Morreram mais 35 pessoas e foram confirmados mais 699 casos de covid-19, em Portugal, nas últimas 24 horas. De acordo com o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), desta quarta-feira (8 de abril), há agora no total 380 mortos, 13 141 casos e 196 recuperados..Ou seja, de segunda para terça-feira registou-se um aumento de 5,6% no número de infetados. Ontem esta mesma taxa encontrava-se nos 6% e na segunda nos 4%. Uma melhoria dos indicadores face à semana passada, o que pode significar a eficácia das medidas de contenção, mas que não pressupõe que o esforço deva ser reduzido, pelo contrário, como frisam as autoridades de Saúde.."O que sabemos à data é que nos últimos dias tem havido uma estabilidade na curva real e na projectada", admitiu a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, esta quarta-feira, em conferência de imprensa no ministério da Saúde, referindo também que este "não é um dado garantido". Na mesma linha, o secretário de estado da Saúde, António Lacerda Sales, acrescentou: "A curva portuguesa pode ter oscilações, mas temos de ser firmes na resposta. Relativamente a lares, interditaram-se as visitas, foi contratado pessoal, reforçada a higiene e recrutados voluntários. Neste momento, estão a ser levados a cabo milhares de testes em todos os lares do país"..linha de variação dos casos Infogram."Nós estamos com uma curva simpática, porque aparentemente está a crescer, mas devagarinho, embora estejamos numa fase inicial. E isso interessa-nos para podermos ter tempo para tratar os doentes, dar-lhes alta e receber outros doentes. Mas em qualquer altura as coisas podem tornar-se mais agressivas e, por isso, é que temos de manter a contenção", diz, ao DN, Miguel Guimarães, o bastonário da Ordem dos Médicos..Nas últimas 24 horas, o número de mortos aumentou 10,1% face ao dia de ontem, colocando a taxa de letalidade do país nos 2,9%. Mas há discrepâncias territoriais. "A taxa de mortalidade da zona norte está ao nível nacional e a da zona centro está acima da nacional [5,1%]. Taxa de mortalidade tem a ver com a quantidade de idosos, densidade populacional e chegada do surto a lares de idosos", explicou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas..linha de variação óbitos Infogram.Ainda segundo o boletim da DGS aguardam resultado laboratoriais 5903 pessoas e mais de 24 mil estão a ser acompanhadas pelas autoridades de saúde para vigiar possíveis sintomas. Estão internadas 1211 doentes (mais 31 que ontem), destes 245 estão em unidades de cuidados intensivos (menos 26 - registando a primeira descida deste indicador desde o início da pandemia)..Para já, o Governo e o presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a covid-19, João Gouveia, garantem que a resposta é suficiente e que no início desta semana foram distribuídos mais 144 ventiladores em Portugal. "Temos vindo a aumentar a capacidade da medicina intensiva. Está-se a fazer um esforço global que permite acompanhar o desafio que enfrentamos", com o aumento de equipamento e de recursos humanos, indicou o especialista e presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos..Isto, sem deixar de reconhecer a existência de uma "carência crónica" no país de ventiladores, monitores, camas tipo 3 e até de profissionais intensivistas. Mas a previsível falta de especialistas, pode ser colmatada, segundo João Gouveia, com formação de outros médicos que possam prestar cuidados intensivos..Internamentos, urgências e recuperados Infogram.Desde o inicio do surto em Portugal, foram processadas 130 mil amostra biológicas e o país tem, neste momento, capacidade para fazer 11 mil testes diários, afirmou o secretário de estado da Saúde, António Lacerda Sales, durante a conferência de imprensa diária..Norte tem 56,2% dos infetados nacionais.A região do norte continua a ser a mais afetada pelo novo coronavírus, somando já 56,2% do total dos doentes portugueses. Têm hoje 7386 casos confirmados e 208 mortes. A nível nacional, segue-se a região de Lisboa e Vale do Tejo (3424 infetados, 68 mortes), o centro (1865, 96), o Algarve (251, 8), o Alentejo (com 93 casos e ainda sem registo de mortes), Açores (70) e a Madeira (52)..A nível municipal, Lisboa é o concelho com maior número de doentes (773). Depois o Porto (750), Vila Nova de Gaia (576), Gondomar (556), Maia (485) e Matosinhos (425). Estes seis municípios mantêm-se, por esta ordem, a ocupar os primeiros lugares da tabela.."Não sabemos quantos portugueses estão imunes".Questionada pelo DN, sobre a possibilidade de haver uma estimativa de quantos portugueses poderão ter desenvolvido imunidade ao vírus, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, indicou: "Não sabemos quantos portugueses estão imunes. Ainda é desconhecido que anticorpos são protetores. Varia de micro-organismo para micro-organismo. Ainda é prematuro fazer esses testes de imunidade. A covid-19 chegou a Portugal há pouco mais de um mês e os primeiros doentes estão agora a ter a subida de anticorpos"..Para já, o Infarmed, a Autoridade do Medicamento em Portugal, ainda não aprovou testes sorológicos (que servem para comprovar a imunidade), mas estes estão a ser desenvolvidos em vários laboratórios, com perspetiva de estarem prontos durante as próximas semanas. "Este teste só será útil na fase de convalescença da doença. E a ciência ainda nos disse qual o tempo necessário. Ainda estamos a aprender. Quando soubermos mais sobre estes testes, será muito útil e essas pessoas poderão prosseguir a sua vida normal", continua Graça Freitas..Quase milhão e meio de infetados e mais de 83 mil mortes no mundo.A pandemia do novo coronavírus já fez 83 090 mortes em todo o mundo e infetou quase um milhão e meio de pessoas. Registam-se 308 884 casos de recuperação de covid-19, segundo os dados mais recentes, atualizados às 11:40 desta quarta-feira..Os Estados Unidos são o país com mais casos registados no mundo - 400 459 infetados e 12 857 mortes. Espanha aparece logo a seguir com mais de 146 mil casos e 14 555 mortes, seguida de Itália, que identificou 135 586 casos com o novo coronavírus e registou 17 127 vítimas mortais..Recomendações da DGS.Para que seja possível conter ao máximo a propagação da pandemia, a Direção-Geral da Saúde continua a reforçar os conselhos relativos à prevenção: evite o contacto próximo com pessoas que demonstrem sinais de infeção respiratória aguda, lave frequentemente as mãos (pelo menos durante 20 segundos), mantenha a distância em relação aos animais e tape o nariz e a boca quando espirrar ou tossir (de seguida lave novamente as mãos). E acima de tudo: fique em casa..Em caso de apresentar sintomas coincidentes com os do vírus (febre superior a 38º, tosse persistente, dificuldade respiratória), as autoridades de saúde pedem que não se desloque às urgências, mas sim para ligar para a Linha SNS 24 (808 24 24 24) ou para a unidade de cuidados primários mais próxima.