.
Segundo a DGS 50% dos novos casos eram sintomáticos e 33% eram assintomáticos e que 53% tinham registo de informação sobre o tipo de transmissão. Ou seja sabiam como tinham sido infetados ou se podem ter infetado alguém.
Dos 1504 novos casos que constituíram a análise semanal, só 244 tinham profissão registada e desses 80 eram profissionais de saúde. Ficou ainda regista que o novo coronavírus atinge mais as mulheres (48% dos casos) e que está a atingir cada vez pessoas mais jovens: 36% dos casos novos estão agora no grupo etário entre os 20 e os 39 anos.
Há muito que se questionava as autoridades de saúde sobre a fraca evolução quanto aos recuperados, que agora mais do que duplicou. Segundo a ministra da Saúde explicou no sábado o aumento de 9652 casos deve-se a um acerto de números, uma vez que os recuperados que estavam registados na TraceCovid não tinham sido contabilizados.
Até agora o registo de utentes recuperados que consta no relatório diário tinha como base única exclusivamente as notificação dos hospitais e unidades de saúde, onde já recuperaram cerca de 8 mil pessoas. Depois do acerto, percebe-se que houve um aumento de 9959 recuperados, 9652 do TraceCovid e mais 307 de sábado para domingo, num total de 17 549.
O boletim da DGS indica ainda que o sintoma mais comum entre os infetados é a tosse (que afeta 41% dos doentes), seguida da febre (29%) e de dores musculares (21%).
"Ate ao final da semana passada, mais de 30% da atividade de consultas e cirurgias que havia sido suspensa já estava remarcada", assegurou este domingo a ministra da Saúde, na conferência de imprensa diária conjunta com a DGS, sobre o covi-19
A retoma da atividade de consultas externas e cirurgias por parte Serviço Nacional de Saúde (SMS) ainda está a ser desenhada a partir dos levantamentos feitos nos próprios hospitais, estando previstas reuniões para esta semana.
Marta Temido garantiu ainda que o SNS não abandona doentes "à sua sorte", quando questionada sobre uma reportagem da RTP no hospital Beatriz Ângelo, em Loures, onde há doentes com covid-19 internadas por não terem para onde ir. "Os doentes com diagnóstico confirmado por covid-19 internados têm-se mantido desde o dia 16 à data de 22 de maio na casa dos 57, sendo 58 no dia 22 de maio. O hospital tem uma lotação de cerca de 400 camas. É o maior hospital PPP do SNS. Em termos da capacidade hospitalar este número de doentes internados por Covid-19 ainda compara bem", explicou, lembrando que muitas vezes se trata de doentes "à espera da resposta social".
A solução pode passar pela "deslocação de utentes para outros hospitais" ou "o encaminhamento para estruturas específicas".
O futebol tem regresso marcado para o dia 3 de junho à porta fechada, mas as forças de segurança e a DGS estão preocupadas com o ajuntamento de adeptos em cafés ou junto aos estádio. "É evidente que isso [concentrações de adeptos junto aos estádios e rulotes] não vai poder acontecer da forma como estávamos habituados", disse Marta Temido, apelando à "responsabilidade social individual".
Marta Temido admitiu ainda falhas - "já ultrapassadas" - num lote de ventiladores encomendados, para responder à epidemia, mas garantiu que ainda não foi preciso recorrer a eles. Isto depois de o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, sobre a necessidade de avaliar qualidade dos ventiladores que chegaram.
Por fim a ministra abordou a proibição do Infarmed à distribuição do kits de teste à Covid-19 que já estão a ser usados em lares e creches. Para a ministra é preciso "distinguir" entre os "critérios de realização de testagem e critérios de introdução no mercado". Para Temido, o chumbo "é apenas sinal de que estão a funcionar e a fazer o seu papel". Por explicar ficaram se os 48 mil kits de fabrico português encomendado pelo SNS vão ser testados de novo.
Segundo o Observador, o Infarmed tem dúvidas acerca das provas de segurança e desempenho dos equipamentos, cujo relatório de avaliação só foi entregue um mês depois de os kits começarem a ser distribuídos.
Quanto aos ginásios, esses ainda não têm data para a reabertura.
O novo coronavírus já infetou mais de 5,4 milhões de pessoas no mundo inteiro, até este sábado, segundo dados oficiais. E desses há mais de dois milhões de casos ativos, sendo que mais de 53 mil estão em estado crítico. Há agora 2, 2 milhões de recuperados e 344 417 mortes a registar.
Os Estados Unidos da América são o país com a maior concentração de casos (1 666 829) e de mortes (98 683). Em termos de número de infetados, seguem-se a Rússia (344 481 e 3541 mortes) e o Brasil (349 113 e 22 165 mortes). Apesar de aparecer apenas em quinto lugar na lista mundial, depois da Espanha (282 370 e 28 678 mortes), o Reino Unido regista a segunda maior taxa de mortalidade a nível mundial, com 36 675 em 257 154 casos.
Portugal surge em 28.º lugar nesta tabela.
Segundo a Organização Mundial de Saúde há agora 12 países sem casos reportados, depois de aparecerem dois casos no Lesoto. Turquemenistão, Coreia do Norte, no continente asiático e ainda Micronésia, Ilhas Marshall, Nauru, Kiribati, Ilhas Salomão, Tuvalu, Vanuatu, Samoa, Tonga e Palau na Oceania.