Pinto da Costa acusa DGS de "cortar a liberdade" dos jogadores
Pinto da Costa, presidente do FC Porto, foi recebido esta segunda-feira pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, numa audiência para debater o momento do Porto Canal, inserida numa série de reuniões com proprietários de órgãos de comunicação social.
À saída do encontro, o líder portista aproveitou para deixar algumas críticas às normas de conduta que estão a ser elaboradas para o regresso da I Liga, nomeadamente relativamente àquilo que considerou ser a privação da liberdade dos futebolistas.
"Há coisas que não compreendo muito bem, mas se calhar não são fáceis de compreender. Não compreendo como se quer proibir um profissional de futebol, que vai fazer a sua atividade profissional e depois tem que ir para casa e não pode conviver com ninguém. É um desprezo para com todos os outros profissionais. Porque é que um profissional da restauração pode ir para onde quiser quando sair do trabalho? Isso é cortar a liberdade das pessoas e é injustificado. Mas para isso há os experts que estão a analisar a situação", afirmou Pinto da Costa, admitindo que há "desagrado generalizado" por parte de alguns atletas, manifestado nas últimas horas pelos portistas Danilo Pereira, Zé Luís e Soares, e pelo sportinguista Francisco Geraldes.
Nesse sentido, o presidente do FC Porto garantiu que "se a norma de conduta não vier complicar, há todas as condições para voltar o futebol". E deixou uma certeza: "Se o futebol não puder voltar, então não pode voltar atividade nenhuma", disse, lembrando que os trabalhadores de restauração "correm muito mais perigo" do que "um jogador na casa dos 20 ou 30 anos, com alimentação cuidada e assistência médicos da máxima atenção".
A Direção Geral da Saúde também esteve na mira das críticas Pinto da Costa. "Fizeram uma reunião, elaboraram um documento sem ouvir especialistas como o doutor Filipe Froes, que colabora com a Liga, e sem ouvirem os médicos dos clubes, que são aqueles que lidam com os jogadores, acho estranho. Não tenho poder para obrigar a ouvir quem quer que seja", resumiu.
Questionado sobre a possibilidade de o campeonato ser anulado no caso de não se poder ser concluído, Pinto da Costa também foi claro: "O que se jogou não pode ser anulado. Se se resolver não jogar pode dar-se o campeonato por decreto a quem quiserem. O que tem sido feito nos outros campeonatos que acabam é com a classificação que está, não a que gostaríamos que fosse. Na II Liga subiram os que estavam em primeiro e em segundo."