Coronavírus. Autoridades chinesas elevam número de mortos para 425

Desde dezembro já surgiram 19.550 casos em toda a China da doença que levou a Organização Mundial de Saúde a decretar uma emergência mundial.
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O número de mortes provocadas pelo novo coronavírus subiu para 425, depois mais 64 pessoas terem falecido, anunciaram esta segunda-feira as autoridades da província de Hubei.

No seu balanço diário, a comissão de saúde da província onde se situa Wuhan, a cidade onde começou o contágio, afirmou que foram registados 2829 novos casos de infeção no surto de pneumonia provocado pelo novo coronavírus.

Desde dezembro já surgiram 19.550 casos em toda a China da doença que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a decretar uma emergência mundial e que já se espalhou a mais de 20 países.

No avião de transporte C-130 da Força Aérea Portuguesa, que chegou no domingo à noite ao aeroporto militar de Figo Maduro, as pessoas que decidiram sair de Wuhan, foram acompanhadas por oito tripulantes e oito profissionais de saúde, incluindo uma equipa de sanidade internacional.

O Ministério da Saúde disponibilizou instalações onde os portugueses provenientes de Wuhan vão ficar em "isolamento profilático" voluntário, durante 14 dias. Durante esse período, não poderão receber visitas, mesmo que controladas.

Nos primeiros testes realizados pelo Instituto Nacional Ricardo Jorge aos 20 cidadãos repatriados por Portugal, os resultados "foram todos negativos", indicou a Direção-Geral da Saúde, em comunicado enviado às redações esta segunda-feira. O grupo vai permanecer em isolamento profilático.

"Por razões de segurança, para os próprios e para a comunidade, durante os próximos 14 dias, todo o grupo ficará em isolamento profilático. Esta opção fundamenta-se na fase epidérmica em que nos encontramos a nível internacional, fase de contenção, está em linha com o que está a ser realizado por outros países e contou com a aprovação dos nossos concidadãos", salientou a ministra da Saúde, Marta Temido, no domingo, em conferência de imprensa após a chegada do avião.

Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais casos de infeção confirmados em 24 países.

A OMS declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China.

Nova Zelândia proibiu a entrada no país de estrangeiros provenientes da China

A Nova Zelândia proibiu esta segunda-feira a entrada no país, por 14 dias, de estrangeiros de qualquer nacionalidade provenientes da China para impedir a propagação do novo coronavírus.

Até ao momento, nenhum infetado pelo novo coronavírus chinês foi registado na Nova Zelândia.

No domingo, a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, anunciou a medida, que será revista a cada 48 horas, e garantiu que para aqueles que já estão a viajar com destino ao país, as fronteiras estarão fechadas à chegada.

"É de vital importância proteger os neozelandeses do vírus, bem como participar no esforço global para o conter. Somos a porta de entrada para as nações do Pacífico e isso também foi considerado na nossa decisão", sublinhou Ardern sobre a medida, adotada também por outros países, como a Austrália e os Estados Unidos.

A nação insular de Tonga pediu ajuda à Nova Zelândia e à Austrália para retirar cerca de 50 cidadãos que se encontram na cidade chinesa de Wuhan, centro do surto do novo coronavírus.

Apesar da proibição, o diário New Zeland Herald noticiou que os voos procedentes da China continuam a aterrar, embora as autoridades fronteiriças neozelandesas apenas permitam o desembarque de cidadãos do país. Depois do desembarque, estas pessoas são sujeitas a exames médicos.

A Nova Zelândia está ainda a preparar a retirada de perto de 60 neozelandeses retidos em Wuhan e que vão ser colocados em isolamento por duas semanas, em Whangaparaoa, uma pequena península com instalações militares na Ilha Norte.

Por seu lado, à vizinha Austrália, onde já foram confirmados 12 casos da pneumonia viral, devem chegar esta segunda-feira 270 pessoas retiradas de Wuhan e que vão ficar sob quarentena na ilha Christmas, no oceano Índico e a milhares de quilómetros da Austrália.

China reforça pedido urgente de máscaras de proteção e acusa os EUA de "semear o pânico"

A República Popular da China criticou os Estados Unidos pelas restrições à entrada de chineses por causa da epidemia de coronavirus acusando Washington de "semear o pânico".

A administração norte-americana foi quem "primeiro retirou os funcionários consulares de Wuhan, anunciando que ia reduzir o número de pessoas na embaixada e interditando a entrada nos Estados Unidos aos viajantes chineses", disse um porta-voz diplomático de Pequim.

Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China acrescentou que as atitudes dos Estados Unidos "estão a ser um mau exemplo".

A China fez ainda saber, através de Chunying, que necessita com urgência de máscaras e de outro material, como óculos e fatos de proteção, para enfrentar a epidemia do novo coronavírus. Vários países, incluindo França, Reino Unido, Japão e Coreia do Sul, já enviaram material médico à China, indicou a porta-voz Hua Chunying.

As fábricas chinesas têm capacidade para produzir quase 20 milhões de máscaras por dia, de acordo com os dados do ministério chinês da Indústria, mas foi registada uma quebra na produção com o Ano Novo Lunar. Atualmente, as fábricas estão a trabalhar a 60 e 70% da sua capacidade.

Em greve, médicos e enfermeiros de Hong Kong exigem o encerramento da fronteira com a China

Mais de mil médicos e enfermeiros iniciaram esta segunda-feira uma greve em Hong Kong para exigir ao governo local o encerramento da fronteira com a China para conter o novo coronavírus, disse a líder da associação profissional.

A presidente da associação de trabalhadores da autoridade de saúde de Hong Kong, Winnie Yu Wai-ming, disse à Lusa que 70% dos enfermeiros e cerca de 300 médicos dos hospitais públicos aderiram à iniciativa.

A região administração especial chinesa conta perto de 15 mil médicos em hospitais públicos e clínicas privadas.

Se as autoridades não responderem às exigências do pessoal médico, mais seis mil profissionais irão juntar-se à greve na terça-feira, acrescentou a líder do grupo que convocou a iniciativa.

Winnie Yu disse acreditar que a classe tem o apoio da população. "A maioria das pessoas percebe que, se não encerrarmos as fronteiras, surgirão cada vez mais casos", indicou a responsável.

De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisas da Hong Kong Public Opinion Research Institute, uma organização independente, 61% dos inquiridos apoiam a greve e 80% defendem a suspensão da entrada em Hong Kong de residentes da China.

"Temos de agir rapidamente para evitar um surto grave aqui em Hong Kong. Se adiarmos, poderá ser tarde demais," avisou Winnie Yu.

Hong Kong encerra mais fronteiras

Hong Kong já suspendeu as ligações de comboio e de barco com a China, mas a associação de pessoal médico disse temer que isso seja insuficiente.

Entretanto, a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou esta segunda-feira que a cidade fechará quase todas as fronteiras terrestres e marítimas para o continente, a partir da meia-noite, para impedir a disseminação do novo coronavírus da China.

Segundo Carrie Lam, apenas dois postos de controlo de fronteira - a Baía de Shenzhen e a ponte para Macau e Zhuhai - permanecerão abertos a partir da meia-noite, hora local (16:00 desta segunda-feira em Lisboa).

Desta forma, Macau deixa de ter ligações marítimas com Hong Kong.

A chefe do executivo de Hong Kong negou que a medida se devesse à pressão dos médicos e enfermeiros, que ameaçaram fazer uma greve de cinco dias para exigir que o Governo fechasse todas as fronteiras com o continente.

"Não tem absolutamente nada a ver com a greve", garantiu Carrie Lam, explicando tratar-se apenas de uma medida para conter a propagação do vírus.

A responsável pediu também aos moradores de Hong Kong que "se unam" no combate ao surto, que já fez mais de 360 mortos

Registados 15 casos em Hong Kong

A presidente da associação de trabalhadores da autoridade de saúde de Hong Kong, Winnie Yu Wai-ming, sublinhou que um paciente suspeito de ter contraído o coronavírus fugiu do Hospital Príncipe de Gales, na região administrativa especial chinesa.

Por outro lado, Yu disse acreditar que muitos visitantes oriundos da China não têm indicado, ao chegar a Hong Kong, que estiveram na província de Hubei, no centro da China, onde surgiu o novo coronavírus.

"Tendo em conta os números da semana passada, todos acreditamos que Hong Kong irá em breve enfrentar um surto", acrescentou.

Hong Kong tem, atualmente, 15 casos confirmados do novo coronavírus (2019-nCoV).

Winnie Yu defendeu que a cidade não tem um número suficiente de quartos para isolamento de pacientes em caso de surto grave e que muitas das instalações existentes "não reúnem as condições necessárias".

Apesar de a greve não ter um fim definido, a líder do grupo disse esperar que "o Governo escute as recomendações dos profissionais de saúde que todos os dias lidam com a situação no terreno".

Cerca de 80 mil pessoas, incluindo médicos, enfermeiros e pessoal não-médico, trabalham em hospitais no território.

Macau torna obrigatório uso de máscaras nos autocarros e táxis

O Governo de Macau anunciou esta segunda-feira a obrigatoriedade de utilização de máscara nos autocarros e táxis do território, em mais uma medida de prevenção contra o surto do novo coronavírus, que em Macau já infetou oito pessoas.

"Os condutores podem impedir a entrada de pessoas" que estejam sem máscara, afirmou a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, em conferência de imprensa.

A medida entrou em vigor a partir do meio-dia (04:00 em Lisboa), explicou o Governo de Macau.

Na mesma ocasião, as autoridades informaram que mais de 2,9 milhões de máscaras foram vendidas, desde o anúncio do primeiro caso de infeção em Macau, há duas semanas.

A proibição de entrada sem máscara nos autocarros e táxis é mais uma de muitas medidas anunciadas pelas autoridades de Macau que tentam travar a epidemia do novo coronavírus que se verifica no interior da China.

As escolas continuam encerradas, a esmagadora maioria dos funcionários públicos trabalha de casa até esta sexta-feira, uma medida acompanhada por muitas empresas privadas no território.

As autoridades anunciaram, na mesma conferencia de imprensa, que as propinas de fevereiro das escolas foram anuladas.

Também as concessionárias do jogo em Macau garantiram que vão providenciar alojamento aos funcionários que vivem na China, anunciou hoje o Governo de Macau.

As concessionarias responderam assim ao apelo feito no domingo pelo Governo de Macau para que as operadoras dos casinos arranjassem alojamento em Macau aos trabalhadores não residentes que vivem na China, de forma a prevenir a propagação do surto do novo coronavírus.

A China suspendeu, esta semana, a emissão de vistos individuais para fora do país.

Centenas de voos de e para Macau foram cancelados, a maioria com destino e chegada na China continental.

A estas medidas juntam-se os apelos constantes das autoridades de Macau de que a população se mantenha em casa e evite "saídas desnecessárias".

Rússia admite expulsar estrangeiros infetados pelo novo coronavírus

As autoridades russas anunciaram que admitem a expulsão de cidadãos estrangeiros infetados pelo novo vírus. O primeiro-ministro russo Mikhail Mishustin afirmou que "o novo coronavírus foi adicionado à lista de doenças perigosas". "Isto permite-nos proceder à expulsão de estrangeiros infetados e aplicar medidas especiais, como o isolamento e a quarentena", disse o governante, citado pela AFP.

Na Rússia foram registados dois casos de coronavírus em cidadãos chineses, que estão em isolamento. A Rússia já tinha anunciado o encerramento da fronteira com a China e a redução nas ligações entre os dois países.

Está a ser preparada a retirada de 28 cidadãos brasileiros retidos em Wuhan

O Brasil está a preparar a retirada de 28 brasileiros que ficaram retidos em Wuhan, cidade chinesa colocada sob quarentena devido ao novo coronavírus, disse à Lusa fonte da embaixada daquele país na China.

A mesma fonte detalhou que residem, no total, 39 brasileiros na província de Hubei, da qual Wuhan é capital.

Brasília anunciou, no domingo, que decidiu enviar um avião para repatriar os brasileiros que se encontram nas cidades afetadas pela quarentena.

"Serão trazidos todos os brasileiros que se encontram naquela região e que manifestarem desejo de retornar ao Brasil", lê-se no comunicado, difundido em conjunto pelos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa.

A mesma nota divulgou que os brasileiros que forem retirados de Wuhan serão submetidos a quarentena quando chegarem ao Brasil.

Atualizado às 14:15

Com AFP

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