"Cada dia que passa, empresas e empregos desaparecem. Não podemos perder mais tempo em reuniões". Esta é uma das frases mais contundentes do manifesto que a Plataforma de Cidadania, fundada por várias figuras nacionais, entre as quais o ex-eurodeputado social-democrata Carlos Coelho, o ex-líder do PS António José Seguro, que também foi deputado em Bruxelas, o ex-comissário europeu Carlos Moedas, a presidente da fundação Champalimaud, Leonor Beleza e o ex-presidente o PSD Luís Marques Mendes..Este alerta de urgência na solidariedade entre Estados-membros da União Europeia para que se ultrapasse a crise económica gerada pela pandemia de covid-19 é feito num momento em que ainda não há sinais de que no próximo Conselho Europeu os líderes governamentais cheguem a um entendimento sobre a ajuda financeira aos Estados-membros..Os membros da Plataforma lembram que não sabemos aos certo qual será a dimensão da crise económica que resultará do bloqueio generalizado das economias europeias, mas afirmam que já é garantido que haverá "recessão severa e que abandonar os Estados-Membros a soluções nacionais ou parcelares é o mesmo que arrastar alguns deles para um caos que pode colocar em causa o mercado interno, a moeda única e as liberdades de circulação"..Por isso defendem que "está na hora de colocar o mesmo empenho na criação de soluções para crises económicas, para defender os empregos e os rendimentos dos trabalhadores, a mais-valia das empresas e cadeias de produção e o valor acrescentado de setores estratégicos". Um trabalho que exige, dizem, um compromisso de solidariedade dos Estados-membros..O manifesto pede ainda que perante a crise sanitária se possa aprender para preparar o futuro, reconhecendo os erros que foram cometidos. "Em lugar de uma resposta conjunta célere e eficaz, multiplicaram-se abordagens unilaterais e revelaram-se incapacidades estruturais que não basta identificar hoje (como o Parlamento Europeu reconheceu na sua resolução de 17 de Abril): precisamos corrigir para antecipar situações semelhantes, no futuro. Não pode voltar a acontecer.".E os fundadores da Plataforma de Cidadania lançam um desafio: "Está na hora da União Europeia aprofundar a integração em matéria de saúde pública e protecção civil"..E, por fim, dizem que é preciso defender a democracia e Estado de direito, num alertado sobressalto democrático. "Esta pandemia justificou a declaração de estados de emergência que não podem, em circunstância alguma, ser uma porta aberta à instituição de ditaduras ou afirmação de "democracias iliberais" que nada mais são que embriões de autocracias. Como afirmou uma Vice- -Presidente da Comissão Europeia: "o vírus não pode matar a democracia", refere o manifesto..Ou seja, "não basta à União Europeia proclamar os seus valores nos Tratados e na Carta dos Direitos Fundamentais: é preciso que esteja à altura dessas proclamações com a coragem de impedir a limitação dos direitos e das liberdades dos cidadãos"..A Palataforma quis assim celebrar o dia da Europa na ideia da "solidariedade de facto", proclamada por Schuman há 70 anos e que está na base da ideia de uma Europa unida..Entre outros fundadores da Plataforma estão a eurodeputada do PSD Lídia Pereira, o ex-ministro centrista Pedro Mota Soares, a eurdeputado do Bloco de Esquerda Mariasa Matias, o ex-ministro do PSD Miguel Poiares Maduro, a ex-deputada do PSD Zita Seabra e Rui Tavares do Livre.