A campanha "Ninguém fica para trás" nasceu em Lisboa e pretende criar "uma vaga de fundo" que apoie os mais prejudicados pelas consequências socioeconómicas da pandemia da covid-19, em áreas fundamentais como a habitação e o emprego.."O objetivo é mesmo não deixar ninguém para trás e, por isso, elegemos algumas áreas prioritárias, nas quais é necessário o apoio: saúde, habitação, gratuitidade de alguns serviços, emprego e o indulto para crimes menores", explicou Antonio Gori, um dos criadores do movimento, à agência Lusa. Gori é italiano, nascido perto de Florença e vive em Portugal há vários anos..A campanha nasceu nos bairros lisboetas de Arroios, Areeiro e São Vicente, e junta cerca de 60 pessoas, a maioria das quais trabalhadores precários de call centers e das áreas do turismo e da cultura.."Poucos dias antes da declaração do estado de emergência, percebemos que tudo isto iria afetar muita gente e, por isso, decidimos avançar com estas demandas, primeiro nas redes sociais e agora também com cartazes que colocámos na rua, quando interrompemos a nossa quarentena para ir ao supermercado ou ajudar alguém do bairro", explicou Antonio Gori..Os cartazes que espalharam defendem algumas medidas assentes em seis áreas: "Saúde para toda a gente", "Casas para toda a gente", "Gratuidade dos serviços essenciais", "Rendimento social de quarentena", "Manutenção dos postos de trabalho" e "Indulto de presos por crimes menores e dignidade para todos"..Nas redes sociais Facebook, Twitter e Instagram, a campanha, que junta também várias associações culturais, está, segundo Antonio Gori, "a ter muito sucesso".."Temos recebido muitas mensagens de apoio e de pessoas a perguntar como podem ajudar", contou o italiano, que vive em Portugal há vários anos, garantindo que o objetivo "é criar uma vaga de fundo para levar a mensagem a quem tem o poder de decidir"..Grupo começou por ajudar os sem abrigo."Sabemos que as consequências socioeconómicas desta pandemia vão durar muito tempo, por isso, é preciso criar uma solidariedade global para os que mais precisam", explicou, admitindo que a "campanha pode juntar muitas pessoas na rua, quando isso for possível"..Durante alguns dias, os criadores da campanha prestaram ajuda aos sem-abrigo dos bairros onde vivem confecionando e distribuindo comida e, segundo Antonio Gori, só pararam com essa atividade quando perceberam que o "Estado e o exército estavam a dar-lhes o apoio necessário"..Atualmente, explicou, ainda existem "brigadas de solidariedade para apoiar os mais idosos"..Antonio Gori, que trabalha como freelancer na área da edição de livros, acredita que, no que diz respeito à pandemia da covid-19 Portugal tomou medidas "mais cedo do que a Itália", onde já morreram mais de 12.400 pessoas.."Creio que isto não teria acontecido com esta dimensão se os nossos países não tivessem desinvestido no serviço nacional de saúde", afirmou o italiano..O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 866 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 43 mil..Dos casos de infeção, pelo menos 172.500 são considerados curados..Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia..Em Portugal, segundo o balanço feito esat quarta-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 187 mortes, mais 27 do que na véspera (+16,9%), e 8.251 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 808 em relação a terça-feira (+10,9%).