O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou esta quinta-feira que o novo coronavírus com origem na cidade chinesa de Wuhan é um caso de "emergência de saúde pública internacional". Já depois desse anúncio por parte da OMS, as autoridades chinesas deram conta do aumento do número de mortes para 212 desde o início da propagação do vírus.."Por todas estas razões, declaro uma emergência de saúde pública internacional sobre o surto global de (2019-nCoV)", afirmou Tedros Ghebreyesus.."A principal razão para esta declaração não é pelo que está a acontecer na China, mas pelo que está a acontecer noutros países. A nossa maior preocupação é o potencial que o vírus tem de se propagar por países com sistemas de saúde frágeis e que não está preparados para lidar com isso", frisou o diretor-geral da OMS.."Deixe-me ser claro: Esta declaração não é um voto de falta de confiança na China. Pelo contrário, a OMS continua a ter confiança na capacidade da China para controlar a propagação do coronavírus", acrescentou.."Devemos acelerar o desenvolvimento de vacinas, terapias e diagnósticos; combater os rumores e a desinformação; rever os planos de preparação, identificar lacunas e avaliar os recursos necessários para identificar, isolar e cuidar de casos de impedir a transmissão; e partilhar dados, conhecimento e experiência com a OMS e o mundo. A única maneira de derrotar este surto é que todos os países trabalhem juntos num espírito de solidariedade e cooperação. Estamos todos juntos nisto e só podemos parar juntos", rematou Tedros. Adhanom Ghebreyesus.Nos últimos dez anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) só uma vez tinha avançado com um alerta pandémico. Foi com a gripe das aves H1N1, em 2009. Depois disso, avançou apenas com situações de emergência internacional, com o vírus Ébola, logo em 2013, com o ressurgimento da Polio, em 2014, e com o Zika, em 2016..Um alerta de Situação de Emergência Internacional tem como objetivo travar uma situação ainda mais grave, uma situação de pandemia. É isto que as autoridades de saúde internacionais querem travar..Ainda assim, a Organização Mundial de Saúde (OMS) opôs-se à restrição de viagens, apesar de o surto do novo coronavírus na China ser uma emergência de saúde pública internacional. "A OMS não recomenda a restrição de viagens, as trocas comerciais e os movimentos [de pessoas] e opõe-se mesmo a todas as restrições de viagens", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa, na sede da organização, em Genebra, Suíça..Uma emergência de saúde pública internacional supõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial..Para a declarar, a OMS considera três critérios: uma situação extraordinária, de risco de rápida expansão para outros países e de resposta internacional coordenada..A decisão é conhecida após o Comité de Emergência da OMS se ter reunido novamente esta quinta-feira, depois de há uma semana ter considerado prematura a emergência internacional..O surto do coronavírus na China infetou no país 7.736 pessoas e matou 170, de acordo com o mais recente balanço, divulgado esta quinta-feira pela OMS..Outros 82 casos de infeção foram reportados por 18 países da Ásia, Europa, Médio Oriente, América do Norte e Oceânia, sete dos quais assintomáticos..Itália tem dois casos e suspende voos.Esta quinta-feira a Itália suspendeu os voos com origem e destino da China após ter confirmado pela primeira vez a presença de dois casos de coronavírus, anunciou o primeiro-ministro Giuseppe Conte.."Somos o primeiro país da Europa que adota a suspensão dos voos com a China", assegurou Conte depois de confirmar dois casos de turistas chineses contagiados com o novo vírus, "que chegaram em janeiro à Itália", informou..O surto foi detetado em dezembro na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, no centro da China..Portugueses repatriados sexta-feira.Um grupo de 17 portugueses, que se encontram em Wuhan, cidade atualmente isolada e em quarentena, vai ser retirado na sexta-feira, disse esta sexta-feira um deles à agência Lusa..O avião, que vai fazer o repatriamento dos cidadãos portugueses e de outros europeus desde aquela cidade, saiu esta quinta-feira de manhã do aeroporto de Beja..Os portugueses a retirar da China serão rastreados antes de iniciarem a viagem e na chegada ao aeroporto, disse a ministra da Saúde, adiantando que Portugal ainda está a estudar a hipótese de um espaço de confinamento.."Cada um destes cidadãos terá uma consulta com a autoridade [de saúde] à chegada, que terá integrado um médico, que aplicará um inquérito epidemiológico e um inquérito sobre a história clínica recente de forma a garantir que qualquer suspeita é logo identificada e encaminhada adequadamente", avançou Marta Temido, que falou aos jornalistas à margem da apresentação do Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde, que decorreu no Ministério da Saúde..[atualizado às 23.00 com a nova contabilidade do número de mortos provocados pelo vírus]