"Perigo é a forma como se propaga." OMS declara emergência global
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou esta quinta-feira que o novo coronavírus com origem na cidade chinesa de Wuhan é um caso de "emergência de saúde pública internacional". Já depois desse anúncio por parte da OMS, as autoridades chinesas deram conta do aumento do número de mortes para 212 desde o início da propagação do vírus.
"Por todas estas razões, declaro uma emergência de saúde pública internacional sobre o surto global de (2019-nCoV)", afirmou Tedros Ghebreyesus.
"A principal razão para esta declaração não é pelo que está a acontecer na China, mas pelo que está a acontecer noutros países. A nossa maior preocupação é o potencial que o vírus tem de se propagar por países com sistemas de saúde frágeis e que não está preparados para lidar com isso", frisou o diretor-geral da OMS.
"Deixe-me ser claro: Esta declaração não é um voto de falta de confiança na China. Pelo contrário, a OMS continua a ter confiança na capacidade da China para controlar a propagação do coronavírus", acrescentou.
"Devemos acelerar o desenvolvimento de vacinas, terapias e diagnósticos; combater os rumores e a desinformação; rever os planos de preparação, identificar lacunas e avaliar os recursos necessários para identificar, isolar e cuidar de casos de impedir a transmissão; e partilhar dados, conhecimento e experiência com a OMS e o mundo. A única maneira de derrotar este surto é que todos os países trabalhem juntos num espírito de solidariedade e cooperação. Estamos todos juntos nisto e só podemos parar juntos", rematou Tedros. Adhanom Ghebreyesus
Ainda assim, a Organização Mundial de Saúde (OMS) opôs-se à restrição de viagens, apesar de o surto do novo coronavírus na China ser uma emergência de saúde pública internacional. "A OMS não recomenda a restrição de viagens, as trocas comerciais e os movimentos [de pessoas] e opõe-se mesmo a todas as restrições de viagens", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa, na sede da organização, em Genebra, Suíça.
Uma emergência de saúde pública internacional supõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
Para a declarar, a OMS considera três critérios: uma situação extraordinária, de risco de rápida expansão para outros países e de resposta internacional coordenada.
A decisão é conhecida após o Comité de Emergência da OMS se ter reunido novamente esta quinta-feira, depois de há uma semana ter considerado prematura a emergência internacional.
O surto do coronavírus na China infetou no país 7.736 pessoas e matou 170, de acordo com o mais recente balanço, divulgado esta quinta-feira pela OMS.
Outros 82 casos de infeção foram reportados por 18 países da Ásia, Europa, Médio Oriente, América do Norte e Oceânia, sete dos quais assintomáticos.
Esta quinta-feira a Itália suspendeu os voos com origem e destino da China após ter confirmado pela primeira vez a presença de dois casos de coronavírus, anunciou o primeiro-ministro Giuseppe Conte.
"Somos o primeiro país da Europa que adota a suspensão dos voos com a China", assegurou Conte depois de confirmar dois casos de turistas chineses contagiados com o novo vírus, "que chegaram em janeiro à Itália", informou.
O surto foi detetado em dezembro na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, no centro da China.
Um grupo de 17 portugueses, que se encontram em Wuhan, cidade atualmente isolada e em quarentena, vai ser retirado na sexta-feira, disse esta sexta-feira um deles à agência Lusa.
O avião, que vai fazer o repatriamento dos cidadãos portugueses e de outros europeus desde aquela cidade, saiu esta quinta-feira de manhã do aeroporto de Beja.
Os portugueses a retirar da China serão rastreados antes de iniciarem a viagem e na chegada ao aeroporto, disse a ministra da Saúde, adiantando que Portugal ainda está a estudar a hipótese de um espaço de confinamento.
"Cada um destes cidadãos terá uma consulta com a autoridade [de saúde] à chegada, que terá integrado um médico, que aplicará um inquérito epidemiológico e um inquérito sobre a história clínica recente de forma a garantir que qualquer suspeita é logo identificada e encaminhada adequadamente", avançou Marta Temido, que falou aos jornalistas à margem da apresentação do Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde, que decorreu no Ministério da Saúde.
[atualizado às 23.00 com a nova contabilidade do número de mortos provocados pelo vírus]