O Comité Olímpico de Portugal (COP) apresentou esta terça-feira ao primeiro-ministro António Costa as preocupações sobre o impacto da pandemia de covid-19 no desporto e várias medidas de apoio ao setor, segundo um documento a que a Lusa teve acesso.."O cancelamento generalizado das competições desportivas pôs em risco a sustentabilidade de grande parte das organizações que compõem a pirâmide do sistema desportivo nacional. Da base ao topo", assinalou o COP, na mensagem entregue a António Costa, realçando que "é este o momento de o Governo de Portugal confirmar a aposta no desporto como atividade social relevante e merecedora do apoio indispensável"..O COP reconheceu o impacto transversal na sociedade das medidas de contingência face à pandemia provocada pelo novo coronavírus, realçando que neste "período conturbado, o universo desportivo, nas organizações e agentes que o compõem, está a sofrer um forte impacto numa das mais relevantes, se não a única, fonte de receita: as competições desportivas e tudo o que estas envolvem".."Contudo, ainda que urja a retoma da atividade das organizações desportivas, a mesma não poderá ser feita sem que se encontre o importante equilíbrio entre esse regresso e a segurança que o mesmo tem de garantir a atletas, demais agentes desportivos e ao público em geral", defendeu o organismo liderado por José Manuel Constantino..O COP sugeriu que, para a retoma das atividades desportivas em segurança, seja criada "uma unidade de acompanhamento com representantes do universo desportivo, municípios e autoridades governamentais na área da saúde e do desporto", tendo em conta a apresentação de "soluções transversais, sem deixar de atender às especificidades de cada modalidade desportiva"..As outras preocupações elencadas pelo organismo olímpico passam pela garantia de sustentabilidade ao modelo desportivo, dado que o "tecido associativo desportivo dispõe de um horizonte temporal muito limitado para sustentar a sua atividade através de reservas de tesouraria e sem receitas", e a mobilização das entidades governamentais..Nesse sentido, o COP apelou a que seja permitido aos agentes desportivos o "acesso aos diferentes programas de apoio disponíveis e a disponibilizar" para fazer face à quebra de receitas, que colocou em risco milhares de postos de trabalho, e a adequação dos contratos-programa com o Estado, uma vez que "uma parte significativa da despesa coberta pelos diferentes contratos-programa não será aplicada"..O COP instou ainda o Governo a criar um programa de apoios ou incentivos específico para o desporto, considerando "imprescindível" que as organizações desportivas possam beneficiar das medidas criadas para outras áreas, como empréstimos e linhas de crédito bonificado apoiadas pelo Estado, reestruturação de empréstimos bancários, extensão de prazos de pagamentos fiscais e encargos sociais..Entre outras propostas está a "criação de um Fundo Especial de Apoio ao Desporto, alterando a distribuição das receitas dos jogos sociais e apostas desportivas", a "suspensão temporária dos limites de donativos ao associativismo", no âmbito da lei do mecenato, e a redução, "num período transitório, dos encargos com o policiamento de competições desportivas"..O COP recordou ainda que, apesar de a União Europeia estar a mobilizar 38 mil milhões de euros para responder à pandemia, o movimento desportivo pode não ser elegível, uma vez que é maioritariamente composto por associações, elencando as prioridades apresentadas às instâncias europeias pelos Comités Olímpicos Europeus (EOC)..Entre estas, destacam-se a proteção do emprego, o estímulo à inovação, a disponibilização de empréstimos, a criação de formas de financiamento, entre outras..António Costa reuniu esta terça-feira com os presidentes do COP, José Manuel Constantino, do Comité Paralímpico de Portugal, José Manuel Lourenço, e da Confederação do Desporto de Portugal, Carlos Paula Cardoso, para analisar o regresso gradual à atividade desportiva.