O antigo ministro Azeredo Lopes soube previamente do plano da Polícia Judiciária Militar (PJM) para recuperar as armas furtadas em Tancos e à revelia das autoridades responsáveis pelo caso..A informação consta de um despacho do Ministério Público (MP), noticiado sexta-feira pela revista Sábado, onde se lê que Azeredo Lopes foi informado da operação em agosto de 2017, cerca de dois meses antes da sua execução..O antigo governante tem afirmado repetidamente a sua inocência, em especial quando há dias foi conhecida a decisão de o constituir arguido, e voltou a fazê-lo agora. Em comunicado, Azeredo Lopes lamentou "a flagrante violação do segredo de justiça que tal notícia consubstancia, e a que todos os agentes processuais estão obrigados por lei".."Mais uma vez digo que, não obstante este episódio, confio na Justiça, com ela colaborarei, como é meu dever, e estou convicto, porque nada fiz de ilegal ou incorreto, que serei completamente ilibado de quaisquer responsabilidades neste processo", refere Azeredo Lopes..Segundo o despacho do MP, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) indica que Azeredo Lopes esteve reunido em agosto de 2017 com o então diretor-geral da PJM, coronel Luís Vieira, onde foi informado - e aprovou - o plano para a recuperação do material furtado dos paióis do Exército em Tancos no final de junho desse ano..O ex-ministro é um dos 24 arguidos do processo que investiga o furto de armas de guerra nos paióis de Tancos. Azeredo Lppes está proibido de contactar com os outros arguidos, com o seu ex-chefe de gabinete e com o antigo chefe de Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte..Quase três meses após a divulgação do furto das armas, marcados por forte polémica política e mediática quanto à falta de segurança dos paióis e sobre o potencial destino do material, a PJM revelou o aparecimento do material na zona da Chamusca - a cerca de 20 quilómetros de Tancos - e durante um forte temporal..No comunicado, a PJM anunciou ter recuperado o material na madrugada do dia 18 de outubro de 2017 e em colaboração com elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé..O processo de recuperação do material militar levou a uma investigação judicial, por suspeitas de associação criminosa, tráfico de armas e terrorismo no furto do armamento, no âmbito da qual foram detidos o coronel Luís Vieira e o ex-porta-voz da PJM Vasco Brazão e três militares da GNR, num total de oito militares..luís Vieira, durante a sua audição perante a comissão parlamentar de inquérito ao caso de Tancos, justificou ter agido como militar em vez de como polícia e por entender que o Ministério Pública nunca deveria ter retirado a PJM da investigação, transferindo-a para a esfera da PJ.