Mais 28 mortes e 181 infetados em Portugal. Graça Freitas pede cautela com subida menor de casos de covid-19
É a menor taxa de crescimento de novos casos desde que o surto chegou a Portugal (0,96%) e, mesmo em termos absolutos, o aumento é o menor do último mês, o que coincide com a "fase de planalto da curva", que os especialistas perspetivaram, refere a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas. Nas últimas 24 horas, foram confirmados mais 181 casos de covid-19 e morreram mais 28 pessoas, em Portugal. Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), desta sexta-feira (17 de abril), há agora no país 19 022 infetados, 657 vítimas mortais e 519 recuperados (mais 26 que ontem).
"Temos tido um achatamento da curva, mas temos de aguardar mais dias para perceber o significado do número de hoje", disse Graça Freitas sobre os números revelados, esta sexta-feira, durante a habitual conferência de imprensa, no ministério da Saúde. Cautela, é o que pede a quem olha para os valores. Número "é fiável", mas "não podemos ser demasiado otimistas".
Segundo a DGS, estão internadas 1284 pessoas (menos 18 doentes). Em situação mais grave, nos cuidados intensivos, encontram-se 222 infetados (menos sete que ontem). O que significa que 87% dos doentes estão a ser tratados em casa.
Já a taxa de letalidade do país é hoje de 3,5%, informou o secretário de estado da saúde, António Lacerda Sales. Sendo que esta taxa ascende a 12,4% no caso das vitimas mortais acima dos 70 anos.
Aguardam resultados laboratoriais 4805 testes e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 25 mil pessoas.
"Precisamos de renovar a confiança de que este é o caminho que todos temos de continuar a percorrer. Não há atalhos. E não podemos deitar a perder os resultados do enorme sacrifício das últimas semanas", sublinhou António Lacerda Sales, em conferência de imprensa.
Sabe-se também que, neste momento, em Portugal, uma pessoa doente com o novo coronavírus infeta em média uma outra pessoa, informou a diretora-geral da Saúde, esta quinta-feira. É o tão mencionado indicador R0. "Neste momento, o nosso R0 situa-se perto de 1, com algumas variações regionais", indicou Graça Freitas.
O país encontra-se, desde 19 de março, em estado de emergência - pela primeira vez na história da democracia. E assim continuará, pelo menos, até dia 2 de maio, altura em que termina o terceiro período nesta situação. Sendo que a mais recente renovação - que será aprovada esta sexta-feira pelo Governo - já prevê a reabertura de alguns serviços, como cresches, pequeno comércio de bairro, escolas secundárias (para alunos do 11.º e do 12.º anos), teatros e cinemas.
"Maio será o mês para recomeçar de forma gradual a capacidade de viver em maior normalidade" mas, para já, "é fundamental dar confiança aos portugueses para saírem de casa", pelo que se procederá à distribuição massiva de máscaras e gel de proteção, afirmou, esta quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, no Parlamento.
Para as autoridades de saúde, o importante é não esquecer que, mesmo com a suavização das medidas de contenção, estas continuem a ser respeitadas. "Nós temos de tentar tudo para voltar à nossa atividade social e profissional, mas temos de fazer isto de forma faseada", defendeu a diretora-geral da Saúde. "Temos de ter equilíbrio", alerta Graça Freitas, relembrando que não podem ser descoradas as medidas de higiene das mãos e das superfícies, de etiqueta respiratória, do distanciamento social. "Vamos ter de incorporar isso nas nossas vidas".
É sabido que a recuperação da doença é lenta e que são necessários dois testes negativos para obter uma alta clínica de covid-19. No entanto, nos últimos dias o país tem visto o número de curados a aumentar. São já 519 - 26 nas últimas 24 horas.
Também o número de internados - que tem sofrido muitas oscilações - diminuiu de ontem para hoje. Estão internadas 1284 pessoas (menos 18 doentes que ontem). Dos cuidados intensivos saíram sete pessoas. Permanecem 222.
Sobre as unidades que recebem os doentes mais críticos, António Lacerda Sales anunciou, durante a conferência de imprensa, que hoje chegaram ao país mais 426 ventiladores, resultado de encomendas do ministério da Saúde e de ofertas. E que a tutela encontra-se a monitorizar os atrasos dos ventiladores encomendados à China e que ainda não chegaram a Portugal.
Mais de 80% das vitimas mortais tinha no mínimo 70 anos. E continua a não existir nenhum óbito de pessoas com menos de 40 anos. No total, morreram 334 homens e 323 mulheres, apesar do número de infetados ser ligeiramente superior no sexo feminino (59%).
Quanto aos infetados, e apesar de serem essencialmente pessoas mais velhos, a faixa etária com maior número de doentes é a dos 50 aos 59 anos (3 306 infetados). Há 322 crianças com menos de nove anos.
O sintoma do vírus mais frequente continua a ser a tosse (registado em 53% dos casos), depois a febre (38%) e dores musculares (27%).
Tal como acontece desde o inicio da pandemia em Portugal, o norte é a região mais afetada pelo surto. Esta sexta-feira regista 11324 casos confirmados e 377 mortes.
Segue-se Lisboa, com 4302 infetados e 119 óbitos. Depois o centro (2778, 148), o Algarve (305, 9), o Alentejo (158 casos e ainda sem nenhuma vitima mortal), os Açores (102, 4) e a Madeira (53 e também sem mortes).
"Não temos uma situação uniforme de norte a sul do país. Mesmo na região do no norte o que temos são focos mais intensos da doença", disse a diretora-geral da Saúde, esta sexta-feira.
Esses focos estão no concelho do Porto (que tem hoje 1017 infetados), no de Vila Nova de Gaia (972), Matosinhos (845), Braga (798) e Gondomar (797). Isto apesar do município de Lisboa ter voltado a ser o que mais notificações tem de covid-19 - 1020.
Há 2 193 570 de infetados com covid-19 no mundo inteiro, segundo os dados oficiais, atualizados às 10:43 desta sexta-feira. Morreram 147 379 pessoas e recuperaram 555 581.
Os Estados Unidos da América são o país mais afetado com o surto do novo coronavírus, acumulando 678 210 doentes e 34 641 mortes. Espanha é a segunda nação com maior número de casos (188 068, mais 5252 nas últimas 24 horas) e a terceira com mais óbitos declarados (19 478 - mais 585 que ontem).
Segue-se Itália, com 168 941 casos confirmados e com 22 170 vitimas mortais. E depois, França, Alemanha, Reino Unido e a China, onde a pandemia começou no final do ano passado e que agora regista um aumento residual do número de infetados e que dizem respeito, segundo as autoridades de saúde, essencialmente a pessoas que chegaram do estrangeiro. Sendo que no último dia, o país acrescentou 1290 mortes à contagem inicial, aumentado o valor total para 4 632 óbitos. Trata-se de uma retificação aos números da cidade de Wuhan divulgados anteriormente.
Portugal é, neste momento, o 16.º país do mundo com mais infetados de covid-19.
Para que seja possível conter ao máximo a propagação da pandemia, a Direção-Geral da Saúde continua a reforçar os conselhos relativos à prevenção: evite o contacto próximo com pessoas que demonstrem sinais de infeção respiratória aguda, lave frequentemente as mãos (pelo menos durante 20 segundos), mantenha a distância em relação aos animais e tape o nariz e a boca quando espirrar ou tossir (de seguida lave novamente as mãos). E acima de tudo: fique em casa.
Em caso de apresentar sintomas coincidentes com os do vírus (febre superior a 38º, tosse persistente, dificuldade respiratória), as autoridades de saúde pedem que não se desloque às urgências, mas sim para ligar para a Linha SNS 24 (808 24 24 24) ou para a unidade de cuidados primários mais próxima.