Incêndios: Governo prolonga situação de alerta até domingo
"As próximas 48 horas continuam a inspirar cuidado, inspiram atenção, vamos manter alguns distritos em alerta vermelho e também outros em alerta laranja. Fruto disso, a decisão foi de prolongar a declaração de situação de alerta a todo território nacional [continental] até ao final do dia de domingo", afirmou a secretária de Estado da Administração Interna.
Patrícia Gaspar falava no final de uma reunião do Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON), que decorreu na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, Oeiras, distrito de Lisboa.
Na quarta-feira, o Governo anunciou que Portugal continental entraria em situação de alerta a partir das 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de sexta-feira, face à previsão de "um significativo agravamento do risco de incêndio rural".
Em comunicado, o Ministério da Administração Interna (MAI) justificava a decisão com as previsões meteorológicas de um significativo agravamento do risco de incêndio rural.
Em situação de alerta é proibida a realização de queimadas e o uso de fogo de artifício ou de outros artefactos pirotécnicos, e são proibidos o acesso, a circulação e a permanência em espaços florestais "previamente definidos nos Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios".
Também não são permitidos trabalhos florestais e rurais com equipamentos elétricos em espaços, como motorroçadoras, corta-matos, destroçadores e máquinas com lâminas ou pá frontal.
É permitido, no entanto, alimentação de animais, execução de podas, regas, extração de cortiça e mel, colheitas de culturas agrícolas, desde que "sejam de caráter essencial e inadiável", em zonas de regadio, sem materiais inflamáveis e fora de floresta e mata. São permitidos ainda trabalhos de construção civil, "desde que inadiáveis e que sejam adotadas as adequadas medidas de mitigação de risco de incêndio rural".
Na Madeira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que está a acompanhar a vaga de incêndios que assola o território continental e admitiu a possibilidade de interromper as férias no Porto Santo se a situação piorar.
"É um período particularmente difícil. Eu estou a acompanhar e sempre, como acontece nestas situações, embora eu deva partir daqui depois de amanhã [sábado], espero não ter de partir amanhã [sexta-feira]. Era bom sinal. Era sinal de que a noite permitiu um controlo nalgumas destas frentes", afirmou o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no centro da cidade Vila Baleira, onde se deslocou quinta-feira à noite em passeio, com o propósito de comer uma "lambeca", um tipo de gelado muito popular no Porto Santo.
O Presidente da República vincou que esteve em contacto com o ministro da Administração Interna e com os presidentes de câmara de Sernancelhe, Alijó, Fundão e Sabugal.
"As condições, já se sabia, eram muito difíceis no dia de hoje e nos próximos dias", disse, realçando que a ocorrência de "vários focos" em "várias áreas muito distanciadas" dificulta a utilização de meios aéreos.
E reforçou: "Quando há um grande incêndio, ou dois no máximo, é fácil pegar nos meios aéreos que estão no Algarve e os que estão no norte e levá-los para o centro, se for necessário. Havendo o risco de fogos diversos, em vários lugares, não se pode desguarnecer aquilo que está preparado para intervenções a nível mais regional e local".
Quanto ao risco de incêndio definido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), é hoje máximo em quase uma centena de concelhos dos distritos de Braga, Porto, Viana do Castelo, Bragança, Guarda, Castelo Branco, Viseu, Coimbra, Santarém e Portalegre.
Em risco muito elevado estão cerca de 60 municípios dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real, Viseu, Coimbra, Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém, Castelo Branco, Portalegre e Faro.
O risco de incêndio definido pelo IPMA é calculado a partir da temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas. Tem cinco níveis, que vão de reduzido a máximo.
O IPMA prevê para hoje uma pequena descida da temperatura máxima e nebulosidade na faixa costeira.
As temperaturas máximas vão variar entre os 23º (Porto e Aveiro) e os 37º (Bragança, Castelo Branco e Évora) e as mínimas entre os 15º (Braga) e os 22º (Portalegre e Faro).