"Intolerável", classifica a eurodeputada Ana Gomes na carta que escreveu à Procuradora-Geral da República a alertar que a investigação ao "apagão fiscal" de 10 mil milhões de euros, aberta em agosto de 2017, "não avançou absolutamente nada"..Em causa está a transferência deste valor para offshores, principalmente da parte do BES, sem controlo das Finanças, entre 2011 e 2014.O Jornal Económico revela esta sexta-feira que Ana Gomes consultou o processo - que tem o BES como o banco por onde passou 80% deste montante sem controlo do fisco - e constatou que "desde a abertura do inquérito não se avançou absolutamente nada na investigação a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal"..Na carta dirigida a Lucília Gago, a eurodeputada assinala que "em causa pode estar o maior roubo organizado das poupanças dos depositantes do BES, hoje os chamados 'lesados do BES', porque o BES transferiu 80% das transferências para contas no estrangeiro"..A investigação para apurar apurar "a existência de crimes de sabotagem informática, abuso de poder e prevaricação" estará, assim, parada há 19 meses. Confrontada com esta acusação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) limita-se a confirmar "a receção de uma exposição da eurodeputada Ana Gomes" a qual se encontra "em análise". Sobre o inquérito diz que está " em investigação na Polícia Judiciária, não tendo arguidos constituídos"..Segundo Ana Gomes, no processo contém "sucessivas recusas de investigação por parte da PJ, por priorizar outras investigações, e correspondentes pedidos de prorrogação dos prazos do inquérito por parte do Ministério Público"..Contactada pelo DN, a PJ ainda não respondeu..No final de junho de 2017, uma auditoria da Inspeção-Geral de Finanças concluiu que tinha havido uma "anomalia" de ligações de software e sugeriu que fossem avaliadas eventuais responsabilidades dos fabricantes dos produtos informáticos..O problema identificado estava relacionado com o tratamento de 20 declarações Modelo 38, entregues pelos bancos - cerca de 21 mil operações realizadas, num total de 10 mil milhões de euros, não chegaram ao sistema central da Autoridade Tributária..Esta auditoria, enviada ao parlamento, considerou ainda "extremamente improvável" a existência de intervenção humana deliberada, como causa das falhas.