Adriano Maranhão aterra em Portugal

Regressou esta terça-feira a casa o português infetado e recuperado a bordo do cruzeiro japonês Diamond Princess. À espera no aeroporto estavam a mulher, Emanuelle Maranhão, o presidente da Câmara da Nazaré, Walter Chicharro, e os Secretários de Estado das Comunidades e da Saúde.
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Com a chegada prevista para o meio-dia, Adriano Maranhão já se encontra em solo português. O canalizador português que recuperou do Covid-19, vírus que contraiu a bordo do navio cruzeiro Diamond Princess.

Sente-se feliz e contente por ter regressado o mais rápido possível. Recorda que não foi fácil e que não se sentiu à vontade nos dias em que esteve fechado no quarto, tendo-se sentido um pouco impotente. "Os próprios médicos podiam ter acompanhado mais a situação e não acompanharam"

Após 4 dias fechado no seu quarto mo cruzeiro, Adriano foi transferido para um hospital universitário acabado de construir, no Japão, onde recuperou da doença. Foi submetido a mais dois testes que finalmente deram resultado negativo. Durante a última semana esteve num hotel até conseguir viajar de volta para Portugal.

Nos primeiros dias só foi permitida a entrada no navio de médicos e enfermeiros, ao que colocaram os passageiros de quarentena durante 14 dias. O agora recuperado tripulante esclarece que não lhe foi administrado tratamento para a doença, tendo apenas tomado dois comprimidos paracetamol para controlar uma subida da febre para o valor de 37,7ºC. Foram receitados pelo posto médico do navio quando o resultado ao teste para coronavírus se revelou positivo. A bordo do navio estavam 700 infetados.

Para Portugal, Adriano Maranhão trouxe o certificado dos testes, incluindo o primeiro positivo feito a bordo do navio. Para além deste, realizou ainda mais dois testes, cujo resultado foi negativo, enquanto estava a ser mantido em observação já no Hospital na cidade de Okosaki, a 300 km do navio. No hospital não fez tratamento, apenas foi submetido a observação.

Quando recebeu o resultado do primeiro teste, feito no navio, Adriano contou aos jornalistas que "os médicos japoneses só informaram que tinha de contactar a embaixada em Tóquio porque o navio não se responsabilizava por mais nada".

Questionado pela razão da diferença de resultados nos 3 testes a que foi submetido, o português referiu que a grande possibilidade é que já tivesse contraído o vírus há mais tempo e que este já tenha sido detetado pelas autoridades de saúde japonesas quando já estava em remissão. No entanto, os "médicos japoneses não descartam a possibilidade de ter sido um falso positivo."

Quanto ao outro português infetado a bordo do Diamond Princess, Adriano refere que não tem detalhes sobre o seu estado de saúde, uma vez que este pediu total privacidade quanto ao seu caso. A empresa ofereceu aos dois um período pago de 2 meses para refletirem sobre a hipótese de continuarem a trabalhar.

Adriano relembra ainda que uma pessoa que foi infetada não fica imune ao vírus, podendo voltar a contrair a doença.

"Estes 2 meses demoraram muito tempo a passar" confessou Emanuelle Maranhão, a mulher do português que fez de tudo para acelerar o processo de assistência ao marido. No entanto, reconheceu que tudo o que aconteceu não foi da responsabilidade da empresa, não lhes apontando falhas durante todo o processo. "A empresa na altura não fazia conta de ter um problema desta dimensão. Há protocolos a seguir o que torna difícil retornar estas pessoas a casa. (...) Não teve a ver com uma falha ou má intenção, ninguém estava à espera disto.", disse, acrescentando que não sentiu abandono quanto ao caso.

A acompanhar a chegada de Adriano estavam ainda Walter Chicharro, Presidente da Câmara da Nazaré, que não deixa de reconhecer o grande esforço tanto da parte de Emanuelle como do Governo para ajudar o português. "Hoje e um dia feliz e estamos aqui para felicitar quer o Adriano, quer a sua família pelo regresso.".

Também no aeroporto estavam Berta Nunes, Secretária de Estado das Comunidades, e António Sales, secretário de estado da saúde. Berta Nunes confirma que há mais casos de portugueses que estão a bordo de cruzeiros por todo o mundo, nomeadamente o que se encontra atracado na costa de São Francisco, que conta com cerca de 10 portugueses na sua tripulação. Este é o caso mais preocupante uma vez que conta com casos positivos, o que não se verifica nos restantes navios. A secretária relembra ainda que todos os eventuais casos positivos terão de ser assistidos nos países de contração da doença, sendo que só após garantia da recuperação é que os nacionais podem regressar a solo português. No entanto, ainda não foram registados em Portugal, pedidos vindos das famílias dos tripulantes a bordo destes navios.

António Sales considerou ainda que a "situação de Adriano é uma mensagem de confiança para todos os portugueses".

Sobre o infetado em caso mais critico, o secretário de estado afirma que está melhor e que nem sequer vai fazer a medicação inicialmente pensada.

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