"Fora com os pretos", "Viva a raça branca". Universidades e escolas vandalizadas com mensagens racistas

Escolas e faculdades portuguesas foram vandalizadas com várias mensagens racistas e xenófobas na madrugada desta sexta-feira. A Universidade Católica foi uma das visadas e já fez saber que por se tratar de um "crime público" apresentou uma denúncia ao Ministério Público.
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A manhã de sexta-feira deixou a descoberto mensagens racistas e xenófobas em escolas e universidades na Área Metropolitana de Lisboa. "Fora com os pretos", "Europa aos europeus. Viva a Europa branca", "Zucas voltem para as favelas", "Por uma Católica sem escarumbas" foram algumas das frases que se podiam ler nas paredes de várias instituições de ensino, entre as quais a Universidade Católica, o ISCTE e​​​​​​ escolas secundárias em Lisboa e em Loures, vandalizadas durante a madrugada​​​​.

A Universidade Católica Portuguesa (UCP), uma das visadas pela "ação de vandalismo com dizeres discriminatórios, cometida por desconhecidos, nas suas instalações em Lisboa", fez saber que apresentou uma denúncia ao Ministério Público pelo teor das mensagens.

Nas redes sociais, durante esta manhã, foram partilhadas várias fotografias que mostram as frases escritas nas paredes e fachadas dos vários estabelecimentos de ensino contra a comunidade cigana, negra e cidadãos brasileiros.

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A reitora da UCP, Isabel Capeloa Gil, afirmou, em comunicado, que a instituição que dirige rejeita o ato de vandalismo e "que atenta contra os princípios basilares do que a universidade enquanto espaço de abertura e diálogo representa".

A Católica reforça dizendo que "continuará, firmemente, a desenvolver a sua ação educativa assente no respeito pela dignidade da pessoa, nos valores da liberdade e do diálogo, rejeitando qualquer forma de discriminação social, de raça ou sexo, e pugnando sempre pela inclusão e coesão sociais em prol do bem comum da sociedade".

Na reação aos atos "de teor discriminatório e racista", Isabel Capeloa Gil informa que "pelo conteúdo dos dizeres, este é um crime público, tendo, por isso, a universidade procedido a uma denúncia junto do Ministério Público".

O deputado municipal de Lisboa pelo Bloco de Esquerda, Ricardo Moreira, também se manifestou contra estes "ataques racistas em Lisboa". "Não passarão! Lisboa é uma cidade antiracista", destacou.

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O ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa também foi alvo destes atos de vandalismo feitos esta madrugada. "Morte aos pretos. Por uma faculdade branca", lê-se numa parede a tinta verde.

Escolas secundárias da Portela, Olivais e Sacavém também não escaparam a esta ação concertada, como mostram as imagens que circulam nas redes sociais.

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"Portugal é branco. Pretos, voltem para África", escreveu-se numa parede da Escola Secundária da Portela. "Fora com os pretos! Por uma escola branca", lê-se na mensagem deixada na escola António Damásio, nos Olivais.

Além das mensagens racistas e xenófobas inscritas dos estabelecimentos de ensino do concelho de Lisboa e Loures, os autores desta ação também deixaram nas paredes e fachadas um símbolo comum, associado a um movimento de extrema-direita, Geração Identitári, indica a TVI24​​​​.

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Além de divulgarem as frases racistas e discriminatórias escritas nas suas escolas, muitos estudantes não esconderam a revolta e a indignação. "Foi com este 'bom dia' que os alunos das escolas da Portela, Olivais e Sacavém foram recebidos. É a segunda vez que a escola pública é alvo destas pichagens de extrema-direita. Os estudantes dizem NÃO ao racismo e à xenofobia. Os portugueses dizem NÃO ao racismo e à xenofobia", exclamou Iara Sobral no Twitter.

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Ana Mónico questionava-se "como é que isto ainda acontece?" "Falta de noção total. Tenho pena de quem é ignorante ao ponto de proferir estas coisas", lamentou na rede social.

Também a Associação de Estudantes do ISCTE repudiou os atos de vandalismo com mensagens de teor racista que ocorreram durante a madrugada no campus da universidade e manifestando "total choque com as mesmas" .

"Este tipo de ações são repugnantes e vão contra todos os nossos valores, bem como os de um ensino superior inclusivo e que procura construir futuros cidadãos mais ativos e conscientes", diz a associação, em comunicado.

"Atos racistas", continuam os estudantes que "não podem ser tolerados ou confundidos com liberdade de expressão, pois colocam em causa a existência e dignidade humana". A associação expressou ainda "solidariedade para com qualquer estudante que se tenha sentido diretamente visado pelo sucedido".

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