O PS reagiu hoje insistindo várias vezes na palavra "estranheza" face a declarações esta manhã da líder do Bloco de Esquerda, numa entrevista ao Observador, dizendo que se o OE2021 for chumbado "o Governo pode apresentar outro"..A líder parlamentar dos socialistas, Ana Catarina Mendes, disse esta tarde aos jornalistas no Parlamento que estas declarações de Catarina Martins causam "estranheza" por três razões: porque o OE2021 "está a horas" de começar de novo a ser negociado entre o BE e o Governo (esta noite, numa reunião de António Costa com Catarina Martins no gabinete do PM); e porque "ao longo de meses" houve negociações do Governo com os partidos à esquerda; e porque este é um Orçamento "de forte cariz social".."Foi com estranheza que ouvi a líder e coordenadora do Bloco de Esquerda pedir ao país, como se de uma coisa simples se tratasse, para que o Governo apresente um novo Orçamento. Ora, durante meses e meses, o Governo negociou esta proposta, que entrou na Assembleia da República na semana passada, com todos os parceiros políticos dos últimos cinco anos", afirmou a líder parlamentar do PS..Segundo acrescentou, a ideia de Catarina Martins de sugerir uma nova proposta de Orçamento, além de ignorar que o documento em cima da mesa é resultado de vários meses de negociações, "representa também uma irresponsabilidade, porque se torna impossível fazê-lo"-."E torna-se impossível fazê-lo porque as reivindicações feitas pelo Bloco de Esquerda estão consagradas na proposta de Orçamento", sustentou, antes de apontar como exemplos o reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e da proteção social dos desempregados, e a garantia de que o Fundo de Resolução "não terá dinheiro público"..Por isso, de acordo com Ana Catarina Mendes, a atuação do BE "está a revelar-se impossível e irrealista", causando ao PS, do ponto de vista político, "imensa estranheza". "Estamos a horas de voltar à mesa das negociações com o Governo, incluindo o Bloco de Esquerda. Como bem sabe o Bloco de Esquerda, a proposta de Orçamento tem um período de especialidade e está ainda aberta a um conjunto de negociações", referiu..Facebookfacebookhttps://www.facebook.com/SedeNacionalPartidoSocialista/posts/3717739651571665.Na entrevista desta manhã, a coordenadora do BE considerou inaceitável que o primeiro-ministro acuse comunistas e bloquistas por se juntarem à direita se chumbarem o Orçamento, afirmando que é o PS que "não negoceia", e rejeitou um país em duodécimos.."O que eu acho inaceitável é o primeiro-ministro dizer uma coisa como: se PCP e Bloco se juntarem à direita. Mas agora cada vez que o PS não negoceia acha que a esquerda se junta à direita? O que é isto? Isto é inaceitável em democracia", afirmou.No sábado, num encontro digital promovido pelo PS, António Costa avisou que o próximo Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) "só chumba se BE e PCP somarem os seus votos à direita" e disse ter dificuldade em perceber como é que a esquerda não apoia este documento..Questionada sobre a possibilidade de o país ter de ser governado em duodécimos num cenário de chumbo do OE2021, a líder bloquista começou por sublinhar que o primeiro-ministro já referiu "que o país em duodécimos não seria uma crise política"..Catarina Martins afirmou em seguida esperar que António Costa "não queira duodécimos porque aquilo que o país precisa é de um Orçamento do Estado que responda à crise" e que é sobre isso que o "BE está muito concentrado".."Se não existir um orçamento o Governo pode apresentar outro", defendeu, considerando ser uma "irresponsabilidade deitar a toalha ao chão"..Na perspetiva de Catarina Martins, "há uma forma terrível de fazer política nos momentos difíceis" que é todos começarem "a arranjar desculpas para falhar". "O Bloco de Esquerda não arranjará desculpas para falhar. Espero que não seja isso [que o PM quer]. Espero que queira mesmo um Orçamento do Estado. É o que o BE quer.".O primeiro-ministro, António Costa, reúne-se hoje, em São Bento, com o BE, PCP e PAN para procurar um acordo para a viabilização da proposta do Governo de OE2021, tendo na quarta-feira um encontro com o PEV, outro dos parceiros parlamentares do PS desde novembro de 2015..Na segunda-feira à noite, o primeiro-ministro afirmou, em entrevista à TVI, que nunca contribuirá para crise política e não virará a cara ao país, depois de questionado se continuará em funções caso o Orçamento chumbe e tenha de governar em duodécimos..Na primeira parte de uma hora de entrevista, na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, António Costa foi confrontado com o cenário de a proposta de Orçamento do Estado para 2021 não passar na Assembleia da República..Interrogado se tenciona demitir-se caso seja forçado a governar por duodécimos, o primeiro-ministro respondeu: "Se há coisa que eu não contribuirei nunca é para haver crise política no contexto desta crise pandémica, desta crise económica e desta crise social".."Eu não viro as costas ao país neste momento de crise e tudo farei para poupar o país a qualquer tipo de crise", reagiu, perante a insistência dos jornalistas no sentido de saber se se demite caso o Orçamento chumbe no parlamento..A Assembleia da República começa em 27 de outubro a debater a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2021, estando a votação na generalidade marcada para o dia seguinte, 28..Até agora, o executivo de António Costa ainda não dispõe de quaisquer garantias políticas dos parceiros parlamentares dos socialistas para a viabilização do Orçamento e considera-se que esta semana será "decisiva" em relação aos resultados das negociações..Na segunda-feira, à noite, em entrevista à TVI, interrogado se tenciona demitir-se caso seja forçado a governar por duodécimos, o primeiro-ministro respondeu: "Se há coisa que eu não contribuirei nunca é para haver crise política no contexto desta crise pandémica, desta crise económica e desta crise social".