A Polícia Judiciária (PJ) deteve os dois fuzileiros por suspeita de terem matado à pancada o agente da PSP Fábio Guerra, de 27 anos. Estão indiciados por homicídio qualificado..Foram detidos na base militar do Alfeite, onde estavam retidos desde a madrugada de sábado por ordem do comandante da unidade..Existe ainda um civil sob suspeita que terá sido identificado pelos próprios militares e responsabilizado por estes pelas agressões fatais (Fábio Guerra foi pontapeado na cabeça quando estava no chão)..No entanto, a PJ visualizou todas as imagens das câmaras de videovigilância junto à discoteca Mome (antiga Kapital, na av. 24 de Julho, em Lisboa), ouviu testemunhas, incluindo os outros três polícias que também foram agredidos, e concluiu ter indícios suficientemente fortes para deter os militares por homicídio qualificado..Os fuzileiros tinham alegado ter agido em legítima defesa e que o agente tinha sido o primeiro a agredi-los. Interrogados na Marinha, que instaurou de imediato um inquérito interno, terão confirmado que ripostaram, mas argumentaram que desconheciam estarem perante agentes da PSP - embora estes tenham garantido que se identificaram como tal para tentar travar uma violenta rixa no local..De acordo com o comunicado que a PSP divulgou horas depois dos acontecimentos, Fábio Guerra e outros três agentes da PSP - em dia de folga e todos trajando à civil - intervieram para acabar com uma rixa que estava a decorrer à porta da discoteca Mome, pelas 6.45 da manhã de sábado,.Acabaram, segundo a PSP, por ser "violentamente" agredidos por dez homens, acabando os quatro feridos, sendo que no caso de Fábio Guerra em estado crítico..O agente foi internado no Hospital de S. José já em estado de paragem cardiorrespiratória, depois de ter caído ao chão e ter sido aí pontapeado na cabeça..Morreu esta segunda-feira, pelas 9.58 da manhã, vítima, de acordo com a PSP, de "graves lesões cerebrais". Os outros três agentes foram também internados mas tiveram alta poucas horas depois..Os dez alegados agressores puseram-se em fuga mas depois dois deles, os militares fuzileiros já referidos, entregaram-se na sua unidade militar..Face ao estado em que Fábio Guerra ficou, estendido no chão e inanimado, os dois fuzileiros - ambos praticantes de boxe num ginásio da Margem Sul do Tejo - podem ser ainda sancionados disciplinar e criminalmente pela omissão de auxílio..Perante a notícia do falecimento de Fábio Guerra, a Marinha Portuguesa emitiu uma nota de pesar "reiterando que se encontra disponível para colaborar com as autoridades policiais, com vista ao apuramento de todos os factos"..Na rede social Twitter, o ministro da Defesa falou como se já não houvesse dúvida sobre a responsabilidade dos dois fuzileiros na morte do agente da PSP. "Os factos deste trágico evento serão apurados e imputados a quem tenha agido ao arrepio da lei e dos valores militares como a honra e a disciplina", escreveu João Gomes Cravinho..O Presidente da República emitiu uma nota na qual manifestou tristeza e pesar pela morte do agente da PSP Fábio Guerra, assinalando as "circunstâncias trágicas" em que tal aconteceu. "Ao tomar conhecimento do falecimento prematuro do agente Fábio Guerra, o Presidente da República manifestou a sua tristeza e pesar pela perda de uma vida em circunstâncias tão trágicas", lê-se no comunicado presidencial.."O agente Fábio Guerra será recordado pela sua abnegação, coragem e dedicação ao serviço do próximo e da segurança pública. O Presidente da República endereça as mais sentidas condolências à família do agente Fábio Guerra, bem como aos seus amigos e aos profissionais da PSP", lê-se ainda..A ministra da Administração Interna (que tutela a PSP), Francisca Van Dunem, manifestou a sua consternação pela morte de Fábio Guerra, realçando a coragem do agente policial e reiterou que as autoridades tudo farão para "o rápido esclarecimento dos factos".."Neste momento de grande dor, quero transmitir à família do agente Fábio Guerra, em meu nome e em representação do Ministério da Administração Interna e do Governo, o sentimento de solidariedade e de genuína condolência face à tragédia que se abateu sobre o seu ente querido", refere a nota da ministra..Nas palavras de Francisca Van Dunem, este é o momento de garantir a Fábio Guerra um "funeral digno da vontade de paz que evidenciou, da coragem que revelou e do exemplo que deu como cidadão e como agente da PSP".