Mais 9 mortes por covid-19 em Portugal. Casos sobem, mas "não podemos dizer que seja do desconfinamento"

Há agora no total 1114 vítimas mortais e 27 268 infetados, de acordo com o boletim da DGS desta sexta-feira. Regista-se menor aumento do número de mortes do último mês e meio. Já os casos têm estado a subir. O que as autoridades atribuem à testagem e a novos focos de contágio.
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Nos últimos três dias, o número de novas mortes mostra-se mais contido, mas o de contágios está a subir para níveis superiores aos registados desde há quinze dias. No final de abril, as novas infeções rondavam os 100, 200 casos. Agora, voltaram à casa dos 500. Segundo a diretora-geral da Saúde ainda é cedo para associar estes números às medidas de deconfinamento, iniciadas esta segunda-feira. "Sabemos que houve muitos casos encontrados em rastreios em populações específicas. E temos também o surto a decorrer na Azambuja, que contribuiu com um número grande de casos", justificou Graça Freitas, esta sexta-feira em conferência de imprensa.

Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais 9 pessoas - o menor número diário desde há um mês e meio. E foram confirmados mais 553 casos de covid-19 (um aumento de 2% face a ontem). Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), de hoje (8 de maio), há agora no país 27 268 infetados, 2422 recuperados e 1114 vítimas mortais.

O número de pessoas internadas desceu (menos 32), depois de três dias consecutivos a aumentar. Existem agora 842 doentes hospitalizados, sendo que 127 estão nos cuidados intensivos (menos oito que ontem). Por outro lado, o número de curados continua a aumentar. No último dia, foram dados como recuperadas mais 164 pessoas.

Perante estes dados, o secretário de estado da Saúde, António Lacerda Sales, afirmou, em conferência de imprensa, que não deve "ser posto em causa o caminho que se tem feito até aqui com grande sacrifício de todos os portugueses", "uma vez que "a epidemia ainda não acabou". Lembrando ainda, de novo, "que o nosso sucesso depende de todos e de cada um".

Mensagem reforçada pela diretora-geral da Saúde: "Não pode haver relaxamento das medidas. Nós sabemos que nos sítios onde há relaxamento das medidas surgem focos". Graça Freitas recordou ainda que "apenas uma percentagem mínima da população foi infetada" e que, por isso, todos os que não foram infetados até ao momento continuam "em risco". Portanto, aconselha-se "precaução, precaução, precaução".

Quanto à taxa de letalidade global do país, esta é hoje novamente de 4,1%, sendo que sobe aos 15,% no caso das pessoas acima dos 70 anos - as principais vítimas mortais. Dos 1114 óbitos, 48,9% são homens e 51,1% mulheres.

O boletim da DGS indica ainda que aguardam resultados laboratoriais 2984 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 26 mil. O sintoma mais comum entre os infetados é a tosse (que afeta 42% dos doentes), seguida da febre (30%) e de dores musculares (21%).

Desde o dia 1 de março, Portugal já fez cerca de meio milhão de testes de diagnóstico à covid-19, atualizou o secretário de estado da saúde, António Lacerda Sales. Durante o mês de abril, em média, por dia foram efetuados 11 500 exames. Número que aumentou durante a primeira semana do mês de maio, quando o mesmo indicador subiu para 12 400.

Norte regista maior aumento de novos casos e de mortes

Dos 553 infetados notificados em 24 horas, 359 têm residência na região do Norte - a mais afetada desde o início pela pandemia. Nesta morreram também cinco das nove vítimas mortais declarados hoje. No total, o Norte tem agora 15809 casos e 639 mortes.

Segue-se Lisboa e Vale do Tejo, que viu esta semana o número de infetados a aumentar a um ritmo mais acelerado, segundo, a DGS, porque "está a testar muita gente" e por causa de um "surto que está a decorrer na Azambuja". Graça Freitas disse que a região está a fazer, em média, quatro mil testes por dia, parte destes aconteceram no concelho da Azambuja, onde foi encontrada uma empresa com 101 funcionários infetados. As autoridades de saúde garantem estar a monitorizar a situações e que já todos os trabalhadores foram sujeitos a análises. Assim, nas últimas 24 horas, Lisboa registou mais 158 casos e uma morte, que a somar às anteriores contabilizam um total de 7093 notificações e 233 óbitos.

No centro, confirmaram-se mais 19 pessoas infetadas e uma morte (são agora 3564 e 214 óbitos). No Alentejo, mais 12 casos (são agora 232 e um morto) e no Sul há mais dois infetados (345, 13). Já os Açores acrescentam mais três pessoas positivas para covid (135 e 14 mortes). Só na Madeira não se registou nenhuma alteração na situação epidemiológica (90 casos e sem nota de nenhuma vítima mortal).

A nível municipal Lisboa continua a ser o concelho do país com maior número de casos (1 700, mais 32). Seguem-se Vila Nova de Gaia (1 445, mais 13) e o Porto (1 295, mais 26), de acordo com os dados do sistema Sinave, que correspondem a 88% do número total de notificações.

Algarve com mais medo da crise do que da pandemia

Depois de ter começado o ano com um crescimento de quase 15% no número de hóspedes, o turismo algarvio caiu a pique e tenta agora reerguer-se para um verão dentro da normalidade possível. Certo será o condicionamento das praias, menos hotéis e restaurantes abertos e uma redução das atividades disponíveis.

No entanto, mesmo com uma queda na procura, resta saber se quem se deslocará ao Algarve pode comprometer o bom registo da região no surto pandémico da covid-19. "Se houver um surto infeccioso, o Algarve não tem condições para responder da mesma forma que Lisboa ou o Norte", diz João Dias, secretário regional do Sindicato Independente dos Médicos no Algarve.

Festivais proibidos e mais tempo para saldos

O Governo aprovou, esta quinta-feira, mais medidas para incentivar o regresso à normalidade e à atividade económica. Entre as orientações encontra-se a possibilidade de o comércio fazer saldos durante maio e junho, sem que isso afete o limite máximo de venda a preços reduzidos em mais 124 dias por ano.

Na segunda-feira, as lojas de rua com uma dimensão de até 200 m2 tiveram autorização para voltar à sua atividade diária e no próximo dia 18 de maio, poderão abrir as lojas com 400 m2, no máximo. Mas só a partir de dia 1 de junho é que os espaços comerciais maiores, nomeadamente centros comerciais, estão autorizados a retomar a atividade.

O Governo decidiu também proibir os festivais de verão em Portugal até final de setembro. Mas porque muitos já estavam programados e com bilhetes vendidos, foi decidida "a emissão de um vale de igual valor ao preço do bilhete de ingresso pago, garantindo-se os direitos dos consumidores". Esta decisão atinge festivais como o NOS Alive, Super Bock Super Rock, MEO Sudoeste, Vodafone Paredes de Coura e EDP Vilar de Mouros, tal como o NOS Primavera Sound, que fora adiado de junho para 3, 4 e 5 de setembro.

Mais de 3,8 milhões de casos no mundo

O novo coronavírus já infetou mais de 3,9 milhões de pessoas no mundo inteiro, até esta sexta-feira às 10:05, segundo dados oficiais. 34,3% dos doentes foram dados como recuperados, mas 6,9% morreram (271 029 pessoas).

Os Estados Unidos da América são o país com a maior concentração de casos (1 292 879) e de mortes (76 942). Em termos de número de infetados, seguem-se Espanha (222 857), Itália (215 858) e o Reino Unido (206 715).Depois a Rússia (187 859), país que, pelo sexto dia consecutivo, registou mais de dez mil novos casos em 24 horas. Portugal surge em 21.º lugar nesta tabela, confirmando um afastamento face aos países com mais casos.

Quanto aos óbitos, depois dos Estados Unidos (76 942), o Reino Unido é agora a nação com mais mortes declaradas (30 615). Seguem-se Itália (29 958) e Espanha (26 999 - mais 229 vítimas nas últimas 24 horas).

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