Chefe da Armada pressiona governo com nova nomeação

Depois de ter visto recusado o primeiro nome pelo Ministro da Defesa, Mendes Calado insiste e vai propor o contra-almirante Nobre de Sousa para o cargo de Comandante Naval, o mais importante posto operacional da Marinha
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O Chefe de Estado-Maior da Armada, almirante Mendes Calado, quer nomear o ex-vice-chefe de Estado-Maior do Comando Conjunto de Operações Militares (CCOM) do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), contra-almirante Nobre de Sousa, para o cargo de Comandante Naval, o mais importante posto operacional da Marinha.

A proposta de nomeação foi esta quinta-feira levada ao Conselho de Almirantado, que reúne os oficiais-generais de topo da Marinha e, apesar de ter sido alvo de alguma contestação, foi aprovada. No entanto, esta iniciativa não deixou de causar estranheza em alguns setores da Defesa e da própria Armada.

Nos primeiros, porque ainda em setembro passado, Mendes Calado tinha visto chumbado pelo Ministro João Gomes Cravinho outro nome que tinha proposto para o cargo, o seu chefe de gabinete, o contra-almirante Oliveira Silva. Por outro lado, fontes da Defesa ouvidas pelo DN não entendem esta iniciativa nesta altura.

Como foi já noticiado, o CEMA está informado que está a prazo no cargo e que será substituído pelo vice-almirante Gouveia e Melo, que só não assumiu o posto no topo da hierarquia no início do ano porque foi destacado para coordenar a task force da vacinação contra a covid-19.

"Esta insistência só pode ser entendida como uma tentativa de pressão sobre o governo, fazendo aproveitamento do conflito que ocorreu entre o Ministro Cravinho e o Presidente da República, quando foi anunciada há cerca de um mês a exoneração de Mendes Calado e travada por Marcelo", assinala fonte da Defesa.

Esta nomeação terá também de ter o aval de João Cravinho o que dificilmente acontecerá. A acontecer significaria que, caso venha a tomar posse, Gouveia Melo teria como comandante naval não só alguém que não escolheu, mas especificamente um oficial que, de acordo com fontes da Marinha, é um dos que se tem oposto à promoção do vice-almirante para CEMA.

O DN perguntou ao Gabinete de Mendes Calado porque propôs esta nomeação nesta altura, sabendo que está a prazo no cargo, mas não recebeu ainda resposta.

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