Ele sempre disse que ia voltar - desde 1991 que o aviso está feito. É um regresso intemporal, em ciclos e sem fim. Ela, a heroína do segundo Exterminador, nunca disse que ia regressar nem um até "hasta la vista, baby". Pois bem, ambos estão de volta em mais um filme da série iniciada por James Cameron, agora à frente das operações no conceito e na produção. Linda Hamilton regressa do esquecimento e é divertida ao lado de um Schwarzenegger simpático..Exterminador Implacável: Destino Sombrio, realizado com genica e boas ideias por Tim Miller, o realizador do adorável Deadpool, é uma sequela direta a Exterminador Implacável: O Dia do Julgamento, de 1991. Cameron já veio a público dizer para esquecermos os outros Terminators - este é que é legítimo e com a verdadeira continuação. O pedido faz sentido, sobretudo porque as outras sequelas eram uma trapalhada tremenda, fazendo com que mesmo os fãs desta história de apocalipses do futuro perdessem o interesse à intriga. Enfim, é como se fôssemos obrigados a fazer um "delete" nos outros três filmes..Aqui, as peripécias seguem duas décadas após os acontecimentos do segundo filme, onde a personagem de Linda Hamilton, a mítica Sarah Connor, é agora uma mulher solitária e de ação, alguém que ainda chora a morte de John Connor, o seu filho que supostamente iria ser um líder na guerra pós-apocalipse contra as máquinas. E é de novo no presente que Sarah se apresta a ajudar uma jovem mexicana marcada para morrer por um exterminador vindo do futuro. Mas Sarah não está sozinha, ao seu lado tem Grace, uma mistura de soldado humano e ciborgue, também vinda do futuro, bem como o Terminator T-800 (Schwarzenegger), agora convertido em robô com consciência que quer ajudar os humanos..Confuso? Sim, mas parte da piada é essa ponta de equívocos narrativos que pode criar, bem como toda uma tendência para o absurdo. Tudo acaba por fazer mais sentido quando Miller aposta em tons de comédia afetiva, sobretudo na química entre Sarah e o exterminador, que foi sempre uma sombra negra na sua vida. Por muito que as cenas de ação sejam topo de gama de efeitos visuais com carne e metal líquido pelos ares, sobra sempre uma sensação de que a ligeireza do humor e a própria relação nostálgica com as memórias dos primeiros filmes são a primazia para este novo capítulo..1984: Exterminador Implacável.Se é verdade que ninguém pediu mais Exterminador, convém fazer então um ponto da situação, a começar pelos anos 1980, neste caso 1984, em que James Cameron se revelava com Exterminador Implacável, fusão genial entre cinema de ficção científica e ação. Schwarzenegger também se impunha como action hero como uma máquina de matar vinda do futuro com a missão de destruir a mãe daquele que poderia ser o líder da resistência humana..1991: O Dia do Julgamento.Em 1991, o mesmo James Cameron continua a história, de novo com Schwarzenegger na pele de um outro robô vindo do futuro, desta vez para proteger John Connor, o tal menino que poderá vir a ser o líder da resistência humana após o apocalipse. O filme tornar-se-ia um sucesso de público e da crítica, colocando frases como Hasta la Vista, Baby e I'll be Back na história do cinema. Cameron era nessa altura o cineasta de Hollywood que melhor aplicava o avanço dos efeitos digitais e assinava um filme à frente do seu tempo..2003: Ascensão das Máquinas.Uma década depois, em 2003, os sarilhos começam. Jonathan Mostow fica com a pasta e dirige um blockbuster em que as ideias são repetidas e a lógica nem sempre joga a seu favor. Exterminador Implacável 3 - Ascensão das Máquinas não era particularmente memorável e já mudava de elenco. Nick Stahl era John Connor, substituindo o problemático Edward Furlong num guião que dispensava a figura da mãe. Schwarzenegger é de novo um exterminador vindo do futuro, mas enviado pela resistência para ajudar Connor a sobreviver a um exterminador feminino enviado também do futuro pelas máquinas..2009: A Salvação.Em 2009, a Warner fica com o franchise e atira-nos Exterminador Implacável: A Salvação, o pior filme até à data, realizador por McG, o cineasta de Charlie's Angels. Um argumento que dispensa a presença do Terminator de Schwarzie e imagina o futuro apocalítico em 2018, em que a resistência humana tenta sobreviver num mundo massacrado pelas máquinas. Christian Bale é John Connor, o líder da resistência, e Sam Worthington é um mistura de humano e máquina que pode ser a salvação da raça humana. O filme é uma irremediável trapalhada visual e narrativa que provocou a ira de muitos fãs..2015: Genisys.Numa tentativa desesperada, há três anos a Paramount Pictures acreditava que poderia voltar a ressuscitar a saga. O marketing foi potente, James Cameron viu o filme e acabou por o defender num grande gesto de promoção, mas Exterminador: Genisys, de Alan Taylor, era fraquinho e já estávamos no vale tudo de reviravoltas numa história que imagina John Connor a enviar um herói ao passado para defender a mãe (Emilia Clarke, de Game of Thrones). Pelo caminho, reaparece o robô de Schwarzenegger, agora batizado de Guardian. Claro que era fácil perder o fio à meada..2019: Destino Sombrio.Depois do quinto tomo, com as reviravoltas narrativas mais estapafúrdias, o público baralhado, é claro que ninguém tinha pedido mais uma sequela, mas Cameron e mais um punhado de argumentistas masculinos, pensaram que a corda ainda esticava para voltar a dar as cartas e começar tudo de novo. O Exterminador Implacável versão 2019 retoma um fascínio genuíno de uma personagem que se tornou iconográfica e é firme no seu retrato de mulheres fortes..Além de Linda Hamilton, há ainda uma hispânica (Natalia Reyes) e uma soldado meio-máquina (Mackenzie Davis) com uma força heroica a sorrir para estes tempos de #metoo. Mas é no humor de screwball comedy entre o Terminator e Sarah Connor que o filme leva a água ao moinho. A leveza deste doce e patusco exterminador será sempre a imagem de marca desta possível despedida de um espetáculo de ação obsoleto, tal como o próprio personagem de Schwarzenegger já se descrevia no penúltimo filme..Classificação: 3 estrelas (Bom)
Ele sempre disse que ia voltar - desde 1991 que o aviso está feito. É um regresso intemporal, em ciclos e sem fim. Ela, a heroína do segundo Exterminador, nunca disse que ia regressar nem um até "hasta la vista, baby". Pois bem, ambos estão de volta em mais um filme da série iniciada por James Cameron, agora à frente das operações no conceito e na produção. Linda Hamilton regressa do esquecimento e é divertida ao lado de um Schwarzenegger simpático..Exterminador Implacável: Destino Sombrio, realizado com genica e boas ideias por Tim Miller, o realizador do adorável Deadpool, é uma sequela direta a Exterminador Implacável: O Dia do Julgamento, de 1991. Cameron já veio a público dizer para esquecermos os outros Terminators - este é que é legítimo e com a verdadeira continuação. O pedido faz sentido, sobretudo porque as outras sequelas eram uma trapalhada tremenda, fazendo com que mesmo os fãs desta história de apocalipses do futuro perdessem o interesse à intriga. Enfim, é como se fôssemos obrigados a fazer um "delete" nos outros três filmes..Aqui, as peripécias seguem duas décadas após os acontecimentos do segundo filme, onde a personagem de Linda Hamilton, a mítica Sarah Connor, é agora uma mulher solitária e de ação, alguém que ainda chora a morte de John Connor, o seu filho que supostamente iria ser um líder na guerra pós-apocalipse contra as máquinas. E é de novo no presente que Sarah se apresta a ajudar uma jovem mexicana marcada para morrer por um exterminador vindo do futuro. Mas Sarah não está sozinha, ao seu lado tem Grace, uma mistura de soldado humano e ciborgue, também vinda do futuro, bem como o Terminator T-800 (Schwarzenegger), agora convertido em robô com consciência que quer ajudar os humanos..Confuso? Sim, mas parte da piada é essa ponta de equívocos narrativos que pode criar, bem como toda uma tendência para o absurdo. Tudo acaba por fazer mais sentido quando Miller aposta em tons de comédia afetiva, sobretudo na química entre Sarah e o exterminador, que foi sempre uma sombra negra na sua vida. Por muito que as cenas de ação sejam topo de gama de efeitos visuais com carne e metal líquido pelos ares, sobra sempre uma sensação de que a ligeireza do humor e a própria relação nostálgica com as memórias dos primeiros filmes são a primazia para este novo capítulo..1984: Exterminador Implacável.Se é verdade que ninguém pediu mais Exterminador, convém fazer então um ponto da situação, a começar pelos anos 1980, neste caso 1984, em que James Cameron se revelava com Exterminador Implacável, fusão genial entre cinema de ficção científica e ação. Schwarzenegger também se impunha como action hero como uma máquina de matar vinda do futuro com a missão de destruir a mãe daquele que poderia ser o líder da resistência humana..1991: O Dia do Julgamento.Em 1991, o mesmo James Cameron continua a história, de novo com Schwarzenegger na pele de um outro robô vindo do futuro, desta vez para proteger John Connor, o tal menino que poderá vir a ser o líder da resistência humana após o apocalipse. O filme tornar-se-ia um sucesso de público e da crítica, colocando frases como Hasta la Vista, Baby e I'll be Back na história do cinema. Cameron era nessa altura o cineasta de Hollywood que melhor aplicava o avanço dos efeitos digitais e assinava um filme à frente do seu tempo..2003: Ascensão das Máquinas.Uma década depois, em 2003, os sarilhos começam. Jonathan Mostow fica com a pasta e dirige um blockbuster em que as ideias são repetidas e a lógica nem sempre joga a seu favor. Exterminador Implacável 3 - Ascensão das Máquinas não era particularmente memorável e já mudava de elenco. Nick Stahl era John Connor, substituindo o problemático Edward Furlong num guião que dispensava a figura da mãe. Schwarzenegger é de novo um exterminador vindo do futuro, mas enviado pela resistência para ajudar Connor a sobreviver a um exterminador feminino enviado também do futuro pelas máquinas..2009: A Salvação.Em 2009, a Warner fica com o franchise e atira-nos Exterminador Implacável: A Salvação, o pior filme até à data, realizador por McG, o cineasta de Charlie's Angels. Um argumento que dispensa a presença do Terminator de Schwarzie e imagina o futuro apocalítico em 2018, em que a resistência humana tenta sobreviver num mundo massacrado pelas máquinas. Christian Bale é John Connor, o líder da resistência, e Sam Worthington é um mistura de humano e máquina que pode ser a salvação da raça humana. O filme é uma irremediável trapalhada visual e narrativa que provocou a ira de muitos fãs..2015: Genisys.Numa tentativa desesperada, há três anos a Paramount Pictures acreditava que poderia voltar a ressuscitar a saga. O marketing foi potente, James Cameron viu o filme e acabou por o defender num grande gesto de promoção, mas Exterminador: Genisys, de Alan Taylor, era fraquinho e já estávamos no vale tudo de reviravoltas numa história que imagina John Connor a enviar um herói ao passado para defender a mãe (Emilia Clarke, de Game of Thrones). Pelo caminho, reaparece o robô de Schwarzenegger, agora batizado de Guardian. Claro que era fácil perder o fio à meada..2019: Destino Sombrio.Depois do quinto tomo, com as reviravoltas narrativas mais estapafúrdias, o público baralhado, é claro que ninguém tinha pedido mais uma sequela, mas Cameron e mais um punhado de argumentistas masculinos, pensaram que a corda ainda esticava para voltar a dar as cartas e começar tudo de novo. O Exterminador Implacável versão 2019 retoma um fascínio genuíno de uma personagem que se tornou iconográfica e é firme no seu retrato de mulheres fortes..Além de Linda Hamilton, há ainda uma hispânica (Natalia Reyes) e uma soldado meio-máquina (Mackenzie Davis) com uma força heroica a sorrir para estes tempos de #metoo. Mas é no humor de screwball comedy entre o Terminator e Sarah Connor que o filme leva a água ao moinho. A leveza deste doce e patusco exterminador será sempre a imagem de marca desta possível despedida de um espetáculo de ação obsoleto, tal como o próprio personagem de Schwarzenegger já se descrevia no penúltimo filme..Classificação: 3 estrelas (Bom)