Após críticas de Marcelo, DGS diz que já enviou parecer da Festa do Avante!

Direção-Geral da Saúde anunciou o envio, neste domingo, do documento orientador para a realização do Avante! à entidade organizadora do evento, sem revelar, no entanto, o conteúdo do mesmo.
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Depois de "várias reuniões" entre a Direção-Geral da Saúde (DGS) e os promotores da Festa do Avante!, a autoridade da saúde enviou neste domingo um parecer técnico sobre os cuidados considerados necessários para a festa se realizar, informou a autoridade de saúde em comunicado enviado às redações.

"A versão final [do documento] foi hoje entregue à organização, tal como estava previamente previsto", sublinha o serviço central de saúde, horas depois do Presidente da República ter vindo criticar a ausência​ do parecer cinco dias antes do evento.

No comunicado, a DGS diz que as orientações enviadas ao partido comunista condensam "toda a informação" necessária, sem adiantar, no entanto, nada sobre o conteúdo do documento. A decisão de partilhar a informação é remetida para a entidade organizadora do evento, caso esta assim o entenda.

"Importa destacar que este é um evento com múltiplos espaços e a que se aplicam regras de áreas de restauração, eventos culturais e circulação de pessoas. Na realização de eventos é necessário que estejam assegurados todos os aspetos que permitam salvaguardar não só a saúde dos participantes mas também da comunidade, como um todo, uma vez que, epidemiologicamente, cada evento comporta riscos", continua a DGS.

Devido à pandemia de covid-19, a 44.ª edição da Festa do Avante!, que se realiza de 4 a 6 de setembro, conta neste ano com um terço da lotação (33 mil pessoas).

"Não há conhecimento atempado, não há clareza"

Horas antes do comunicado da DGS, o Presidente da República dizia, aos jornalistas, em Monchique: "Estamos a cinco dias da realização [da Festa do Avante!] e não se conhece a posição das autoridades sanitárias sobre as regras que entendem que devem presidir à realização. Isto é, não há conhecimento atempado, não há clareza, e não se pode saber se há respeito pelo princípio da igualdade."

E prosseguiu: "Isto não é bom para o organizador também, que não conhece as regras, e não é bom para a credibilidade. Estamos no meio de uma pandemia, os números têm subido nos últimos dias e mais do que nunca é importante que se saibam as regras com clareza. E a cinco dias do evento não se sabe quais são as regras. Isso preocupa-me."

O Presidente da República recordou que em 26 de maio, quando promulgou a lei sobre festas e festivais, alertou para três pontos importantes: "Primeiro, quando as autoridades sanitárias interviessem, interviessem com clareza, a segunda era [que fosse] de forma atempada para as pessoas com tempo conhecerem as regras do jogo, e a terceira, respeitando o princípio da igualdade, tratar igualmente situações iguais."

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou ainda que a pandemia de covid-19 tem conhecido altos e baixos, e com os valores a subirem "um bocado, estando ainda numa linha que não é de rutura, mas têm subido". "Mais do que noutras ocasiões, impunha-se que se soubesse com antecedência as regras do jogo e não se sabe", destacou.

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