Diretor português da Liga Mundial de Surf preocupado com impacto da pandemia

Spínola explicou que a situação atual é de "completa interdependência", visto que a realização dos eventos portugueses só faz sentido, caso as outras provas do<em> tour</em> sigam o mesmo rumo.
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O diretor da Liga Mundial de Surf (WSL) para a Europa, África e Médio Oriente considera que a situação vivida, face à pandemia de covid-19, é "o grande desafio" da história do organismo, sustentado num trabalho "completamente interdependente".

Em declarações à Lusa, Francisco Spínola abordou o impacto económico na modalidade e a realização do MEO Rip Curl Pro Portugal, 10.ª e penúltima prova do circuito mundial, que conta com o português Frederico Morais, defendendo que o melhor, para já, é ir adiando os eventos e ver como evolui a situação da pandemia do covid-19.

"Eu acho que é o grande desafio desde que a WSL existe, porque isto não é só para a WSL, é para o mundo inteiro. Estamos todos no mesmo pé. O problema é muito maior, os níveis de stresse são diferentes e estamos todos no mesmo barco. Anda tudo a tentar encontrar soluções para se resolver", disse o responsável.

Spínola explicou que a situação atual é de "completa interdependência", visto que a realização dos eventos portugueses só faz sentido, caso as outras provas do tour sigam o mesmo rumo." Um sozinho não consegue fazer a diferença. Eu posso perfeitamente arranjar solução para os meus eventos, mas se os outros todos não tiverem, o tour não existe. A questão é muito mais profunda e, portanto, nesse lado, acaba por ser bom, porque toda a gente está muito mais solidária. Estamos completamente interdependentes", acrescentou.

Depois de adiadas as provas lusas de 3000 pontos do circuito de qualificação (QS), que conta com Vasco Ribeiro atualmente em 11.º lugar, o sistema de adiar a atividade, à data desta terça-feira até ao final de maio, deve permanecer, segundo o Spínola.

"Adiámos [Caparica Surf Fest Pro e Pro Santa Cruz, que deveriam ter-se realizado entre o final de março e início de abril], porque foi mesmo no pico [da pandemia]. Vai haver uma comunicação da WSL, relativamente à retoma ou não. O cenário é de um potencial cancelamento ou então voltar a adiar as provas e tomar a decisão um bocadinho mais tarde, que é o que acho que se devia fazer. Não vale a pena estar a tomar decisões precipitadas. Tudo pode mudar do dia para a noite, nomeadamente nesta questão dos medicamentos e das vacinas. É o que vai mudar tudo", sustentou.

Relativamente ao MEO Rip Curl Pro Portugal, que também conta com a nona etapa do circuito mundial feminino, em Peniche, entre 14 e 25 de outubro, e o Billabong Pro Ericeira, prova do QS, de 10000 pontos, de 22 e 27 de setembro, o diretor reiterou que "ainda é muito cedo para estar a tomar uma decisão de cancelamento", visto que "ninguém sabe o que vai acontecer".

Já o Azores Airlines Pro, evento do QS, de 5000 pontos, agendado para a semana que antecede a prova da Praia de Ribeira D'Ilhas, na Ericeira, é uma situação diferente, por ser disputada numa ilha [São Miguel], onde surgem dificuldades como "os voos e os acessos".

Contudo, a acontecer a realização destes importantes eventos, Francisco Spínola reconhece que existem várias dúvidas: "Se à porta fechada, se são abertos e qual a capacidade [de pessoas] que se pode colocar na praia".

O impacto económico também foi outro tema abordado pelo diretor da WSL, que antevê dificuldades para a maioria das empresas entre seis meses a um ano. "Isto vai ficar tudo bem. Mas, no imediato, estamos a falar de seis meses a um ano. Todas as empresas, praticamente... claro que há sempre uns que ganham no meio disto tudo, mas a esmagadora maioria vai ser afetada por isto. Ao dizer isto, há uma série de outras áreas, outros tipos de eventos em que as próprias marcas se posicionam, essas então vão ter mesmo muita dificuldade em voltar a arrancar", concluiu.

Liga Mundial de Surf cancela todos os eventos até fim de junho

A Liga Mundial de Surf (WSL) decidiu esta terça-feira a adiar ou cancelar "todos os eventos de todos os níveis de competição" até ao fim de junho, devido à evolução da pandemia do covid-19. "Devido à evolução contínua da pandemia da covid-19, a WSL está a adiar ou cancelar todos os eventos, em todos os níveis da competição, até ao fim de junho. A WSL continuará a monitorizar a situação e tomará mais decisões no início de junho", informou o organismo, em comunicado.

A WSL, que tutela as competições profissionais da modalidade, tinha inicialmente adiado as provas que decorriam até final de março e depois suspendido a realização de todas as outras até 31 de maio, prolongando agora esse estado por mais um mês.

O diretor executivo da WSL, Erik Logan, assume que é uma "questão muito aberta" saber onde e quando as competições vão regressar, contudo garante que o organismo vai "continuar a trabalhar" com os governos, autoridades mundiais de saúde e comunidades locais para que essa data possa ser o quanto antes.

O dirigente destacou a inevitabilidade do adiamento do Oi Rio Pro e deixou para o 1 de junho as decisões quanto ao Championship Tour. As etapas portuguesas do Caparica Surf Fest Pro, de 30 de março a 4 de abril, e do Longboard Pro Espinho, de 28 de março a 5 de abril, já tinham sido afetadas pela covid-19.

Erik Logan disse ainda que esta paragem permitiu à WSL preparar o futuro, com alterações para 2021 do Championship Tour, Challenger Series e Qualifying Series.

A partir de 2021, os títulos mundiais de mulheres e homens serão decididos em um único dia de competição no último dia da temporada do Championship Tour, com os melhores surfistas a lutar pelos títulos num novo formato de surf-off, cujo desenho final resultou de uma colaboração entre os surfistas, parceiros e a WSL.

"Quanto mais trabalhamos nessa transformação, mais ficamos empolgados e ficou claro que esta pausa nos permitiu, realmente, ver que agora é a hora de acelerar essas mudanças", congratulou-se.

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