Kim Jong-un visita a China no meio de negociações sobre novo encontro com Trump
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, está em Pequim para uma visita de três dias, a convite do presidente chinês, Xi Jinping. A visita, que não foi anunciada previamente, surge no meio de negociações com os EUA para uma segunda cimeira com o presidente Donald Trump.
"Kim está ansioso por lembrar à administração Trump que ele tem opções diplomáticas e económicas, além do que Washington e Seul podem oferecer", disse à Reuters Harry J. Kazianis, diretor de Estudos de Defesa no Centro para o Interesse Nacional, com sede nos EUA.
"De facto, durante o seu discurso de Ano Novo, o 'novo caminho' de Kim pode muito bem ter sido uma ameaça velada para se aproximar de Pequim. Isso deve deixar a América preocupada", acrescentou. Nesse discurso, o líder norte-coreano disse estar comprometido com a desnuclearização, mas avisou que poderia mudar de opinião caso as sanções norte-americanas contra o país se mantenham.
Trump disse no fim de semana, em Washington, que está a decorrer "um bom diálogo" com a Coreia do Norte e que o local da próxima cimeira com Kim Jong-un será anunciado em breve, mas que irá manter as sanções. A primeira cimeira entre ambos decorreu em Singapura, em junho de 2018.
Kim deixou Pyongyang num comboio privado na tarde de segunda-feira, acompanhado pela mulher, Ri Sol-ju, e vários responsáveis norte-coreanos, chegando esta terça-feira a Pequim.
"Xi e Kim têm interesse em coordenar as suas posições antes das cimeiras Kim-Trump. isso parece já ter-se tornado um hábito", indicou à AFP Bonnie Glaser, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede nos EUA. "Kim procura igualmente a ajuda de Pequim para conseguir aligeirar as sanções internacionais", acrescentou.
É a quarta visita à China em menos de um ano. Em 2018, Kim deslocou-se por três vezes ao país para se encontrar com Xi Jinping, o seu mais importante aliado, mas nenhuma destas viagens foi anunciada previamente. Nos primeiros seis anos no poder, Xi não tinha visitado uma única vez o líder chinês.
As primeiras informações relacionadas com a primeira vista de Kim à China, em março, antes de se reunir com o seu homólogo sul-coreano, Moon Jae-in, e o presidente dos EUA, Donald Trump, foram anunciadas quando o seu comboio foi assinalado em Pequim.
A China é um importante interveniente no dossier dos programas nuclear e balístico da Coreia do Norte e permanece o principal aliado diplomático e comercial de Pyongyang.
As conversações entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos estão bloqueadas desde a cimeira histórica de junho de 2018 em Singapura entre o presidente norte-americano e o líder norte-coreano. A eventualidade de uma segunda cimeira entre Kim e Trump continua a ser motivo de especulações.