Ex-militante do CDS entra no Chega com a pasta da Justiça e ataca Isabel Moreira
Pedro Borges de Lemos, que no CDS liderava uma corrente conservadora não formalizada, a "CDS XXI", vai dentro de dias tornar-se militante do Chega. André Ventura convidou-o a coordenar a pasta da Justiça e as propostas para o setor. Ao DN ataca já a escolha da deputada do PS Isabel Moreira para fazer um parecer sobre o projeto de revisão constitucional do partido.
"É uma situação lamentável que uma pessoa que tem feito uma cruzada contra o Chega venha dar um parecer sobre o projeto de revisão constitucional", afirma Pedro Borges de Lemos. Isto depois de Isabel Moreira, que já acusou o partido de André Ventura de "racismo", ter sido escolhida pelo Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, para avaliar do projeto do Chega, anunciado a 22 de setembro, e que prevês, entre outras coisas, a castração química de criminosos condenados por violação de menores.
E mesmo antes do parecer, Pedro Borges de Lemos dispara e questiona se a deputada já se insurgiu contra países como Dinamarca e Suécia, com governos socialistas, e que aplicam a castração química. Ou se fez o mesmo em relação à figura da prisão perpétua que existe no País de Gales, Inglaterra e Holanda. "Países civilizados e com grande sentido de humanidade", garante Pedro Borges de Lemos.
Citaçãocitacao"É uma situação lamentável que uma pessoa que tem feito uma cruzada contra o Chega venha dar um parecer sobre o projeto de revisão constitucional"
O ex-militante centrista diz para levar por diante a tarefa de definir a política de Justiça do Chega irá constituir uma equipa de juristas "versáteis", que não estejam ligados a grandes sociedades de advogados e "não sejam cúmplices do sistema", nomeadamente com contratos com o Estado. Porque, diz, "obviamente que isso condiciona a liberdade das pessoas nas propostas que fazem".
A linha das ideias segue o curso do Chega, antissistema, e as ideias que foi defendendo ainda enquanto militante do CDS, como os tribunais de competência especializada para a corrupção; a revisão da prisão preventiva, que diz é pouco usada pelo sistema de Justiça, em particular quando estão em causa suspeitos do poder político ou do mundo do futebol. "Podem pagar uma grande fiança e saem", argumenta.
Quer também rever o sistema das saídas precárias para os detidos. "Muitos saem e acabam por ficar a monte", justifica. E manifesta-se também defensor da criação do Tribunal de Disciplina e Ética no Parlamento, constituído por um colégio de independentes, para fiscalizar o mandato dos deputados.